14 Capítulo

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Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos e ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio.”
Autor desconhecido

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               Convite inesperado

Bati a porta do quarto e procurei o número da Nia nos meus contatos. Eu estava furiosa, principalmente comigo mesma. Nia atendeu no primeiro toque e assim que ouvi sua voz, desatei a chorar.

– Calma, Kara, o que aconteceu? – perguntou preocupada.

– Sua irmã, ela… – A essa altura alguém começou a bater na porta do meu quarto, que ainda bem, dessa vez eu tinha me lembrado de trancar.

– O que aquela babaca fez? – perguntou irritada.

– Eu roubei o sorvete dela. – Soluço. – Aí deixei Victória lamber o pote sem querer. – Soluço. – Aí ela passou mal. – Soluço. – Aí meu carro não pegava. – Soluço. – Aí eu roubei o da sua irmã. –
Soluço. – Para levar a gata até o veterinário.

Se eu estava esperando apoio, não viria daquela fonte, porque ela caiu na risada e eu, claro, chorei mais.

– Pelo amor de Deus, fica calma – pediu quando viu que eu não estava achando graça alguma na situação. – Quer vir dormir aqui comigo?

– Quero – solucei de novo.

– Tudo bem, estou indo aí buscar você – disse e desligou.

Quem quer que fosse bateria na minha porta até cansar. Eu não queria mais discutir com ninguém.

Não fazia ideia de por que eu tinha ficado tão emotiva por causa de uma simples discussão (isso não fazia meu perfil), mas continuei a chorar até Nia me chamar quase quarenta minutos depois.

– Kah, sou eu – disse de trás da porta, tentando virar a maçaneta. – Vamos?

Desci da cama e limpei o rosto antes de pegar minha mochila e sair. Lena estava escorada na porta do quarto dela e assim que viu meu rosto, sua expressão irritada se suavizou, somente para se torna horrorizada.

– Você está chorando? – perguntou, franzindo o cenho.

– Não, ela está lavando o olho de dentro para fora, não está vendo? – disparou Nia com cara de poucos amigos. – Precisava ter gritado com a garota por causa da droga de um sorvete?

– Ela roubou meu carro também e…

– Mais nada – Nia interrompeu a irmã e prosseguiu, inclinando-se para pegar na minha mão. – Ela já passou por muita coisa para ainda ter que aturar uma babaca como você, gritando com ela por
causa de um acidente – rebateu enquanto me puxava pelo corredor. Não sei explicar o motivo, mas o fato de ser defendida por ela me fez chorar ainda mais. Mas era tão reconfortante alguém gritar por você, em vez de com você, pelo menos uma vez na vida. Lena agarrou meu braço.

– Kara, espera – disse com ar de decepcionada. – Eu sinto muito, eu…

– Deixa a kah em paz – falou Nia, me dando um novo puxão e desprendendo a mão de Lena do meu braço. – Amanhã, quando ela estiver mais calma, você se desculpa.

Chegamos à sala e encontramos Alex e Bryan sentados no sofá, olhando assustados para a Morena de aparência meiga que estava soltando fogo pelas ventas.

– Aonde você vai, Kara? – perguntou minha irmã, de forma autoritária.

– Não é da sua conta. – respondeu Nia, antes que eu tivesse até mesmo processado a pergunta. – Ela já é bem grandinha para ter que dar alguma satisfação.

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora