Capítulo 29

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Melissa

    Assim que estaciono em frente ao banco, ajeito a arma que escondi no cós da calça vou correndo até ele. A sensação do metal gelado nas minhas costas só me deixa mais atenta a tudo, vou andando até o gerente, que me direciona até a sua sala.

— Como posso ajudá-la senhora Shepherd?
— Quero sacar dez milhões de dólares.
  O homem paralisou, por um segundo, e quando voltou a falar começou a gaguejar.
— É uma... Uma grande quantia senhora, é necessário uns dias..
— Preciso desse dinheiro agora.
O interrompo para não ouvir as desculpas dele. Não costumo ser rude com as pessoas, porém estou desesperada, preciso pegar logo esse dinheiro e sair daqui.
  O vejo ajeitar a gravata e sair da sala, não se passa nem um minuto e o gerente volta com um celular na mão, percebo que o modelo de celular dele é igual ao meu e o coloco no ouvido. Atendo já imaginando quem está do outro lado, um nó se forma em minha garganta.

—Amor, o que é isso? Pra que você quer esse dinheiro?
Só de escutar a sua voz meus olhos já se enchem de lágrimas.
— Por favor me conta, fala comigo Melissa. Vamos conversar por favor.
Sinto o desespero em sua voz, já estou soluçando de tanto chorar.
—Não posso, desculpa.
—Você pode sim, amor eu te amo, desculpa pela forma que reagi com a notícia.
Já estou aos prantos, queria poder dizer tudo o que está se passando, falar que tudo vai ficar bem, mas não tenho certeza nem se estarei viva depois do que irei fazer. Respiro fundo para conseguir falar.
—Henry por favor, me deixe fazer isso. Eu prometo te contar depois.
  O escuto suspirar e ficar em silêncio, sei que ele queria saber agora mas quero proteger Henry.

— Ok, só por favor, não desgrude do celular e pode passar para o gerente.

Abro a porta de vidro e digo que meu marido quer falar com ele. Quando o homem some da minha vista volto a me sentar no seu escritório e com ajuda de um clip de papel consigo abrir a parte onde fica o chip no celular, para o meu alívio vejo o rastreador que um dos seguranças colocou meses atrás. Desde o sumiço de Bruno, Henry queria sempre saber onde estávamos, o meu ficava no celular e o de João num cordão que ele sempre usa. Volto a guardar o chip e o rastreador, olhando para a porta observo o gerente e outros três homens com sacolas.
Recebo uma mensagem de um número desconhecido dizendo para sair pela saída de emergência.

— Há mais alguma coisa que a senhora deseja?
— Vou sair pela saída de emergência e quero o seu celular.

    O homem tenta abrir a boca para protestar mas logo desiste e estente o aparelho em minha direção, pego e agradeço enquanto o sigo até a saída. Sem que percebam, coloco meu próprio celular na bolsa de dinheiro e a fecho em seguida, já fora fico surpresa com duas mulheres me esperando com uma minivam vermelha.
  Assim que entro, percebo que uma aparenta ter uns quarenta e poucos anos, ela tem um cabelo curto e veste um casaco e jeans, já a outra tem a aparência mais nova, tenho a impressão de conhecer porque está usando o uniforme do hospital.

— Me passa o celular.
A mais velha diz de forma rude. Entrego e a mesma o joga janela a fora.

O carro anda rápido, não sei se é o nervosismo ou a gravidez, mas estou prestes a vomitar. Passamos para um lugar mais deserto, não se escuta mais o barulho da cidade.
   Assim que chegamos no local vejo Katy sentada num colchão apoiando suas costas numa parede. Mau o carro para e saio correndo ao encontro dela.

—Katy! Você está bem?
Seguro sua mão e começo a avaliá-la.

—Você não tem noção de como dói!
Ela grita de dor.
Olho para trás e vejo as duas mulheres olhando para outra direção, as duas também parecem assustadas. Olho na mesma direção e vejo Bruno andando calmamente.

— vinte minutos antes do prazo. - seu riso enquanto olha para o relógio no pulso me dá ânsia - Eu sabia que iria conseguir.

— Me deixa ajudar a Katy Bruno.
Imploro desesperada.

— Tá tá, essa vaca está gritando à horas.
Ele não liga e vai para perto da mini vam, imagino que deve verificar o dinheiro. Não me importo nem se ele encontrar o celular.

 Começo a avaliar minha cunhada que já está com uma contração atrás da outra, Katy já está totalmente dilatada, tudo que ela tem de fazer é força. A mulher mais nova que estava até então com eles veio me ajudar.

— Vamos Katy só mais um pouco.

Enquanto Katy grita, vejo a jovem me mostrar o meu celular, ela deve ter pego escondido.

—Melissa, você não contou para o Clark que ele é o pai né?

— A essa hora ele já deve saber.

— Como assiiiimmm!
Ela mau consegue terminar a frase por conta da contração.

— Você é a pior madrinha do mundo!!

—Eu vou ser a madrinha?
Fico surpresa com suas palavras, mas não posso perder o foco, tô no meio de um parto, vendo o bebê quase sair e com um psicopata a dois metros de nós.
    E então nasce o bebê, tiro o casaco ainda com o cuidado de escolher a arma e o embrulho. Seu choro estridente é um bom sinal, o deixo ainda com o cordão umbilical.

— Oi meu príncipe, mamãe está aqui.
O menino ao escutar a sua voz já se acalma, acho que ele já sentia que deveria ficar quietinho por que nos próximos segundos tudo está em perfeita paz  enquanto o entrego a mãe e então tudo se acaba.
Bruno esperou eu ajudar Katy para começar a me espancar.
Deus proteja meu bebê.

Momentos finais de agonia!!! Kkkk



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