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A garrafa de tequila estava pela metade.

As duas estavam bêbadas, porém, Sarah estava pior das duas. Elas riram á toa. O ambiente estava moderado com muitas pessoas bonitas, principalmente mulheres. Carla paquerou algumas, apenas por paquerar. Não podia perder a prática, gostava de fazer isso pra passar o tempo quando não estava com a sua namorada, Scarlett.

— Eu não quero mais saber de nenhuma mulher. — Sarah disse com a voz embolada, movimentou a mão em forma de corte. — Vou mudar meu foco para homens. — Olhou em volta para os rapazes presentes.

Carla fez uma careta. Encheu mais dois shots. Foi uma ideia muito sábia de não vir de carro, provavelmente, não teriam condições de retornar para casa.

— Você é lésbica. — Carla quase gritou para Sarah. — Lés-bi-ca! Isso soa estranho até mesmo para uma bêbada.

— Sou uma lésbica em recuperação. Minha clínica de reabilitação será os corpos dos homens. — Sarah disse decidida, pegou o seu shot e virou em uma golada. Fez uma careta e bateu o copo na mesa.

— Homens tem pênis. — Carla informou com óbvio. Estava achando uma loucura isso da sua irmã, era cômico e estúpido.

— E daí? Eu sei lidar muito bem com um pênis. — Sarah deu de ombros. Encheu o seu shot, derramou um pouco de tequila, o que a fez rir atoa. O mundo estava engraçado em sua visão. — Vou mergulhar num pênis! — Gritou a última palavra e ergueu o shot em um brinde.

Algumas pessoas olharam, mas depois descartaram as duas bêbadas em questão. Carla torceu o nariz e bebeu a sua tequila, balançando a cabeça em negativo.

— Você vive num mundo tão lindo, tão colorido, tão gostoso. Pra que mudar? Você nunca encontrará num homem, o que encontra nas curvas de uma mulher.

Sarah revirou os olhos. Caçou em sua bolsa a carteira dos cigarros. Ali, era permitido fumar. Pegou um cigarro e ofereceu para sua irmã. Carla estranhou, mas aceitou o cigarro.

— Desde quando está fumando?

— Desde quando a minha esposa me deu um enorme chute na bunda e sumiu nesse mundo. — Sarah disse com amargura, acendeu o seu cigarro e deu um trago.

— Ela volta... — Carla disse.

Sarah riu.

— E quem se importa? — Sarah soltou a fumaça pelo nariz. — Não quero mais saber dela, e de nenhuma mulher. Não tenho sorte com perereca, vou brincar com anaconda. — Levantou-se. — Me dá uma moeda. Hora de a vitrola tocar.

Carla deu algumas moedas para sua irmã. Sarah foi cambaleando até a vitrola. Minutos depois, Carla se arrependeu de ter dado as moedas a sua irmã. Bebeu dois shots seguidos, era pressão demais...

Um tempo depois... O pensamento de Carla sobre Sarah era: “Tá passando vergonha, viado”. Sua irmã tinha voltado para mesa, apenas para pegar a garrafa de tequila, voltou pra vitrola e escolheu Tayrone Cigano para tocar.

Sarah estava tão bêbada que dançava agarrada com a garrafa de tequila e ainda gritava a música.
 
— POR DEUS EU TE AMO. POR DEUS EU TE CHAMO. POR DEUS EU TE QUERO, É VOCÊ QUE EU QUERO. — Sarah ainda tinha capacidade de chorar, parava de cantar para dar uns goles de tequila, depois voltava a cantar novamente. — ATÉ QUANDO VOCÊ... VAI ME FAZER SOFREEEEEER? VAI ME FAZER CHORAAAAAR? VAI ME FAZER CHORAAAAAR? TINHA QUE SER AGORA?

Trágico. Muito trágico. Mas Carla ria e filmava a vergonha de sua irmã. Depois mandaria para a família pelo whatsapp e até mesmo mostraria a Sarah no outro dia, porque não bastaria ficar com ressaca da bebida, tinha que ter ressaca moral também.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora