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— Não entendo porque convidou a Sarah. — Thaís reclamou em bom alto tom.

Juliette evitou suspirar. Não queria drama. Não nesta noite. Estava no seu espaço que era lindíssimo. Tinha sido um trabalho árduo para deixa-lo daquela forma. O espaço era todo em preto e branco, um ambiente elegante e bem moderno. Foram três meses de entrega total, e também de muito estresse, mas finalmente tinha realizado o seu sonho. Conseguiu a sua própria clínica de designer. Não podia estar menos orgulhosa de si.

Todo esse trabalho serviu para uma coisa: Esquecer-se de suas amarguras e camuflar a dor que latejava em seu peito. Sempre a sufocava, dizia a si mesma que não deveria mais sofrer por amor. Por tanto, estava seguindo em frente como se nada tivesse acontecido. Deixou o passado para trás, e estava vivendo o seu presente. Nem com o futuro estava preocupada. A única preocupação era sobre o seu trabalho, esperava ter boas clientes para que pudesse sustentar a sua filha.

Trabalho e Stell eram o seu foco. Evitava todo o custo pensar na Sarah... A menção do nome dela sempre lhe causava arrepios. Não arrepios ruins. Mas aqueles arrepios devoradores de alma que lhe fazia tremer dos pés a cabeça e no fundo sentir uma sensação tão prazerosa que ficava ansiando por mais. E isso era lastimável para uma pessoa que queria tanto esquecer a sua ex. Não gostava de pensar em Sarah, porque sempre se lembrava dos bons momentos que passaram juntas, depois via o amargo da decepção ao se recordar o que se tornaram hoje.

Nesses três meses, tinha tido muito pouco contato com a Sarah. Sempre que se falavam era por causa da Stella. Mas escutar aquela voz rouca fazia uma parte de si se derreter como manteiga na assadeira. Achava que nunca iria superar a Sarah. Ela sempre seria o seu grande amor, mas não iria deixar de viver por isso. Muitas pessoas viviam sem o seu grande amor, e era feliz com outras pessoas.

Foi nesse pensamento que desencadeou um relacionamento com a Thaís. Estavam namorando há quase dois meses. Juliette não soube muito bem quando isso começou... Ah, sabia... Foi uma tarde de chuva, estava no seu espaço ainda em reforça com uma garrafa de vinho e morrendo de carência. Stella estava com a Sarah. E estava controlando o máximo para não ir atrás da loira. O seu corpo estava em chamas, gritando por Sarah. Entre um gole e outro de vinho, a sua vontade aumentava cada vez mais. Por sorte, a Thaís surgiu... E o beijo aconteceu, no minuto seguinte estava em um relacionamento sério, o que trouxe a morena para realidade. A irracionalidade foi embora deixando apenas a razão.

Desde então, Juliette nunca mais bebeu vinho. Evitava o álcool porque depois do primeiro gole, tornava-se muito ansiosa pela atenção da Sarah, e isso a deixava bem aflita. Não podia ter nada com a loira. Não a tinha perdoado ainda, e sempre que a via com aquela barriga um pouco saliente, sabia que iria demorar muito para perdoar.

Era impossível não olhar para a barriga de Sarah e não sentir aquela mágoa latente. Parecia que a gravidez gritava para si “Estou aqui e sou o fruto da traição”. Sabia que a criança não tinha culpa de nada. Não adiantava ter raiva de um ser inocente, por tanto, toda a sua frustração era direcionada para a Sarah.

A tinha visto poucas vezes, como o seu espaço ficava apenas uns metros de distância, sempre esbarrava com Sarah em restaurantes, era bem difícil ficar imune à presença da loira, porém, sempre estava acompanhada da Thaís e fazia um esforço descomunal para não olhar na direção da loira. Mas era impossível controlar a boca seca, o coração na boca e o frio na barriga.

Era inegável: Ainda era apaixonada por Sarah. Ainda sentia muita falta dela.

Por tanto, estava dando uma chance á si mesma de ser feliz novamente. Por isso que continuava embarcando no relacionamento com a Thaís... Ela era uma mulher atraente, com ótimo senso de humor e lhe amava.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora