Capítulo 55

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Eu observava Peter enquanto ele mastigava com dificuldade um macarrão que eu havia feito pra ele, se esforçando para não fazer careta.

Eu reconheço a minha falta de experiência na cozinha, afinal de contas a minha mãe era quem cozinhava, e quando eu estava sozinha sempre recorria a  besteiras para não ter que cozinhar.


E ter o Peter que é totalmente o contrário, como freguês, era tipo um desafio pra mim, lógico que ele por ter o paladar apurado vai notar que algo errado não está certo.


—– Está horrível, não é? — Perguntei fazendo careta


—– Não, está ótimo —  Ele forçou uma expressão séria, tomando um gole do suco do seu lado para facilitar a ingestão.


Logo notei que ele está omitindo os fatos, então eu peguei um garfo e experimentei, cuspindo logo em seguida.

Olhei pra ele com cara de nojo, sentindo um gosto horrível na boca, e ele não se aguentou, e rachou o bico.

E sua risada era tão deliciosa de ouvir que era impossível sentir raiva dele, mesmo rindo de mim.

—– É, tô vendo que cozinhar não é o meu forte — Falei me sentindo triste, porque estava tudo perfeito na minha cabeça.

—– Não mesmo —  Ele zombou em meio às risadas.

—– Ei, para de rir.


Ele já estava ficando todo vermelho de tanto rir, e sua barriga parecia estar doendo pela forma como ele a pressionava.

—– Peter, você vai se engasgar.

—–  Você parecia saber o que estava fazendo, e no entanto sua comida ficou  horrível —  Ele confessou não se aguentando de tanto rir me deixando desconfortável.

Então eu o ataquei com o pano de prato, afim de fazê-lo parar, e ele pegou outro pra revidar.

E juntos iniciamos uma guerra no meio da cozinha.

Até que a campainha tocou, nos interrompendo, e o que antes era sorrisos se transformou em aflição.

Por que pra mim, a qualquer momento, Fred poderia invadir a minha casa e interromper o meu momento com sua presença irritante.

E eu não sei se estou preparada pra isso.

—– Eu atendo — Peter ofereceu saindo às pressas, não dando tempo nem de eu inventar uma desculpa para impedi-lo.

Então o único jeito foi ficar paralisada esperando o pior acontecer.

Segundos depois, escutei a voz da minha mãe, e isso provocou um alívio tão grande em meu corpo que eu me desmanchei na cadeira.


—– Oi filha — Ela falou entrando na cozinha, depois depositou um beijo no topo da minha cabeça.

—– Oi mãe —  Levantei os olhos e olhei para ela com ternura.

—– O peter disse que você cozinhou pra ele —  Ela disse animada segurando os  meus ombros por trás, em seguida ela se sentou do meu lado e vislumbrou a minha mais nova obra de arte.


—– Melhor a senhora não comer isso — Peter alertou sarcasticamente entrando na cozinha.

E logo após esse comentário os dois  cairam na risada, me deixando totalmente sem graça e constrangida.


DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora