XXIV

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A partir desse capítulo, a narração será em primeira pessoa, a troca de narrador será indicada no início do capítulo pelo nome do personagem em negrito e maiúsculo.

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NICOLE

As primeiras gotas de chuva começaram a cair poucos minutos antes de nossa partida do hotel. Embora a chuva fosse suave, minha ansiedade já havia me deixado encharcada. Olivia dirigia o carro com determinação, seus olhos fixos na estrada, e o silêncio entre nós era quase ensurdecedor. Eu também estava em silêncio, dominada por uma mistura de medo e raiva. Henry havia ferido meu filho, ou permitido que ele se ferisse, e isso era inaceitável para mim. Decidi que ele nunca mais ficaria com meu filho.

— Vai ficar tudo bem. — Disse Olivia, colocando a mão em minha coxa e fazendo um carinho suave. — Estamos quase lá.

Eu apenas assenti, incapaz de articular palavras. Meus pensamentos estavam em tumulto, e eu não sabia como meu filho estava ou o que esperar. Sentia meu estômago revirar com a incerteza.

Assim que chegamos ao estacionamento do hospital, saí apressadamente do carro e entrei na recepção.

— Onde está meu filho? — Perguntei à recepcionista, minha voz saindo mais alta e ríspida do que eu pretendia.

— Desculpe, senhora. Qual é o nome e a idade do seu filho? Ele deu entrada hoje?"

Respirei fundo, sentindo uma crescente frustração.

— Vem comigo — Disse Olivia, segurando meu braço para me acalmar. Sua voz era calma e serena, o que só me irritava mais. Como ela conseguia?

Acompanhei-a pelos corredores do hospital, enquanto o cheiro característico de hospital invadia minhas narinas. Não eram memórias agradáveis. Finalmente, paramos diante de uma porta branca coberta com adesivos de personagens infantis. Um deles tinha a palavra "pediatria" no topo.

Olivia abriu a porta, e entramos em um amplo corredor. Não foi difícil localizar Brian, pois seu choro alto era audível assim que entramos. Um arrepio percorreu meu corpo quando o vi. Ele estava nos braços de Henry, chorando intensamente, com o rosto vermelho e envolto em uma toalha de banho ensanguentada. Henry e outro homem vestido com um jaleco branco ficaram surpresos ao me ver entrando na sala. O homem segurava uma seringa, aparentemente tentando aplicá-la em Brian, que se contorcia no colo de Henry.

— Senhora, não pode estar aqui. — disse o homem.

— Me dá meu filho. — Gritei com Henry, sem dar a ele a chance de responder. Arranquei Brian de seus braços e o peguei com a toalha e tudo, notando que a roupa de Henry também estava manchada de sangue. Aquilo era o sangue do meu filho?

— Dra. Olivia. — Disse o homem quando a viu entrando na sala, afastando-se imediatamente.

— O que está fazendo? — Ela perguntou, se aproximando dele.

— Tentando administrar um medicamento para dor. O menino caiu em cima de uma mesa de vidro e está com vários cortes pelo corpo. — Respondeu o homem.

— Não há um pediatra disponível? Um pediatra seria mais adequado para lidar com essa situação. — Olivia questionou.

— Não, senhora. Os pediatras só chegam após as duas da tarde. — Informou o homem.

Olivia abriu sua bolsa e vestiu um jaleco branco idêntico ao do homem.

— Eu vou cuidar disso. — Declarou ela, e o homem assentiu antes de sair da sala.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora