Capítulo 59

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Meu pai uma vez me disse:

"Você passará por coisas terríveis que farão você acreditar que será o fim, mas é apenas o começo".

Na época não levei isso muito a sério, porque eu nunca imaginei que aquela vida de felicidade e riqueza poderia chegar ao fim algum dia.

Mas então ele morreu, e o peso de suas palavras recaíram sobre os meus ombros, e então eu pude entender de fato o que ele queria dizer.


Nunca passei pela a dor de perder alguém, nunca nem passou pela minha cabeça que doía tanto.


Foi a partir desse fim lamentável, que veio o começo de muitas mudanças. Onde eu tive que me adaptar e aprender conquistar as minhas coisas sem recorrer ao dinheiro, e criar relações com pessoas totalmente diferentes das que eu estava acostumadas a conviver.


Mas a verdade é que não estava preparada para essa mudança tão radical de repente, hábitos não são esquecidos de um dia pro outro, e você sofre tentando se encaixar em um mundo que não é o seu, ainda mais sem uma figura paterna do lado.


Quando você muda de cidade, você tem que deixar tudo pra trás, e se abrir para coisas novas, mas ao contrário disso eu me fechei. Eu me senti a mais injustiçada das criaturas, sozinha, desamparada.


O que dificultou um pouco minha adaptação, permitindo que acabasse procurando formas mais fáceis de lidar com a frustração.

Aí eu eu conheci o Fred, aquele ser tão imperfeito, porém perfeito aos meus olhos.

Que me entorpeceu de boas sensações, das quais eu nunca havia sentido antes, me proporcionado um amor prematuro, intenso e me fazendo me esquecer da dor por enquanto.

Eu me sentia anestesiada em seus braços.

Mas aí ele me abandonou.

E eu sofri muito, tentando entender o porquê.

Sabe quando o efeito da anestesia acaba, e a dor vem arrebentando tudo, foi assim que que eu me senti.

Era tanto peso para uma pobre menina suportar, com o abandono dele eu voltei a ficar sozinha, e com uma série de problemas acumulados.


Tudo que eu acreditava sentir por ele se perdeu em um mar de culpa e ressentimento. E eu fui forçada a olhar para a minha vida com outros olhos e percebi que ela não estava tão bem assim.


Eu perdi as esperanças. Fred era como uma droga alucinógena que me transportava para outra realidade, da qual eu me sentia livre e segura, mas doeu descobrir que na verdade toda essa segurança nunca existiu.

Depois disso fui forçada a lidar com a dor.

Uma dor que eu vinha fugindo a muito tempo.


Depois de passar por essa dolorosa decepção, e ter saído dela viva, pensei ter encontrado outra chance de acreditar no amor novamente, dessa vez com todos os meus problemas resolvidos

.

Com o Peter.

Ah, o Peter, o que dizer sobre ele, já faz um mês desde que ele partiu, e há uma imensa dor que sinto em meu peito, ele além de mudar de cidade, trocou o número de telefone, permitindo que eu não tenha nenhuma notícia dele desde então. Tudo que me resta dele são apenas lembranças da pessoa maravilhosa que ele foi em minha vida.



Mas se bem que foi necessário, se ele não tivesse ido embora, eu estaria até hoje brincando com os seus sentimentos, porque embora eu não o quisesse como namorado, precisava dele o tempo todo, pois me acostumei a ter ele sempre me salvando das minhas próprias merdas.

E eu preciso aprender a me salvar sozinha.

Enfim, uma nova decepção, mas que não me permitiu sofrer, porque depois de tudo que eu passei, acho que agora eu mereço um descanso, mereço no mínimo paz, e foi aí que eu decidi que não irei mais desperdiçar o meu tempo me culpando e me lamentando pelo o que eu deveria ou não ter feito, e investir esse tempo em coisas que realmente vão fazer a diferença, eu decidi que eu mesma vou atrás do meu recomeço.


E foi uma pequena frase do meu pai que me fez acordar, que me tirou da cama depois de passar dias me lamentando por coisas que não posso controlar.

"O mundo será pequeno demais pra você e suas conquistas minha filha".


E foi aí que eu parei de chorar por pessoas que simplesmente decidiram seguir suas vidas, e comecei investir o meu tempo com coisas que realmente importam. Percebendo que por mais que relações sejam importantes, o melhor mesmo e ficar sozinha, e ter uma boa relação consigo mesma antes de tudo, o que não era o meu caso, eu sempre estava colocando as pessoas como prioridade, me culpando por não ser uma boa amiga, uma boa filha e nem uma boa namorada, mas acontece que você não tem que ser o que as pessoas querem que você seja, e sim o que você quer ser.

Não tem como você abraçar o mundo.

E eu quero ser uma pessoa bem sucedida, dona do próprio nariz, e principalmente inabalável.

Nenhum homem vai me fazer sofrer novamente.

Eu nunca precisei lutar por nada, tudo era fácil pra mim, então me acostumei com o jeito mais fácil de resolver as coisas, fugindo, foi assim com a bebida.

Mas tudo será diferente daqui pra frente.

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora