Depois de altas doses de bebida, era de se imaginar que ele logo iria ficar irritante e tagarela.
—– Vamos Fred, a gente precisa ir embora, o sol já se pôs, vai escurecer logo — Puxei o seu braço, mas ele resistiu
—– Não, por quê não vai você? eu vou ficar aqui afogando as mágoas.
Eu pensei em deixá-lo, mas imaginei que ao invés de mágoas, ele tentasse afogar ele mesmo.
—– Não, vou levar você pra casa, portanto anda logo — Puxei seu braço novamente
—– Não preciso de babá, eu sei me cuidar — Ele se soltou e acabou se desequilibrando
—– Não sabe nada, olha pra você mal consegue ficar em pé.
—– Olha, vamos ficar só mais um pouquinho, e eu prometo que vou embora sem reclamar — Ele escorregou e caiu sentado em uma pedra, e eu não consegui segurar a risada.
Com certeza no dia seguinte ele vai sentir a dor desse tombo.
Abri um sorriso e depois me sentei do seu lado, olhando ele secar outra garrafa.
Pelo visto a noite será longa.
—– Ok, então.
—– Eu gosto daqui, sabe? — Ela confessou pensativo.
—– Tá falando daqui ou da cidade?
—– De tudo isso aqui — Ele gesticulou com a mão um pouco sem equilíbrio.
—– Também estou gostando bastante, é um lugar calmo, bom para se viver.
—– Por que? o lugar onde você morava não era calmo? — Ele perguntou com um olhar curioso.
E ele era tão fofo quando estava bêbado.
Parecia uma criança tagarela, fazendo perguntas.
—– Não como aqui.
Sorri para ele, que fez uma cara de confuso e estreitou os olhos.
Olhei para os seus lábios rosados e molhados e lutei inconscientemente contra a vontade de beija-lo.
Me esqueci que esse Fred mais sereno e fofo era o mesmo convencido e mulherengo de sempre.
Se eu o beijasse estaria dando um mérito a ele.
Ele balançou a cabeça negativamente e sorriu.
—– O que foi?
—– Você é tão indecisa, Kate — Ele falou tomando outro gole.
Virei o rosto, constrangida.
Mas quando percebi que ele ia abrir outra garrafa, tomei a mesma de suas mãos, e ele me olhou com olhos miúdos.
—– Chega por hoje, você já bebeu demais — Joguei a garrafa em um lugar que ele não podia alcançar.
Ele se levantou de repente e estendeu a mão pra mim, um pouco cambaleante.
—– Tem razão, vem, vamos embora.
Agarrei a sua mão e ele me puxou contra o seu peito, provocando um avalanche de emoções dentro de mim. Ele aproximou os lábios bem próximos dos meus, me permitindo sentir a sua respiração que era ofegante e cheirava a álcool.
Em seguida ele olhou no fundo dos meus olhos, e eu senti um desejo aquecer o meu corpo, mas virei o rosto subitamente, impedindo que ele me roubasse um beijo.
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Desilusão
RomanceApós passar por uma desilusão amorosa, Ana não vê outra alternativa a não ser se embriagar como uma forma de amenizar a sua dor, mas vai perceber que o seu sofrimento está bem longe de acabar.