CAPÍTULO XXXVI

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— Dorothea, minha filha — Joe chamou enquanto Melina e Anastasia conspiravam sobre a ida da pequena sereia à Mínyma —, vem aqui, rapidinho.

— O que foi? — perguntou baixo, após saltar da cama, fechar a porta do quarto e encostar o ombro na parede no corredor. — Não me diga que planeja trancar a princesa dentro deste quarto.

— Querer eu até quero — ele admitiu —, só não vou fazer isso.

— Pretendia se trancar lá com ela antes de eu aparecer e estragar seus planos?

— O quê? Do que que você tá falando?

— Não iria dormir lá? — arqueou uma sobrancelha. — Bem agarradinho?

Puxou uma boa quantidade de ar. — Sim, eu iria dormir lá. Não, não iria dormir agarradinho com ninguém.

— Porque não quer! Tenho certeza de que se dependesse dela...

— Se dependesse dela o quê?

Ah, vamos lá... Você é mais esperto do que isso. Não se faça de inocente, conheço bem a tua raça, Joseph.

O rosto do semideus foi de branco a vermelho em um segundo.

— Pra sua informação, foi ela quem falou que eu podia dormir junto com ela, mas disse que era na amizade.

Gargalhou. — E você acreditou? "Amigos só dormem em camas separadas."

— Não cite Ed Sheeran pra mim, Dorothea! Fui eu quem te ensinei essa música.

Jogou os braços para cima, sinalizando trégua. — Okay, está bem. O que quer de mim, então?

— Preciso de um favor seu.

— Pode dizer.

— Preciso que descubra se a Linda é virgem.

Abriu um sorriso sacana. — Quer que eu descubra na prática ou...

— Tu me entendeu muito bem!

Riu. — Só estou brincando, não vou separar o casal do ano. Mas vai, pelo menos, me explicar o porquê?

— Vou nada.

— Tudo bem, então. — Concordou com a cabeça. — Deixa comigo.

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Assim que Anastasia saiu, as duas já quiseram começar a se arrumar. Mesmo que não tivessem certeza se iriam conseguir sair de Anamar. Depois que Melina tomou banho e colocou qualquer roupa enquanto não escolhia a que iria usar, Dorothea levou a princesa até seu próprio quarto, onde despejou sobre a cama todos os acessórios, sapatos e maquiagens que tinha, tudo que comprava quando ia ao continente (o que era bem frequentemente).

A loira sentou a outra garota na penteadeira, retirando tudo que seria necessário para arrumá-la. Talvez o sonho dela fosse ser maquiadora profissional, só isso justificaria o tanto de coisas, cores e tons que ela tinha disponível.

— Eu sei me maquiar, sabia?

— Pouco me interessa... — balbuciou enquanto testava tons de base no pescoço de sua cliente.

— Onde, exatamente, nós vamos? — perguntou Melina, já que não adiantaria protestar.

— Não sei. Pelas ruas. Tem festas, bares, restaurantes e boates pela cidade inteira, é uma completa loucura e a noite é uma criança.

— Meu tio acorda de madrugada.

— Certo, metade da noite será uma criança. Voltaremos a tempo de não arranjarmos problema.

O Legado do Sol • Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora