9 Capítulo

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“Ele foi bom e delicado, mas era mal e era tão mal-educado
Foi tão gentil e tão cortês
Por que será que não notei nenhuma vez.”
A Bela e a Fera, Alguma coisa acontece.

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          Vinho demais causa amnésia

Passei a segunda-feira sozinha no apartamento. Todos estavam trabalhando: Alex e Lena estavam de plantão no hospital, e Bryan, na delegacia (descobri por meio da Nia que ele era delegado de polícia).

Só me movimentei do sofá até a geladeira e da geladeira até o sofá, tirando minha caminhada para a cama quando o sono ameaçava me vencer. Minhas únicas companhias eram krypton e a gata que, a cada dia, parecia gostar mais de mim, até me pediu colo enquanto eu via TV.

Só não morri de tédio porque passei boa parte da noite trocando mensagens com Nia sobre o que víamos na TV, Embora eu tivesse receio de fazer amizade novamente, era obrigada a encarar que sentia falta de rir com alguém, de mandar uma mensagem idiota ou de uma ida ao bar mais próximo. Minha solidão era maior que o medo, então quando ela me convidou para um cinema no dia seguinte, não pensei duas vezes antes de aceitar. Eu não precisava me apaixonar por ela, certo? Eu não precisava entregar minha confiança e meu coração de bandeja como fizera antes, mas podia aproveitar sua
companhia.

Na tarde de terça-feira resolvi tomar um banho extremamente demorado de banheira. Ainda faltavam algumas horas até que Nia chegasse para me buscar. Levei minha toalha e minhas roupas
para o banheiro central do apartamento e me afundei na água quente tentando relaxar. Levei um susto quando a porta foi aberta abruptamente e um vulto entrou depressa e a fechou.

– O que você está fazendo? – perguntei irritada. Lena se virou para a banheira e sua face ruborizou imediatamente. – Vira para lá, droga! – gritei, tentando me cobrir.

– Eu pensei que estava vazio e eu estava apertada. Desculpa, tá legal? – falou rindo. – Por que você não trancou a porta?

– Você não disse que estava apertada? Dá fora!
Ela saiu rindo da minha cara enquanto eu morria de vergonha. Lógico, por que eu não tranquei a maldita porta?

Não consegui mais relaxar no banho, então resolvi me trancar no quarto e só sair quando Nia chegasse, não queria ter que encarar Lena depois dessa. Deitei na cama onde o gato me esperava e comecei a pensar no meu plano. Mal notei quando alguém bateu na porta.

– Nia pediu para você descer – avisou Lena com um sorrisinho zombeteiro no rosto, de certo pensando no que tinha acontecido mais cedo.

– Por que ela não me ligou? – perguntei, levantando e pegando a bolsa.

– Ela disse que tentou e mandou perguntar se você enfiou o celular na…

– Ok, deixa pra lá, já entendi – falei passando por ela.

– Não precisa se envergonhar sobre hoje. Eu não vi nada.
Por que será que eu não acreditava nela? Talvez porque ela estivesse rindo da minha cara. Não respondi. Desci de escadas até o térreo para tentar aplacar um pouquinho da minha raiva, que,
mesmo assim, foi percebida pela irmã da idiota logo que sentei ao seu lado.

– Que bicho mordeu você? – perguntou, me dando um beijo estalado na bochecha.

– Sua irmã me viu tomando banho e agora não para de me irritar.

– Assim, logo de cara? Nem pagou um jantar antes? – Ela era mais parecida com ela do que eu imaginava.

– Nia – alertei, mas ela apenas deu risada e saiu da vaga.

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora