XXIX

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OLIVIA

Cheguei no hospital as 10h, estava atrasada? com certeza. Fui direto trocar de roupa para começar meu trabalho.

Hoje eu tinha uma paciente de dezesseis anos, tudo indicava que seu parto seria hoje. Ela já havia vindo em algumas consultas comigo, sua gravidez era saudável. Engravidou do ex namorado ainda na escola, e os pais resolveram se mudar para bem longe. Eles contavam essa história pra todo mundo que podia. E eu percebia o quão constrangida a menina ficava.

— Bom dia. — Falei ao entrar no quarto.

— Bom dia.  — A menina respondeu educadamente.

Estava deitada na cama do hospital, já com acesso, soro... Seus pais estavam ao seu lado.

— Como está se sentindo? — Perguntei já puxando os exames dela no iPad, precisava conferir alguns resultados.

— Ela está ótima. — A mãe respondeu. 

Olhei em direção a mesma e então para a menina, que se manteve calada.

— Alguma cólica?

— Não, nenhuma. — A mãe respondeu novamente.

— A senhora está grávida? — Perguntei me direcionando a ela.

— Como é que é? — Me encarou séria.

— Eu preciso que a paciente responda as perguntas. — Fui direta.

— Mas eu sei tudo o que ela está sentindo.

— É isso aí mesmo que minha mãe falou. — A menina respondeu.

Respirei o mais fundo que meus pulmões aguentavam.

— Eu volto daqui a pouco. — Sai do quarto.

Nada me tirava mais do sério do que pais autoritários, que não deixam seus filhos falarem, se expressarem, são tanto assim que o filhos nem sabe mais falar por si próprio.

Meu celular começou a vibrar no bolso do jaleco, puxei o mesmo e olhei a tela. "Mãe"

Por falar em pais autoritários...

Recusei a ligação e guardei o celular novamente.

Fiz a visita as minhas pacientes do dia anterior, consegui dar alta a todas. Depois do almoço voltei para a menina de dezesseis anos.

— Olivia. — Alice me chamou antes que eu pudesse entrar no quarto. Me aproximei dela. — Os pais dela fizeram uma reclamação contra você, disseram que você não está sendo profissional.

Revirei os olhos.

— Eles deviam deixar a filha falar por si própria. — Respondi.

— Não estou te questionado, só pra você não ser pega de surpresa.

Agradeci e entrei no quarto, pra minha surpresa, a menina estava sozinha.

— Olá. — Me aproximei dela. — Tudo continua bem? Nenhuma dor?

— Tudo bem, nenhuma dor. — Respondeu. — Meus pais foram almoçar. — Falou

— Ok. — Peguei o estetoscópio, posicionei o diafragma do mesmo no peito dela, auscultando seu coração. — Batimentos cardíacos normais. — Pode levantar o avental por favor? — Pedi.

Ela assentiu e levantou o mesmo, revelando a grande barriga de 9 meses de gravidez. Com as palmas das mãos fui apalpando levemente a barriga. Ela contraiu o corpo e deu um leve gemido. Olhei pra ela na mesma hora.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora