33 Capítulo

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“Talvez… talvez a emoção se torne tão intensa, que o corpo simplesmente não consiga contê-la. A mente e os sentimentos tornam-se poderosos demais, e o corpo chora.”
Cidade dos Anjos
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                              Espera

Lena
Ajoelhei em seu sangue e me joguei no chão ao seu lado, medindo seus batimentos cardíacos. Estavam muito mais baixos do que o normal.

– Encontrei! – gritei e desabei.

Coloquei para fora tudo que senti de angústia nas últimas horas. Solucei enquanto pegava seu rosto em minhas mãos só para sentir seu calor, mesmo que fosse quase escasso.

– Acorda, amor – implorei, mas você não reagiu.

Tirei meu moletom e coloquei por cima de seu corpo. Não chegava a ser o ideal, mas eu sei que você não gostaria que ninguém a visse assim. Olhei ao redor. Eu não precisava pensar para entender
o que havia acontecido. Quando eu era residente, não foram um, nem dois casos parecidos que chegaram à emergência. Agora eu só podia rezar para que vocês duas fossem fortes. Bryan foi o primeiro a aparecer na porta; ele colocou as mãos na cabeça e soltou um palavrão, e não vi a reação de Alex. Voltei meus olhos para o seu rosto, sem cor e quase sem vida.

O que eles fizeram, meu Deus, o que eu tinha feito? Eu deveria tê-la protegido!
Os paramédicos invadiram o banheiro e me pediram para dar espaço. Eu poderia ter discutido, dito que sou médica, mas entendia apenas de corações e o meu, naquele momento, estava partido.
Corremos atrás da maca pelo corredor estreito da casa e nos amontoamos enquanto você era colocada na ambulância. Eu queria mais do que tudo na vida ir com você, segurando sua mão, mas sua irmã era sua família, o direito era dela. Indiquei o caminho para que ela subisse.Alex me surpreendeu:

– Vai você.

Não precisou falar duas vezes; tirei as chaves do meu carro do bolso e joguei para ela, subindo na ambulância para ficar ao lado da mulher que eu amava. Pedi aos paramédicos que a levassem até o hospital onde eu trabalhava. Eles não queriam, por existirem opções mais próximas, mas enfim acabaram cedendo. Liguei para o seu obstetra, que estava de folga, mas ele prometeu nos encontrar
lá.

Peguei sua mão e me afastei enquanto eles a medicavam. Você estava tendo uma hemorragia, havia perdido muito sangue e sua pressão estava baixa, assim como os batimentos cardíacos. Rezei para que não tivesse uma parada respiratória e que conseguisse chegar ao hospital. Não tinha como precisar os danos ao bebê antes de exames mais complexos.

Quando chegamos ao hospital, Dr.Arthur e sua equipe já nos esperavam na porta. Passaram você para outra maca e entraram.

– Você fica aqui, Lena – pediu ele, segurando firme nos meus ombros.

– Não – resisti.

– Você só vai me atrapalhar lá dentro – disse depois que seus enfermeiros entraram com você na sala de trauma. – Eu venho falar com você assim que possível.

Ficamos duas horas sentados na sala de espera sem nenhuma notícia. Bryan estava na delegacia cuidando da papelada da prisão em flagrante, tanto do Mike, quanto da Imra. Eles acabaram
confessando tudo.

Alex conseguiu falar com Dr. Arthur apenas para lhe contar quantos
comprimidos você havia ingerido, mas não tinha conseguido vê-la. Os seus pais, os meus pais e minha irmã estavam a caminho. Tudo parecia surreal.
Alex tinha a cabeça entre as mãos e seus ombros também chacoalhavam. Já eu, bem, eu estava com raiva. Raiva de você por querer ir embora e de mim por não ter demonstrado com mais clareza
que não a deixaria ir. Se eu não tivesse tido um ataque de ciúmes, não teríamos brigado, você não teria saído e não teria sido pega.

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora