XXXVIII

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NICOLE

6 meses após o casamento.

— Restou alguma dúvida? — O professor perguntou após explicar o trabalho que tínhamos para fazer. — Então todos entenderam?

Todos na sala concordaram, e o professor deu a aula como encerrada. Os alunos começaram a se levantar, guardei minhas coisas.

— Quer ajuda gravidinha? — Meu amigo perguntou. Todos estavam me chamando assim na faculdade, minha barriga estava enorme, estava com oito meses e meio de gestação.

— Claro. — Fechei a bolsa e joguei em cima dele, que agarrou rapidamente e riu.

— Folgada.

Me levantei da cadeira e no mesmo instante senti um líquido escorrer pelas minhas pernas.

— Ah não. — Falei.

— Eita.

A sala ainda estava cheia, todos viraram sua atenção pra mim, e ficaram mais desesperados do que eu gostaria. Começou um tal de "liga pra ambulância" "liga pro médico" "melhor ligar pro bombeiro" acho que ninguém naquela sala já havia parido.

— Gente. — Gritei tentando controlar o desespero. — Eu só preciso que alguém me leve até o hospital.

— Eu levo, tô de carro. — Uma menina se ofereceu, eu não a conhecia, acho que era uma das novas que entrou nesse período.

— Eu vou junto. — Meu amigo falou.

Estava achando estranho as contrações não terem começado ainda. Entrei no carro da menina que eu não sabia nem o nome, pedi para meu amigo ligar para Olivia e avisar. Chegamos no hospital, Olivia estava na entrada do estacionamento, junto a Alice e uma cadeira de rodas. Vieram correndo até o carro assim que o mesmo parou, me ajudaram a descer e me sentaram na cadeira. Olivia deu uma olhada confusa para a menina, eu podia jurar que rolou uma pontinha de ciúme, mas ela logo deixou pra la. Meu amigo ela já conhecia. Me levaram para dentro do hospital na cadeira.

— Como estão as contrações? — Olivia me perguntou.

— Não estou sentindo.

Ela ficou em silêncio e apenas me encaminhou até o quarto, me ajudou a levantar da cadeira e a me deitar na cama.

— Tem algum problema? — Perguntei.

— Provavelmente não, as contrações podem começar horas depois. Vamos aguardar.

Alice começou a colocar o acesso em mim.

— É apenas soro, ok? — Falou enquanto espetava agulha em meu braço.

Fiquei no quarto o dia inteiro, Olivia passava para me ver o tempo todo, minha mãe e Ethan foram avisados e vieram até o hospital me ver.

— E as contrações? — Olivia entrou no quarto. Ela parecia estar ficando impaciente.

— Nada.

— Eu vou precisar olhar, tudo bem? — Ela falava comigo como falava com seus pacientes, mas eu sentia que havia um pouco mais de preocupação e carinho em eu voz. Consenti e ela colocou as luvas e se posicionou no meio das minhas pernas. — Está com dilatação. — Assim que ela falou Alice entrou no quarto.

— Como está? — Perguntou.

— Dilatação 7, nenhuma contração.

— Vai induzir?

— Acho que não vai ter jeito.

— Ocitocina? — Alice perguntou.

— Isso, faz 2ml e vamos ver.

— Oi gente, não finjam que eu sou uma paciente qualquer, me contem que merda tá acontecendo. — Falei e as duas me olharam.

— Pode ir buscar Alice. — Olivia falou e se levantou de onde estava. Era engraçado como dentro do hospital, sendo médica, ela mudava completamente, tinha uma postura séria, que intimidava qualquer um. — Você está dilatando, mas as contrações são necessárias para empurrar o bebê para fora. Eu vou ter que induzir as contrações com remédio.

— Isso pode prejudicar minha bebê?

— Não, de maneira nenhuma. — Ela falou rapidamente, tirou as luvas jogando no lixo e pegou minhas mãos nas suas. — Nada vai acontecer, nem com ela e nem com você. Eu me preparei por meses para estar aqui, para fazer o parto, para trazer minha filha ao mundo, e eu vou conseguir.

— É claro que vai, eu não tenho dúvidas.

Alice voltou com uma seringa nas mãos, inseriu a ponta da agulha no local na mangueira do soro.

— Posso aplicar?

— Pode.

Alice empurrou o líquido até o final. Olivia pegou luvas novas e as vestiu, se posicionando novamente entre as minhas pernas. — Assim que começar a sentir as contrações, por favor empurre com toda força. — Assenti pra ela.

Acho que demorou quinze minutos para as contrações começarem, e vieram com tudo. A dor era muito forte.

— Meu Deus dói muito. — Falei quase chorando. Alice e Olivia se entreolharam. — Ah não, vocês sabiam que dói mais com remédio. — Eu praticamente gritava.

— Empurra por favor, junto com as contrações. — Olivia pediu. E eu o fiz, usei toda a raiva e a dor para empurrar o máximo que conseguia.

Não sei por quanto tempo fiquei naquela situação, mas tudo se acalmou quando ouvi o choro da minha filha ecoar pelo quarto. Estiquei um pouco a cabeça e pude ver Olivia com ela nos braços, cortando o cordão umbilical.

— Olha, nossa menininha. — Ela disse sorrindo e trouxe ela até mim, encostando em meu peito. Ela parou de chorar na mesma hora.

— Elena. — Falei. Olivia sorriu na mesma hora, era o nome que ela tanto queria colocar, mas ainda não tínhamos conseguido decidir. Após ver minha filha bem, senti que não precisava mais ser forte, e me deixei levar, o sono veio com tudo.

— Amor? Consegue me ouvir? — Ouvi Olivia me chamando, me forcei a abrir os olhos, mas eles estavam pesados. Logo senti o toque de Olívia em meu braço. — Preciso que acorde. — Me forcei mais um pouco e abri os olhos, Ela estava parada na minha frente, com Elena no colo, que estava com uma roupinha super confortável. — Ela precisa mamar. — Disse.

Sentei na cama e me ajeitei, estiquei os braços para pegar minha filha, que Olivia logo me entregou. Já tinha costume com Brian, não era difícil, logo a coloquei para mamar.

— Está tudo bem? — Perguntei para Olivia.

— Tudo ótimo. Nossa bebezinha é super saudável. Você também está ótima.

— Nick. — Ethan entrou pela porta do quarto.

— Oi meu amor. — Falei sorrindo pra ele.

Logo minha mãe entrou com Brian no colo.

Ethan se aproximou da cama.

— Ela é muito fofinha. — Ele disse sorrindo.

Olivia pegou Brian com a minha mãe e veio até mim com ele no colo. Elena já havia parado de mamar e estava dormindo, ela colocou Brian sentado na cama.

— Essa é a sua irmãzinha. — Falou e ele esticou os bracinhos passando a mãozinha no pé dela.

— Ela é a sua cara Olivia. — Minha mãe falou, também próxima.

— Sim, é mesmo. — Ethan concordou.

E realmente, Elena tinha os olhos de Olívia, e o nariz.

Tive alta do hospital com Elena no fim do dia, fomos para casa. Eu estava exausta. Diferente de Brian, ela era mais calma. Chorava para mamar e quando estava com a fralda suja, fora isso, dormia o tempo todo. Olivia tirou um mês para ficar em casa. Afinal, eu precisaria de ajuda com Elena e Brian.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora