Capítulo 47

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Quando acordei no dia seguinte, tudo parecia ter sido um pesadelo horrível, e eu prefiro acreditar que sim.

Depois de tudo que eu passei eu só quero esquecer esse episódio ruim, assim como todos os outros e focar apenas na minha recuperação.

Ao levantar da cama, sinto alguém agarrar firme o meu braço, quando me viro percebo o semblante assustado e sonolento de Peter.

A gente acabou se envolvendo ontem a noite, e como da outra vez, notei a mesma carência transparecer em seu olhar, e a maneira como ele tentava se livrar da dor e da frustração, forçando o seu corpo a sentir novas sensações para se desvincular das antigas.

E ninguém melhor do que eu para compreender o que ele estava sentindo.

É como se ele também tivesse perdido uma pessoa muito importante em sua vida e estivesse lutando para tentar esquecê-la.

Levei sua mão até meus lábios, beijando-a sutilmente e sorri afim de acalmar seu coração angustiado.

____ Pra onde você está indo? - Ele pergunta logo depois, com receio da minha resposta.

____ Eu... vou ver a minha mãe, ela deve está preocupada e também aproveitar para pedir desculpas - Respondo um pouco triste, me desprendendo rapidamente de sua mão e recolhendo as roupas que ficaram ali jogadas pelo chão.

Duas almas incompreendidas em busca de consolo.

____ Quer que eu vá com você? - Ele se oferece.

____ Não, eu preciso fazer isso sozinha - Sorri fraco.

____ Então eu te levo - Ele insistiu e eu notei que ele estava começando ficar agitado como se ficar sozinho fosse perturbador demais pra ele.

____ Peter?

____ Eu só preciso me lembrar onde coloquei a chave do carro, espera onde eu coloquei mesmo? Ah lembrei - Ele disse rindo de nervoso e acelerado, começou a vestir a calça, em seguida calçar os sapatos.

Subitamente segurei seu rosto e olhei dentro dos seus olhos.

____ Ei Peter, se acalma, eu vou, mas eu prometo que eu vou voltar dessa vez..

Na verdade eu não iria voltar, mas para acalmar alguém, toda ideia que conforte é valida.

Ele soltou o ar profundamente e uma lágrima de alívio rolou pelo seu rosto, mas ele a limpou rapidamente e depois sorriu,pra disfarçar sua aflição.

____ Está bem então - Disse.

Ele escostou do meu lado na cama, enquanto eu vestia a blusa, e ficou em silêncio, observando minuciosamente cada movimento que eu fazia, tentando conter o desespero que era evidente em sua expressão.

Mas eu também estava começando a ficar ansiosa, até porque eu estava com medo de que a minha mãe não me perdoasse dessa vez.

Peter então intercalou o tremor em minhas mãos, segurando as, depois olhou nos meus olhos.

____ Fica tranquila vai dá tudo certo.

Sutilmente eu estiquei a minha mão até o seu peito.e senti o quão acelerado o seu coração estava, e o encarei triste, mas ele abaixou a cabeça relutante tentando mais uma vez esconder sua dor de mim.

Mas eu não o julgo, tem coisas que é melhor não dizer.

Então apenas apoiei minha cabeça em seu ombro.

____ O que estamos tentando fazer? - Suspirei.

Ele suspirou em resposta com os olhos voltados para o nada, pensativo.

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora