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Cavalo BrancoFoi difícil não contar nada para meus pais e nem para minha avó, pois eles eram insistentes. Ainda bem que eu era teimosa o suficiente para não ceder.
Acordei cedo e resolvi ir à praia. Eu iria à nossa praia me despedir definitivamente das minhas fantasias com a maldita garota de olhos verdes, já que eu já havia dito “adeus” para a garota de carne
e osso. A essa altura ela já deveria ter descoberto que eu tinha ido embora, e mesmo assim não teve a decência nem de me ligar para se desculpar – não que eu fosse aceitar, claro. Depois dessa
despedida, eu resolveria o que fazer com a minha vida, mas provavelmente ficaria na casa dos meus pais até minha filha nascer e depois me estabeleceria em outro lugar. Se até lá minha mãe ainda não tivesse conseguido me deixar maluca.– Vou à praia passear um pouco – avisei minha avó.
– Não entre no mar – alertou –, dizem os antigos que faz mal para as grávidas.
Sorri.– Pode deixar, vovó – respondi ao lhe dar um beijo.
– Filha – chamou quando eu já estava saindo –, você vai mesmo deixar o cavalo ir embora?
– Vou. – Ninguém precisava de um cavalo que a trocava por qualquer égua.
Peguei o carro e dirigi até a praia, sentindo a brisa no rosto. O dia estava lindo e ainda não eram nem dez da manhã. Estacionei o carro, caminhei pela orla e estendi uma toalha na beira do rio.
Molhei o dedinho do pé. A água estava quente, convidativa. Eu faria minha despedida no lugar em que o conheci. Andei devagar até chegar quase ao meio do riacho, sentei-me na água, inclinei meu corpo para trás, apoiando minhas mãos na areia do fundo, e deixei o sol beijar meu rosto.Abri os olhos quando ouvi um barulho na água. Lena estava na minha frente com água até a altura dos joelhos. Vê-la novamente da mesma maneira em que a vi pela primeira vez, entrando de tênis no rio, fez minha garganta se apertar. Desta vez ela não poderia me salvar, não dela mesmo.
– Vai embora – pedi na minha melhor voz. Vai antes que eu a afogue, completei em pensamento.
– Eu não vou a lugar nenhum – respondeu, sentando-se diante de mim, dentro da água. – Eu não quero mais vê-la, Lena – insisti, ficando irritada. – Por favor, vai embora. – Por favor, antes que eu desmorone.
– Não – respondeu, franzindo o cenho.
– Então eu vou – declarei e me levantei. Ela também se levantou e impediu que eu passasse, me segurando pelos ombros. Eu queria socar seu rosto. – Me solta.
– Não até você me ouvir – pediu gentilmente, segurando meu rosto.
– Eu não tenho nada para ouvir! – gritei. – Tudo o que eu tinha para saber, descobri ontem.
– Você não sabe de nada – disse ela, me olhando nos olhos. – Eu não dormi com ela.
– Então por que ela estava sem roupa na sua cama?! – berrei o mais alto que pude.
– Porque ela roubou a chave quando foi pedir açúcar para você.
Eu me lembrava desse dia, mas não acreditava nela e deixei isso bem claro:
– Não acredito em você – cuspi cada palavra carregada de ódio.
– Eu já imaginava – disse, apontando para a saída da praia. – Por isso eu trouxe reforços. – Olhei na direção que ela apontava e vi Alex, Nia e Bryan acenando para nós. – Você acha que
se eu estivesse mentindo Alex estaria aqui? – Pouco provável.
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A Garota dos Olhos Verdes - Supercorp
Roman d'amourQuando Kara era criança ela foi ao seu primeiro casamento, ela se apaixonou pela cerimônia, e quando uma música tocou uma moça toda de branco entrou pela porta da igreja com buquê de pétalas amarela e foi a direção ao rapaz que estava com os olhos m...