12 Capítulo

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“Se a resposta é amor, você poderia reformular a pergunta?”
Lily Tomlin

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                Observando estrelas

Eu tenho um sério problema quando digo “não” a alguém. Não sei se é minha expressão pouco confiável ou o tom de dúvida na minha voz, mas o fato é que a Nia realmente me arrastou para o shopping e me fez gastar uma pequena fortuna em algumas roupas e em um novo corte de cabelo, que na verdade não fez diferença alguma, e me recusei a jantar fora e aproveitar a noite de terça-feira em algum bar da vida.

Assim que abri a porta do apartamento, eu o encontrei vazio e escuro, Krypton veio na minha direção com a língua de fora e, pela primeira vez em semanas, me dei conta que não lembrava quando foi a última vez em que o levei para um passeio.

Resolvi trocar de roupa e levá-lo para uma caminhada na praia. Fui em direção ao meu quarto e percebi que a porta de Lena estava aberta. Havia uma certa claridade lá dentro e resolvi conferir se ela não havia pegado no sono com a televisão ligada, ou algo assim, mas minha presença foi percebida imediatamente.

– Oi – disse ela, sorrindo. – Onde você estava?

– Com a sua irmã – respondi. – Agora vou levar o cachorro para passear, tenho sua permissão?

– Depende, vai ser só uma voltinha na esquina? – perguntou, ficando séria de repente.

– Não, vou levá-lo à praia.

– Não vai, não – respondeu, ficando séria.

– Como é que é? – Viu só? Ela tinha o dom de me irritar.

– Já está escuro.

– E daí?

– Como você é teimosa, garota, não é seguro andar por aí depois que escurece, principalmente na praia.

– Eu não estou indo sozinha, estou indo com meu cachorro– respondi irritada.

– Que é mais manso que a gata.
Dei as costas para ela e fui para o quarto me trocar.

Troquei de roupa, peguei uma canga de
praia e minha carteira, enfiei tudo na bolsa e fui atrás do Krypton. Assim que cheguei à sala, Lena já estava calçando o tênis.

– Aonde você pensa que vai? – A pergunta era só para confirmar, porque eu já fazia ideia de onde ela pensava que ia.

– Vou com você – disse se levantando.

– Não vai mesmo.

Coloquei a coleira no cachorro e o puxei para fora do apartamento. Chamei o elevador e pensei, só pensei, que tinha me livrado dela.

– Vou sim – rebateu – Droga esqueci a carteira, me espera aqui, entendeu?

– Claro.

Mas assim que ela entrou no apartamento, fugi com krypton pelas escadas. Saí em disparada pelo prédio e só parei de correr quando já tinha aberto boa distância. Eu sei que parecia uma garotinha mimada, mas não me importava. Se ela realmente quisesse me acompanhar porque era sua vontade, eu ficaria agradecida pela companhia, mas ela apenas me tratava como se eu fosse uma criança burra que não conseguia fazer nada direito. Além do mais, a maneira como ela achava que tinha alguma autoridade sobre mim me tirava do sério, sem contar que depois do episódio do banho, eu não me sentia mais tão à vontade com ela. Ela havia contado para os pais! Que tipo de gente conta isso para os pais? Mas não era só isso. O que mais me incomodava é que eu tinha esquecido tudo o que aconteceu depois que ela me colocou na cama. Será que eu realmente tinha dormido ou apenas não me lembrava dos fatos? Isso me assustava, minha boca me assustava, porque eu era conhecida por abri-la mesmo antes que alguém me perguntasse algo. Então vai saber que tipos de besteiras eu poderia ter falado depois de apagar? Eu estava tão entretida pensando na minha burrice, que...

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora