XXVII

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OLIVIA

Fomos acordadas pelo barulho da campainha, me espantei ao ver que ainda era tão cedo, nem eu acordava esse horário para ir trabalhar, como alguém poderia estar me acordando esse horário.

Peguei minha roupa que estava jogada pelo chão e me vesti rapidamente, sai do quarto e fui até a sala, vi Nicole pegando Brian do berço, esperei até que ela voltasse para o quarto com ele, destranquei a porta e abri. Para minha surpresa e infelicidade, Henry estava parado do outro lado. Ele sabia o quanto eu detestava ser acordada.

— O que você quer? — Disse num tom baixo, eu tenho vizinhos, e são 6:50 da manhã.

— Liv, eu não consigo viver sem você. — Fez uma pausa. — Sinto tanto sua falta.

— Tá bêbado? — Eu não sentia cheiro de álcool, mas nunca esperava isso dele.

— Nunca estive tão sóbrio. Me perdoa Liv, volta comigo, me dá uma segunda chance. — Pegou uma de minhas mãos e ia levar até sua boca, mas eu puxei a mão. — Por favor. — Sua voz era chorosa, ele abaixou a cabeça.

— Quem diria, você prestando esse papelão. Vai embora — Falei de forma ríspida, fazendo menção de fechar a porta e ele deu um passo à frente colocando o pé para me impedir de fechar.

— Não sente minha falta? Falta dos meus carinhos. — Deu mais um passo, ficando bem próximo de mim. — Do sexo? Você sabe que nunca vai encontrar alguém que faça como eu faço. — Seu lábio se contraiu num sorriso malicioso, e eu senti ânsia de vômito.

— Vá embora. — Ordenei.

Era estranho, passei anos casada com ele, mas agora, tudo o que eu conseguia sentir, era nojo.

— Espera. — Falou olhando para dentro do apartamento. — Meu filho tá aqui? — O tom da sua voz aumentou. — Ta ficando com ele para aquela piranha sair né.

Ele mal terminou a frase, e a palma da minha mão se chocou contra o seu rosto, um estalo alto ecoou pelo ambiente. Eu nem sequer pensei, apenas fiz. Quem ele pensava que era para falar assim.

— Nunca mais se refira a ela assim. — Falei olhando dentro dos seus olhos.

Ele levou uma de suas mãos até o próprio rosto, me olhando logo em seguida, seu olhar era de puro ódio, eu sabia que ele queria voar no meu pescoço, mas não iria. Ele nunca encostou um dedo em mim, muito pelo contrário, eu sempre dei as ordens.

— Tá defendendo ela? Viraram amiguinhas mesmo né.

— O que tá acontecendo? — A voz de Nicole chamou nossa atenção.

Olhamos juntos em sua direção, ela estava com Brian no colo.

— Mas que porra, o que ela faz aqui? — Ele voltou a me olhar. — Ah não acredito, agora eu entendi tudo. — Riu ironicamente. — Tá comendo a amante do seu marido? Que situação hein. — Ele me olhou.

— Ex marido, e eu só vou falar mais uma vez. — Respirei fundo. — Vai embora.

Mas claro que ao ver Nicole, ele achou que podia crescer.

Ele entrou no apartamento, praticamente trombando em mim, e foi até Nicole.

— Quer me explicar que merda tá acontecendo? — Ele estava próximo de Nicole, a olhou de cima a baixo, reparando a roupa que usava. — Você roubou minha mulher de mim. — Disse entre os dentes, como um rosnado.

— Você traiu a sua mulher. — Nicole revidou.

— Sim, com uma puta. — Cuspiu as palavras, o vi fechar as mãos em forma de punho.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora