NICOLE
6 meses após o casamento.
— Restou alguma dúvida? — O professor perguntou após explicar o trabalho que tínhamos para fazer. — Então todos entenderam?
Todos na sala concordaram, e o professor deu a aula como encerrada. Os alunos começaram a se levantar, guardei minhas coisas.
— Quer ajuda gravidinha? — Meu amigo perguntou. Todos estavam me chamando assim na faculdade, minha barriga estava enorme, estava com oito meses e meio de gestação.
— Claro. — Fechei a bolsa e joguei em cima dele, que agarrou rapidamente e riu.
— Folgada.
Me levantei da cadeira e no mesmo instante senti um líquido escorrer pelas minhas pernas.
— Ah não. — Falei.
— Eita.
A sala ainda estava cheia, todos viraram sua atenção pra mim, e ficaram mais desesperados do que eu gostaria. Começou um tal de "liga pra ambulância" "liga pro médico" "melhor ligar pro bombeiro" acho que ninguém naquela sala já havia parido.
— Gente. — Gritei tentando controlar o desespero. — Eu só preciso que alguém me leve até o hospital.
— Eu levo, tô de carro. — Uma menina se ofereceu, eu não a conhecia, acho que era uma das novas que entrou nesse período.
— Eu vou junto. — Meu amigo falou.
Estava achando estranho as contrações não terem começado ainda. Entrei no carro da menina que eu não sabia nem o nome, pedi para meu amigo ligar para Olivia e avisar. Chegamos no hospital, Olivia estava na entrada do estacionamento, junto a Alice e uma cadeira de rodas. Vieram correndo até o carro assim que o mesmo parou, me ajudaram a descer e me sentaram na cadeira. Olivia deu uma olhada confusa para a menina, eu podia jurar que rolou uma pontinha de ciúme, mas ela logo deixou pra la. Meu amigo ela já conhecia. Me levaram para dentro do hospital na cadeira.
— Como estão as contrações? — Olivia me perguntou.
— Não estou sentindo.
Ela ficou em silêncio e apenas me encaminhou até o quarto, me ajudou a levantar da cadeira e a me deitar na cama.
— Tem algum problema? — Perguntei.
— Provavelmente não, as contrações podem começar horas depois. Vamos aguardar.
Alice começou a colocar o acesso em mim.
— É apenas soro, ok? — Falou enquanto espetava agulha em meu braço.
Fiquei no quarto o dia inteiro, Olivia passava para me ver o tempo todo, minha mãe e Ethan foram avisados e vieram até o hospital me ver.
— E as contrações? — Olivia entrou no quarto. Ela parecia estar ficando impaciente.
— Nada.
— Eu vou precisar olhar, tudo bem? — Ela falava comigo como falava com seus pacientes, mas eu sentia que havia um pouco mais de preocupação e carinho em eu voz. Consenti e ela colocou as luvas e se posicionou no meio das minhas pernas. — Está com dilatação. — Assim que ela falou Alice entrou no quarto.
— Como está? — Perguntou.
— Dilatação 7, nenhuma contração.
— Vai induzir?
— Acho que não vai ter jeito.
— Ocitocina? — Alice perguntou.
— Isso, faz 2ml e vamos ver.
— Oi gente, não finjam que eu sou uma paciente qualquer, me contem que merda tá acontecendo. — Falei e as duas me olharam.
— Pode ir buscar Alice. — Olivia falou e se levantou de onde estava. Era engraçado como dentro do hospital, sendo médica, ela mudava completamente, tinha uma postura séria, que intimidava qualquer um. — Você está dilatando, mas as contrações são necessárias para empurrar o bebê para fora. Eu vou ter que induzir as contrações com remédio.
— Isso pode prejudicar minha bebê?
— Não, de maneira nenhuma. — Ela falou rapidamente, tirou as luvas jogando no lixo e pegou minhas mãos nas suas. — Nada vai acontecer, nem com ela e nem com você. Eu me preparei por meses para estar aqui, para fazer o parto, para trazer minha filha ao mundo, e eu vou conseguir.
— É claro que vai, eu não tenho dúvidas.
Alice voltou com uma seringa nas mãos, inseriu a ponta da agulha no local na mangueira do soro.
— Posso aplicar?
— Pode.
Alice empurrou o líquido até o final. Olivia pegou luvas novas e as vestiu, se posicionando novamente entre as minhas pernas. — Assim que começar a sentir as contrações, por favor empurre com toda força. — Assenti pra ela.
Acho que demorou quinze minutos para as contrações começarem, e vieram com tudo. A dor era muito forte.
— Meu Deus dói muito. — Falei quase chorando. Alice e Olivia se entreolharam. — Ah não, vocês sabiam que dói mais com remédio. — Eu praticamente gritava.
— Empurra por favor, junto com as contrações. — Olivia pediu. E eu o fiz, usei toda a raiva e a dor para empurrar o máximo que conseguia.
Não sei por quanto tempo fiquei naquela situação, mas tudo se acalmou quando ouvi o choro da minha filha ecoar pelo quarto. Estiquei um pouco a cabeça e pude ver Olivia com ela nos braços, cortando o cordão umbilical.
— Olha, nossa menininha. — Ela disse sorrindo e trouxe ela até mim, encostando em meu peito. Ela parou de chorar na mesma hora.
— Elena. — Falei. Olivia sorriu na mesma hora, era o nome que ela tanto queria colocar, mas ainda não tínhamos conseguido decidir. Após ver minha filha bem, senti que não precisava mais ser forte, e me deixei levar, o sono veio com tudo.
— Amor? Consegue me ouvir? — Ouvi Olivia me chamando, me forcei a abrir os olhos, mas eles estavam pesados. Logo senti o toque de Olívia em meu braço. — Preciso que acorde. — Me forcei mais um pouco e abri os olhos, Ela estava parada na minha frente, com Elena no colo, que estava com uma roupinha super confortável. — Ela precisa mamar. — Disse.
Sentei na cama e me ajeitei, estiquei os braços para pegar minha filha, que Olivia logo me entregou. Já tinha costume com Brian, não era difícil, logo a coloquei para mamar.
— Está tudo bem? — Perguntei para Olivia.
— Tudo ótimo. Nossa bebezinha é super saudável. Você também está ótima.
— Nick. — Ethan entrou pela porta do quarto.
— Oi meu amor. — Falei sorrindo pra ele.
Logo minha mãe entrou com Brian no colo.
Ethan se aproximou da cama.
— Ela é muito fofinha. — Ele disse sorrindo.
Olivia pegou Brian com a minha mãe e veio até mim com ele no colo. Elena já havia parado de mamar e estava dormindo, ela colocou Brian sentado na cama.
— Essa é a sua irmãzinha. — Falou e ele esticou os bracinhos passando a mãozinha no pé dela.
— Ela é a sua cara Olivia. — Minha mãe falou, também próxima.
— Sim, é mesmo. — Ethan concordou.
E realmente, Elena tinha os olhos de Olívia, e o nariz.
Tive alta do hospital com Elena no fim do dia, fomos para casa. Eu estava exausta. Diferente de Brian, ela era mais calma. Chorava para mamar e quando estava com a fralda suja, fora isso, dormia o tempo todo. Olivia tirou um mês para ficar em casa. Afinal, eu precisaria de ajuda com Elena e Brian.
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Acasos do Destino (romance lésbico)
FanfictionJá imaginou se apaixonar pela mulher do cara de quem você está grávida? Por um descuido, Nicole se vê grávida de um completo estranho, e fica perdida, no meio do seu caos, descobrindo a gravidez e tentando aceitá-la, ela conhece e se torna grande a...