—– Estava delicioso — Falei depois de ter devorado dois pedaços de bolo de maçã.
Peter riu do meu exagero, em seguida apontou uma possível sujeira no meu rosto, mas como eu não consegui limpar, ele estendeu a mão e limpou o resto de bolo que havia ficado no canto da minha boca.
—– Ah, obrigado — Agradeci um pouco envergonhada
—– Por nada — Me fitou
Coloquei o cabelo atrás da orelha um pouco enrusbecida com o seu olhar.
—– Bom, eu tenho que ir porque daqui a pouco vou ter que trabalhar no restaurante e não posso me atrasar — Me levantei da mesa
—– Quer que eu levo você?
—– Não precisa — Sorri, e ele sorriu de volta.
—– Então eu posso te acompanhar até a porta?
Ele parecia feliz só de está na minha companhia, e isso também me alegrava de alguma forma.
Antes de sair pela porta, eu me virei pra ele.
—– Fico extremamente feliz que tenha conseguido o cargo, meus parabéns.
E isso foi suficiente para arrancar o seu melhor sorriso, como se a minha opinião fosse a única que importasse para ele naquele momento.
—– Obrigado, Ana.
Sorri e em seguida dei um beijo caloroso em seu rosto.
Prometemos um para o outro que dessa vez iríamos devagar.
.......
No trabalho, eu tentava separar o pessoal do profissional, já que a atenção era o que mais se prezava ali. Afinal de contas meu trabalho era servir mesas, decorar o cardápio e demostrar simpatia o tempo todo.
E não dar pra fazer isso com a mente carregada de problemas.
Enquanto eu servia a mesa dois, me informaram que a próxima seria a mesa oito, e que era um cliente especial.
Ou seja o dobro de simpatia e atenção.
E o cliente especial era ninguém menos que o Robert, o mesmo cara que me ajudou nos dias mais difíceis da minha vida.
Mas ao invés de ficar feliz em revê-lo, nesse mundo tão pequeno, senti vergonha pelo que fiz a ele, e vergonha por ele ter me conhecido em um estado tão decadente.
Então simplesmente fiquei paralisada ali. Eu realmente não esperava encontrá-lo tão cedo, e pior, no meu trabalho, sendo eu a única que poderei servi-lo.
—– Ana, anda, o cliente está esperando — Mike chamou minha atenção.
—– Calma, já estou indo.
—– Então vai logo — Ele apressou
Respirei fundo e pensei no que eu ia dizer, depois segui com passos firmes até a mesa.
Mas assim que ele me olhou, eu automaticamente abaixei a cabeça, o que foi erro, já que eu tinha acabado de assinar minha carta de demissão.
Droga!
Mesmo ferrada, eu procurei fazer o meu trabalho, me aproximei da mesa onde ele estava sozinho me aguardando, e perguntei com a voz um pouco trêmula.
—– O senhor já fez o pedido ?
Visto que ele já estava com o cardápio em mãos.
—– Sim, eu vou querer...
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Desilusão
RomanceApós passar por uma desilusão amorosa, Ana não vê outra alternativa a não ser se embriagar como uma forma de amenizar a sua dor, mas vai perceber que o seu sofrimento está bem longe de acabar.