XI

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Olivia estacionou o carro diante do edifício de Nicole e, apressadamente, dirigiu-se ao apartamento da jovem.

Nicole mal teve tempo de abrir a porta quando a médica entrou impetuosa.

— Oi pra você também.

— É do Henry? — Olivia andava de um lado para o outro impacientemente.

— Hein? — Perguntou sem entender nada.

— É do meu marido? — Elevou a voz, fazendo Nicole se encolher. — Seu filho... é do meu marido? — Passava a mão na cabeça constantemente, sem cessar seu inquieto andar.

— Ele te disse isso? — Nicole falava baixo, quase inaudível, como se fosse uma criminosa pega em flagrante.

— Não, eu o acusei, mas ele negou. — Respirou fundo. — Como pôde ter se tornado minha amiga durante todos esses meses e não me contou que estava grávida do maldito do meu marido? — Continuava com o tom elevado.

— Eu tentei, mas não consegui. Não podia estragar sua vida perfeita.

— Perfeita? Eu estou transando com um homem que se transa com sabe-se lá quantas mulheres desconhecidas... — Respirou fundo mais uma vez, passando a mão pelo rosto. — Você sequer se importa comigo? Essa aproximação foi alguma forma de vingança?

— NÃO. — Nicole se aproximou. — Eu a conheci por acaso, eu não fazia ideia de que ele era seu marido, até aquele dia na clínica. Eu tentei contato com ele, avisei que estava grávida, e ele me ofereceu dinheiro para abortar, além de dizer coisas horríveis. — Olhava nos olhos da médica. — Eu vi a vida aparentemente perfeita de vocês e não quis me envolver nisso. Nos tornamos amigas por acaso, e ele me ameaçou para que me afastasse, mas depois o incidente com minha mãe nos aproximou mais ainda. E então percebi que não poderia te contar, pois perderia sua amizade.

— E assim você me deixou continuar sendo traída e enganada, que grande amiga. — Riu debochadamente.

— Me desculpa.

— Preciso que me conte. — Olivia Sentou-se no sofá.

— Te contar? — Nicole ergueu as sobrancelhas.

— Sim, como aconteceu.

— Não, não precisa saber.

— Acho que você me deve muito, não? Preciso que me conte. — Insistiu.

— Nos conhecemos em um bar, ele me abordou e tentou algo, eu recusei. Ele me ofereceu dinheiro, muito dinheiro, e eu acabei aceitando. — Nicole contava de cabeça baixa, seu rosto estava vermelho, era uma vergonha imensa. — Eu não sabia que ele era casado, em momento algum ele disse isso.

— Filho da puta. — Pegou o celular e começou a fazer uma ligação. — Você vai pegar todas as suas coisas e vai desaparecer do meu apartamento. Você tem até amanhã de manhã. Os papéis do divórcio serão entregues por meio dos meus advogados. — Desligou.

Nicole ficou em silêncio, observando a médica agitada à sua frente, cujas ações e olhar mostravam que ela estava nervosa e magoada, apesar da raiva evidente em sua voz. Ela fez outra ligação, dessa vez parecia ser para o seu advogado, pediu entrada nos papéis do divórcio e que eles tratassem com Henry, que ela queria o apartamento e o carro e explicou da infidelidade do marido.

— Eu vou pro hospital, se tiver alguma notícia da sua mãe, eu te ligo pra avisar.

Antes que Nicole pudesse responder, Oliva saiu pela porta e desapareceu no corredor. A mulher era um furacão, Nicole não sabia se estava tudo bem entre elas ou se estava tudo muito mal, Olivia tinha tanta raiva em sua voz, mas suas atitudes e seu olhar mostraram que ela estava nervosa e magoada.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora