Capítulo 14

120 13 1
                                    


Como a liza estava muito mal, eu fiquei com medo de que algo de ruim acontecesse com ela, então resolvi apelar pro David.

—–  Oi, grandão.

Sentei do lado dele no refeitório e notei  pelo seu semblante que ele também não estava bem.

—– Seja lá o que for dizer que não seja nada sobre a liza — Se adiantou.

Respirei fundo e ele suspirou.

—– Precisa falar com ela.

Ele virou o rosto para o outro lado, indiferente.

—– David, é sério, ela está sofrendo muito por causa da sua rejeição, e sinceramente eu estou preocupada com a saúde dela, e eu não sei mais o que fazer, nem o que dizer — Desabafei, quase chorando.

Ele se levantou por impulso e me encarou aborrecido.

—– Ela não pensou nisso quando beijou aquele cara, ficou com ele...na moral, ela sempre quis ficar com ele e não comigo, e ela conseguiu não foi, só que eu não sou trouxa...

—– David, ela errou na questão do beijo, mas o resto foi tudo na base da  ameaça, ela ficou com medo e...

Ele riu com ironia.

—– Você acha mesmo que conhece ela, não é? acha que um mês é dois anos? esse é  o tempo que liza e eu estamos juntos, dois anos... e eu a conheço  suficiente para saber que ela quis tudo isso, ela procurou agora tá se fazendo de vítima...

—– David, ela não está...

—– Porra, Ana, não fode —  Ele esmurrou a parede, furioso, me fazendo arregalar os olhos, assustada.

Ele olhou em volta e percebeu que todos estavam  olhando pra gente, inclusive o Fred que levantou da cadeira por impulso, provavelmente com receio que ele me fizesse algum mal.

Mas eu sabia que o David era incapaz de fazer mal a alguém. Ele pode ser forte e grande, mas tem o coração puro.

Ele só estava sob pressão, e não estava sabendo lidar muito bem com isso.

Uma lágrima rolou pelo meu rosto.

Eu realmente estava sentindo o peso daquilo nas costas, eu queria muito que eles voltassem.

Tudo que eu queria era ver o sorriso no rosto dos dois novamente.

Eu só não queria ver a liza sofrendo, queria que a sua dor parasse de alguma forma, mas não tem como controlar tudo.

Ele esfregou o punho machucado, em seguida fechou os olhos por um instante e respirou fundo, se sentando novamente.

—– Olha Ana, as coisas já estavam bem ferradas entre liza e eu,  antes de você aparecer, a gente namora a um tempão e eu nunca fui a casa dela, eu nem sequer conheço o pai dela, ela convive com o meu todos os dias, eu até já marquei um jantar em família lá em casa e ela nunca foi, tudo que ela faz e me enrolar, simplesmente eu estou cansado disso, sabe?

Agarrei as suas mãos e encarei os seus olhos castanhos.

—– Então aproveita e abre o jogo, conta pra ela como você se sente, resolve tudo de uma vez

Ele ficou calado me olhando, depois as lágrimas invadiram seus olhos.

—– Não dá, a gente já era — Ele afastou a mão chateado.

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora