Acasos do Destino (romance lésbico)

XXXIII

OLIVIA

Acordei com a cabeça latejando insuportavelmente. Nicole ainda dormia ao meu lado. Tivemos uma pequena briga na noite anterior, eu estava realmente chateada com ela por ter agido como uma adolescente, falei que meu dia havia sido cansativo, e ela sequer se importou, preferiu arrumar uma briguinha.

Me levantei da cama e fui até o armário de remédios, peguei um analgésico e tomei o mesmo. Passei na sala para checar Brian no berço, dormia tranquilamente, fiz um leve carinho em suas bochechas.

Tomei banho, me arrumei e preparei um café.

— Bom dia. — Nicole entrou na cozinha.

— Bom dia. — Respondi.

— Ainda tá brava? — Ela se aproximou de mim.

— Tem café pronto. — Falei.

Ela se aproximou mais, senti sua mão em meu braço, onde ela começou a fazer carinho com os dedos. Nossos olhares se encontraram, ela aproximou seu rosto do meu,   percebi seu olhar se direcionando para minha boca.

— Estou atrasada. — Me afastei dela. — Já vou indo. — Não olhei para trás, mas imagino a cara dela lá parada na cozinha me vendo sair.

Cheguei no hospital e fui direto ver minhas pacientes, após checar cada uma, fiquei disponível para emergências.

— Dra Olivia. — Um dos médicos de trauma me chamou.

— Sim?

— Temos um problema. — Ele parecia com medo de falar. — Acabou de chegar uma mulher grávida na emergência, 21 anos, 6 meses de gestação.

— O que aconteceu com ela? — Falei já me preparando para segui-lo.

— Ela diz que caiu da escada, mas achamos que não está falando a verdade.

— O que acham que é?

— O marido... parece um pouco autoritário, e seus ferimentos não batem com caída da escada.

Segui o médico até o leito da paciente, ela estava deitada na cama, ainda com suas próprias roupas e o marido em pé ao seu lado.

— Essa é a Dra Olivia, obstetra, ela vai checar seu bebê.

A mulher tinha manchas vermelhas e roxas pelo rosto, tinha um corte no sobrancelha, bem improvável que tenha adquirido isso caindo da escada.

— Prazer Olivia. — O marido falou estendendo a mão para mim, com um sorriso gigante no rosto.

Apertei sua mão e apenas sorri, a mulher se manteve em silêncio, peguei duas luvas e vesti uma em cada mão.

— Pode levantar sua blusa por favor? — Pedi e ela levantou, mas não sem antes olhar para o marido.

A barriga dela estava cheia de hematomas, não só hematomas recentes.

— Teve algum sangramento após a queda? — Perguntei.

— Não. — Respondeu olhando para o marido.

Peguei o estetoscópio e coloquei na barriga dela, o bebê tinha batimentos.

— Batimentos ok, vou solicitar uma tomografia, precisamos ter certeza.

— Mas se o batimentos estão normais quer dizer que está tudo bem né? — O marido perguntou.

— Não necessariamente. — Respondi. — Foi mesmo uma queda da escada né? — Perguntei olhando para ela, que novamente olhou para o marido antes de responder.