30 Capítulo

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“Não consigo sentir meus sentidos
Apenas sinto o frio.
Todas as cores parecem desaparecer
Não consigo alcançar minha alma.
Eu pararia de correr, se soubesse que havia uma chance.
Me dilacera ter de sacrificar tudo, mas sou forçada a desistir.”
Within Temptation, Frozen.
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Pesadelos podem se tornar realidade

Antes de ir eu tinha uma última dívida a ser paga. Parei no supermercado mais próximo de casa, estacionei o carro e fui buscar o que precisava. Encontrei o freezer com rapidez e, para minha sorte,
tinham três potes de sorvete Häagen-Dazs de café me esperando; os dois que eu devia a Lena e um para o meu monstrinho, que já estava me fazendo salivar, isso porque eu nem gostava daquela porcaria de sorvete.

Paguei e voltei para o meu carro. Assim que coloquei a chave na porta, alguém
me virou com brusquidão, eu perdi o equilibrou e caí em cima dela, que me pegou pelos ombros e me encostou no carro. Imra.

– Feliz em me ver, amiga? – perguntou sarcasticamente.

– Nem um pouco – respondi ao me afastar dela e me encostar no meu carro.

– Então somos duas – replicou, pressionando seu corpo contra o meu, e senti um objeto pontiagudo encostando na minha costela esquerda. Abaixei os olhos instintivamente para me deparar com uma lâmina. Acho que essa era a hora de gritar. – Nem pense nisso – ameaçou –, se você abrir a boca, eu mato você aqui nesse estacionamento. – Meu Deus, eu estava ferrada. – Vai andando na minha frente até aquele carro preto estacionado – ordenou.

Não tive outra escolha além de agarrar a sacola com o maldito sorvete o mais forte que pude e andar lentamente até onde ela queria. O carro era alugado, pude ver um emblema de uma locadora colada no para-brisa. Na verdade eu só tentava me distrair enquanto rezava para que alguém visse essa lunática com uma faca na mão pressionando minhas costas. Por que raios eu não tinha avisado a ninguém onde estava indo? Por que eu, gênio como sempre, resolvi fugir da situação mais uma vez? Isso só podia ser um castigo do destino para me mostrar o quanto eu era covarde. Imra abriu a porta do passageiro e empurrou meus ombros para baixo até que eu entrasse.

– Olha quem apareceu para a festa – disse uma voz, cuja mão agarrou meu ombro para me impedir de fugir pela porta enquanto Imra dava a volta no veículo. Mike.

– O showzinho em casa fazia parte do plano. Não é? – perguntei, entendendo de imediato a situação. Como eu era burra.

– Você achou mesmo que ele ia me deixar para voltar com você? – perguntou Imra, rindo ebdando partida no automóvel.

– O que vem agora? – Eu parecia muito mais corajosa do que me sentia. Eu já estava com medo só de ver Imra com uma faca. Com a ajuda do Mike, fosse o que fosse que eles planejavam, eu não teria a menor chance.

– Agora você cala a boca – ordenou Mike.

Mais uma vez me perguntei onde eu estive perdida nos últimos três anos para não ter percebido que tipo de pessoas eles eram. Ser deixada no altar ainda vá lá, mais isso era sequestro, era um
criminoso.

– Pega o celular dela – disse Imra,  enquanto dirigia e se afastava do nosso bairro. Mike retirou minha bolsa e a sacola de compras da minha mão com força, fazendo um vergão vermelho se
formar onde antes estavam as alças. Ele retirou o aparelho de dentro da bolsa, desligou-o. Comecei a ficar realmente apavorada.

Os minutos não passavam, e cada vez nos afastávamos mais dos bairros conhecidos. Eu já não fazia ideia de onde estava; sempre fui péssima para guardar caminhos. Por pior que fosse, estava mais tranquila presa com eles dentro do carro do que me sentiria no nosso destino final, disso eu tinha certeza.

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora