A bebida, por mais tentadora que pareça, não é a solução dos seus problemas, porém a sensação que ela te causa é viciante.E eu tinha perdido totalmente o controle.
Um dia, eu estava fazendo compras rotineiras com a minha mãe no supermercado quando passei pelo setor de bebidas e senti vontade de beber quase que incontrolável.
Até senti a necessidade de levar uma daquelas garrafas pra casa, portanto se eu a colocasse no carrinho, minha mãe logo iria perceber.
Passei direto por uma garrafa específica, tentando resistir ao máximo à tentação.
Chegava a ser excitante, imaginar aquele líquido escorrendo pra dentro da minha boca e segundos depois a leveza dominar a minha mente, a paz.
Por impulso, eu agarrei a garrafa e pensei numa forma de tirá-la dali sem que ninguém percebesse.
Coloquei ela por baixo da blusa moletom que eu estava usando, mas ao passar despercebida pelo caixa o sensor apitou e o meu plano foi pro saco.
Então percebi que eu ainda estava segurando ela na mão pensando nessa possibilidade, mas estremeci assim que o segurança veio na minha direção.
—– Eu só estou lendo o rótulo — Sorri nervosa assim que ele se aproximou
Ele assentiu e passou por mim, fechei os olhos, pensando no tamanho da burrada que eu estava prestes a fazer.
Coloquei a garrafa de volta no lugar e segui para onde minha mãe estava e sorri despreocupada pra ela, sentindo o meu coração palpitar.
...
Passei o dia inteiro em casa, perdida em pensamentos, questionando o real sentido da vida, quando senti novamente a dor das lembranças me atormentar.
E outra vez senti o aperto no peito, a falta de ar e o tremor nas mãos.
Senti a ansiedade sucumbir o meu corpo.
Levantei da cama e procurei pela casa toda, qualquer tipo de distração, mas não encontrei nada, e comecei a ter um ataque de pânico.
Então deitei no chão e fiquei em posição fetal até esse sentimento ruim passar, mas a inquietação era tanta que o meu corpo ficava agitado e muitas vezes eu chorava e me debatia tampando os ouvidos para não escutar os meus próprios pensamentos.
Até que um deles me levou para o lugar onde a minha mãe guardava as suas economias, e o sentimento proibido voltou a me perturbar.
"Pega, ela nem vai perceber"
"Você fala que pegou pra comprar salgados. "
"Um gole, e você fica em paz"
—– Aaaaah! preciso sair daqui.
Me levantei do chão e corri para fora, afim de fugir daquelas vozes absurdas que se intensificavam na minha cabeça.
Sentei na calçada ofegante.
Mas sou tomada pela lembrança dele, me olhando de longe, e me chamando para um passeio ao ar livre. Fechei os olhos e vi claramente o seu sorriso e seu olhar me fitando.
—– Keith, sai já daí, o sol está estragando a sua pele — Ele puxou de leve o meu braço, mas eu recuei.
—– Me solta.
Eu o encarei, furiosa.
—– Muitas coisas estão estragando a minha pele agora, e não o sol — Soltei amargamente.
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Desilusão
RomanceApós passar por uma desilusão amorosa, Ana não vê outra alternativa a não ser se embriagar como uma forma de amenizar a sua dor, mas vai perceber que o seu sofrimento está bem longe de acabar.