28 Capítulo

2.8K 372 81
                                    

“Nunca espere demais da sorte ou dos outros, no fim não há quem não decepcione você.”
Charles Bukowski

                        ************
        Arrependimento tarde demais

Meus pais e minha avó ficaram em casa até sexta-feira à noite e, depois de uns dias, a notícia já tinha se assentado e sido engolida por eles. Alex ainda se recusava a falar comigo, ou com Lena, mas conseguiríamos sobreviver, mãe e minha avó até me levaram para fazer algumas compras para o bebê (com o patrocínio do cartão de crédito do meu pai, claro), e já se mostravam empolgadas por ter um monstrinho correndo pela casa e quebrando tudo o que visse pela frente.

Também recebi a maravilhosa notícia de que meu antigo apartamento foi finalmente vendido e que o dinheiro estaria na minha conta até o final do mês.

Eu ainda não sabia o que faria com o dinheiro da venda, se compraria ou não um apartamento, ou se ficaria aqui com Lena até as coisas se resolverem da melhor forma. Independente de qualquer coisa.

Ainda estava de licença por causa do transtorno do começo da semana, então aproveitei o apartamento vazio para assistir a um filme e me entupir de comida. Tive um sobressalto quando ouvi o som da campainha. Quem poderia ser? Todos estava no trabalho e não deviam voltar do trabalho até tarde e
o porteiro não tinha interfonado. Krypton começou a latir desenfreadamente e eu levantei para abrir a porta.

– Ah, você – disse, vendo Andrea parada do outro lado da porta.

– A Lena está? – perguntou, dissimulada.

– Não, ela está no trabalho, gostaria de deixar algum recado? – perguntei com cinismo, segurando Krypton pela coleira.

– Não, na verdade eu queria um pouco de açúcar – disse me mostrando uma xícara. – Você me empresta?

– Entra.
Como dizia minha avó, não se nega nenhum tipo de alimento nem ao pior inimigo.

Xinguei-a em pensamento por me fazer crescer tão moralista. Andrea me seguiu até a cozinha e se escorou na bancada enquanto eu pegava o dito açúcar.

– Há quanto tempo você e a Lena estão juntas?

– Pouco tempo – respondi, terminando de encher a xícara.

– Então a criança que tá na sua barriga não é dela? – olhei para minha barriga pouco aparente.

– Não – optei pela sinceridade, já que minha vida ultimamente corria mais que fofoca de último capítulo de novela.

– Então ainda há esperanças.
Fechei a porta do armário e olhei para a garota, ela sorria.

– Esperanças de quê?

– Dela lhe dar um pé na bunda. Qual é, você não acredita mesmo que ela, justo ela, vai criar o filho de outro cara, né? Você não é tão ingênua assim.

– Na verdade estamos apenas vendo o que vai acontecer – respondi. Talvez eu fosse ingênua a esse extremo, ou uma garota realmente esperançosa.

– Eu sei o que vai acontecer, ela vai ver você engordar até virar um botijão de gás, depois vai perder o interesse de olhar e tocar você, então vai lhe dar repulsa e por fim ela vai procurar alguém que não tenha leite materno escrito na testa. E ela vai achar fácil.

– Me deixa adivinhar por que – pedi colocando, o dedo no queixo como se pensasse. – Porque tem uma vagabunda caidinha por ela no 4°andar?

– Exatamente por esse motivo – confirmou, tirando a xícara da minha mão e me dando as costas.

A Garota dos Olhos Verdes - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora