Olívia acordou com duas leves batidas na porta, mantendo os olhos fechados na esperança de que a pessoa se retirasse, mas as batidas persistiram. Parecia que havia acabado de se deitar para dormir.
— Com licença, doutora. Desculpe incomodar. Chegou uma paciente no trauma, estão chamando a senhora. — O jovem interno anunciou com a cabeça à porta entreaberta.
— Bom dia para você também. — Olívia abriu os olhos e se ergueu na cama. — Fale.
— Mulher, vinte e seis anos, sete meses de gestação, acidente de carro, queixando-se de dor abdominal intensa. Fizemos uma ultrassonografia rápida na emergência e há um leve sangramento abdominal. — O interno leu as informações em seu tablet.
— Como está o bebê? — A médica levantou-se, pegando seu jaleco branco pendurado.
— Até o momento da ultrassonografia, está bem. O coração está batendo normalmente, sem alterações.
— Ótimo. Em dez minutos, estarei lá para examiná-la pessoalmente. — Ela disse, e o rapaz saiu, fechando a porta.
Olívia nunca almejou ter filhos; eles consomem muito tempo e exigem muito. Mulheres frequentemente se veem forçadas a escolher entre ser mãe ou ter uma carreira de sucesso. Seu trabalho sempre esteve em primeiro lugar, tornando a maternidade uma opção distante. Contudo, trazer crianças ao mundo, operar fetos no útero para assegurar nascimentos saudáveis e testemunhar a alegria de uma mãe ao segurar seu filho recém-nascido era uma das experiências mais gratificantes para Olívia. Esse era o motivo principal de sua especialização em obstetrícia e cirurgia fetal. Além disso, era ginecologista de renome. Ela era uma das melhores em sua área.
— Parabéns, mamãe. Seu filho está muito saudável. — Olívia disse, erguendo o recém-nascido em seus braços. As enfermeiras trouxeram uma tesoura, e a doutora cortou o cordão umbilical rapidamente.
A mãe chorava emocionada ao ver seu filho pela primeira vez, mesmo que por apenas um minuto. As enfermeiras logo levaram o bebê para realizar os procedimentos padrão.
Olívia tentava não se apegar às pacientes, muito menos às suas famílias, que frequentemente faziam exigências aos médicos e buscavam promessas de que tudo ficaria bem, algo que não poderia ser garantido. Felizmente, Olívia nunca cometeu esse erro. Desde seus dias como interna, ela nunca prometeu um final feliz. Mesmo nos procedimentos mais simples, ela discutia todos os riscos. Com alguns pacientes, era praticamente impossível não nutrir algum sentimento. De vez em quando, Olívia cuidava de pessoas com histórias e personalidades que tornavam tudo mais complicado. Apesar de parecer fria, ela se importava profundamente.
— Vai para casa hoje? — Perguntou um colega médico.
— Sim, daqui a exatamente... — Ela verificou o relógio em seu pulso. — Quatro horas.
— Henry deve estar muito feliz. — O homem de jaleco riu.
— Sim, sentimos falta um do outro quando estou aqui, mas ele entende perfeitamente. Não temos problemas, mesmo se eu precisar estender o plantão ou voltar mais cedo. — Olívia respondeu.
— Que bom, então. Eu não consigo manter um relacionamento com ninguém. As mulheres nunca entendem, e eu sempre acabo arranjando algumas pelo trabalho. — Ele riu alto, como se tivesse contado uma piada.
— Sinto muito por isso, Alex. Tenho que ir agora. Vou fazer algumas rondas antes de ir embora. — Olívia cortou o assunto e saiu.
Alex era seu colega de profissão há dois anos e sempre começava conversas com assuntos desconfortáveis ou impróprios. Olivia respondia por educação, mas sempre o interrompia antes que ele achasse que eram íntimos. Um dia conheceu o marido de Olivia, Henry, quando ele a deixou no hospital, e desde então, Alex frequentemente questionava como eles conseguiam manter o relacionamento. Olivia ficava incomodada com isso; afinal, não era porque Alex não conseguia ser feliz com ninguém que ela não seria feliz com seu marido.
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Acasos do Destino (romance lésbico)
FanfictionJá imaginou se apaixonar pela mulher do cara de quem você está grávida? Por um descuido, Nicole se vê grávida de um completo estranho, e fica perdida, no meio do seu caos, descobrindo a gravidez e tentando aceitá-la, ela conhece e se torna grande a...