Capítulo 16

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Cada vez que a balsa sacolejava, Hector amaldiçoava Brianna internamente. Por ter sugerido que ele fosse para o enterro de sua avó e por estar tão tranquila enquanto ele estava prestes a jogar todo o café da manhã aos pés dos tripulantes da balsa.

Sim, estavam à caminho da Ilha de Córsega. Brianna, Tristan e Joe estavam calminhos, apenas aproveitando a brisa marítima enquanto Hector desejava morrer.

A garota mal acreditava que sua mãe havia deixado que fosse para uma ilha para um funeral de uma desconhecida.

Acontece que o rapaz estava inconsolável e a adulta se compadeceu ao ver que sua filha estava disposta a ajudar um amigo. Se bem que ela notou o jeito como ele encarava sua menina.

E agora estavam ali, próximos à costa. Então, Hector, ao descer no pier, se jogou deitado ao chão, jurando que nunca mais entraria numa porra daquelas novamente.

Finalmente estavam em Bastia e se preparavam para ir até a casa de Simon, o pai de Hector.

Já no carro, o rapaz começou a se sentir nervoso novamente. Estava no banco de trás com Brianna e Joe, já Tristan estava no banco do passageiro, tentando animar Simon, e conseguindo um pouco.

Hector olhava para as próprias mãos em seu colo, querendo que seu destino nunca chegasse, que não tivesse que olhar para os muros altos da casa enorme de sua avó, para onde seu pai havia se mudado há alguns anos, e onde ficariam alojados.

Brianna segurou a mão do garoto, apoiando a cabeça no ombro dele. Simon os observava pelo retrovisor e de certa forma, sabia que seu filho estava ali graças aos amigos e àquela garota.

Chegaram na casa e Simon mostrou onde Brianna iria dormir, já que os garotos já estavam habituados à casa.

— Obrigada, senhor. Sinto muito pela sua mãe. — a garota colocava sua bolsa em cima da cama.

— Obrigado. Por isso e pelo Hector. — o homem se apoiava na porta. — Ele me disse que não queria vir, sei que pode ser um pouco demais para ele. Para falar a verdade, é até para mim, mas, é muito bom ter ele de volta em casa.

— Imagine! — Brianna sorriu, então Hector apareceu atrás do pai, que deu um tapinha no ombro dele, deixando os dois sozinhos.

— E aí, gostou do quarto?

— É uma graça. É enorme.

— É, grande demais... O meu é mais aconchegante.

— Eu sabia. — ela ri da cara de pau do garoto.

— Se muda pro meu quarto, Bia — ele se aproxima, se sentando ao pé da cama, e quando segura a cintura dela.

— Hector...

— Qual é?! Eu só não quero dormir sozinho, a gente não tem que fazer nada. — a abraça pelo quadril, apoiando o queixo no abdômen dela e a encarando de baixo — Não sou uma um maníaco sexual, sabia? Só quero dormir abraçado, bater um papo, distrair a cabeça um pouco.

— Sabia que parece um garotinho às vezes? — ela diz acariciando as costas dele.

— Primeira vez que ouço algo assim. Então — se levanta, dando um selinho nela e pegando sua bolsa. — estamos de mudança.

Devidamente acomodados, de banhos tomados e roupas trocadas, almoçaram com uma conversa um tanto travada, ficaram assistindo à um programa genérico de televisão por um tempo e então estavam prontos para irem ao cemitério.

Foi triste para caramba. Haviam mais familiares por ali, pisando em ovos para falar com pai e filho, além dos outros parentes mais próximos da falecida Inês. Os três convidados estavam mais ao longe. Tristan e Joe certamente um pouco abatidos, tinham convivência com a família do amigo desde pequenos e grand-mère era uma senhora incrível.

Brianna se sentia mal pelos rapazes, estar ali fazia toda a dor de cabeça envolvendo as futilidades escolares e apostas sumirem. Eram apenas adolescentes, afinal. Droga, como queria que as circunstâncias de conhecer aqueles garotos fossem diferentes, iria gostar de ser amiga deles em outro cenário.

Mas naquele final de semana, sairia da personagem e pararia de ser uma cretina. Seria só a velha Brianna de sempre, apenas uma garota comum, prestando condolências à família de um amigo.

As cinzas de Dona Inês seriam jogadas ao mar daqui à alguns dias, mais especificamente na praia de Lotu, há algumas horas de sua casa. Então, pai e filho se despediram da matriarca da família e, ficaram abraçados  enquanto alguns familiares iam embora do velório.

— Vamos para casa, garotos? — Simon se aproximou dos três, com seu filho a tiracolo. — Está esfriando.

O caminho para casa foi silencioso e Hector estava distante, com os olhos fechados e a cabeça escorada na janela.

Ao chegarem na residência, Tristan e Joe ficaram na sala de tevê, após tomarem banho e trocarem novamente as roupas, assistindo à um seriado de ação que os amigos acompanhavam, mas Hector ainda não havia descido quando Brianna chegou ao andar superior.

— Ainda no banho? — questionou ao Joe.

— Ainda.

— Vai lá falar com ele, Bia. — Tristan sugere.

A garota olhou para o outro rapaz, que acenou com a cabeça que sim. Então subiu as escadas e entrou no quarto do garoto.

O chuveiro já estava desligado, mas Hector ainda estava trancado no banheiro, provavelmente trocando de roupa. Então ela se sentou na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, cobrindo as pernas com o edredom fofinho.

Ficou encarando o ambiente ao redor, era realmente aconchegante. Estava com as luzes apagadas, somente com um abajur ligado em cima de uma escrivaninha e o cheiro delicioso de perfume masculino emprestava o quarto.

Quando a porta do banheiro abriu, Hector a viu, então apagou a luz do cômodo e caminhou até sua cama. Sem falar nada, se deitou ao lado da garota e os cobriu com o edredom.

Ficaram se encarando por vários minutos. O rosto de Hector estava abatido, muito diferente do garoto expressivo de sempre.

— Quer conversar? — ela sussurrou.

— Na verdade eu mudei de ideia. Falei que queria você aqui para me distrair, mas não quero conversar sobre nada. Não quero pensar em nada, acho que a gente pode só ficar aqui. — a abraçou pela cintura — Só se olhando, tudo bem para você?

— É claro. — se contradizendo um pouco, Hector acabou beijando Brianna. Um beijo um tanto lento, porém não tinha nada de sensual, era um beijo inédito entre os dois, com sensações e intensões novas. Quando se separaram, ficaram realmente apenas se olhando, Hector reparava no rosto da garota, enquanto ficava cada vez mais sonolento e Brianna tentava acalmar um frio na barriga após aquele beijo.

Sem que percebessem, deitavam-se encaixados na cama. Já estavam com os ombros para fora do edredom. Hector se deitava de barriga para baixo, abraçado à garota, apoiando sua cabeça nos seios dela, enquanto a mesma fazia um cafuné na nuca dele. Ficaram assim até dormir.


N/A: quem olha pensa que são um casal lindinho de fanfic né mores? Boa noitinha, amigos! A mamãe aqui está vacinadíssima da primeiras dose, a jacaroa que vos fala está extremamente felizinha. Espero que curtam este capítulo mais tranquilo, fofinho hehehe, até amanhã 🖤
#vivaosus #forabozonario

*grand-mère: vovó (narrativa)*

*grand-mère: vovó (narrativa)*

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