NATIESE EM: NOSSAS VIDAS

Capítulo 4

NATALIE NARRANDO...

Eu estou a uma semana procurando emprego. Sou formada em arquitetura e design de interiores, trabalhei muito em São Paulo, mas logo tudo mudou e meu pai fez tudo para que eu não conseguisse mais trabalhar na minha área por toda São Paulo. Eu precisava mandar dinheiro para minha irmã e eu precisava sobreviver. Minha terapia foi interrompida, porque eu não podia mais pagar, e estava me fazendo muita falta. O emprego no bar não era o que eu gostava, mas pagava minhas contas. Cheguei em casa exausta, tomei um banho, comi e deitei um pouco. A campainha tocou, deveria ser o Osvaldo com a correspondência. Quando abri a porta assustei com quem vi.

Eu: O que você está fazendo aqui?

Pri: A gente pode conversar?

Eu: Não. Não podemos, agora vai embora.

Pri: Por favor, Natalie, me deixa explicar?

Eu: NÃO... – gritei – Como você subiu? Vou reclamar com o sindico. O Osvaldo está deixando qualquer um entrar sem se identificar – andei para dentro do apartamento e ela entrou e fechou a porta.

Pri: Eu precisava me desculpar com você.

Eu: Suas desculpas não pagarão minhas contas, não mandarão dinheiro para minha irmã. Tem noção do problema que você me causou? – falei furiosa. Eu estava com tanta raiva.

Pri: Eu estava bêbada, eu não podia ter feito o que fiz, eu não queria te prejudicar, me perdoa Natalie. Eu posso te ajudar, me diz o que você já trabalhou que eu vou arrumar um emprego pra você e muito melhor que aquele bar.

Eu: Não quero nada de você... Agora sai da minha casa. – abri a porta.

Pri: Por favor, eu posso te ajudar eu tenho uma empresa eu posso ajudar você... – tentava fazer com que eu a ouvisse.

Eu: Sai... – falei e sai de perto da porta dando as costas pra ela. Logo ouvi a porta se fechando. Eu suspirei. Quando voltei para trancar a porta tinha um envelope no aparador. Quando peguei tinha um cheque nominal de 20 mil reais com um cartão pessoal dela e uma mensagem atrás.

"Aceite, por favor. Eu te devo muito mais que isso".

Eu suspirei. Eu não podia recusar, por mais orgulhosa que eu fosse, aquilo me ajudaria por 4 meses, para as minhas despesas e para mandar para a minha irmã. Olhei o cartão e tinha o telefone da empresa dela e um número de celular também. Salvei os números no meu celular, mas não liguei e nem mandei mensagem. Na segunda feira eu depositei o cheque fiz duas entrevistas e fui pra casa. Logo o interfone tocou.

Eu: Oi?

Osvaldo: Menina Natalie?

Eu: Oi Osvaldo?

Osvaldo: Tem um moço aqui.

Eu: Que moço?

Osvaldo: Ele se chama Lucas Marques. Disse que é de uma produtora e quer falar com a senhorita.

Eu: Eu vou descer.

Osvaldo: Tá bom. – quem era Lucas? Eu não me lembrava. Eu coloquei uma outra roupa e desci. No pequeno hall do prédio ele esperava com uma roupa toda colorida e fashion.

Eu: Oi... – me lembrei quem ele era. Ele trabalha para a Priscilla... É claro... Ela de novo. – Em que posso ajudar? – me sentei de frente pra ele.

Lucas: Lembra de mim? – sorriu tirando os óculos.

Eu: Claro. Lucas, trabalha para a dona Priscilla.

Lucas: Sim.

Eu: E o que você quer comigo?

Lucas: Precisamos de uma modelo fotográfica pra uma marca de joias.

Eu: E?

Lucas: E que você é perfeita.

Eu: Não sou não.

Lucas: É sim. Já levantei sua ficha no seu antigo emprego. Você é modelo fotográfica. Seu rosto é lindo, seu cabelo é perfeito, seu corpo é lindo, suas mãos. Precisamos de uma modelo e precisa do emprego. É um freelance, aceita. A grana é alta.

Eu: De quanto tempo, que tipo de fotos e qual o valor?

Lucas: 3 dias para fotografar toda a coleção. São fotos de brincos, anéis, colares e pulseiras. Como é uso da sua imagem você receberá pelos 3 dias 6 mil reais e por 3 meses de garantia de uso da sua imagem 1 mil. Aqui temos um contrato padrão para que você veja como funciona – me mostrou e eu li as partes do contrato. – Tem 24 horas para pensar se quiser.

Eu: Ok, eu vou pensar.

Lucas: Esse é o meu cartão, tem meu celular e o telefone da minha sala na empresa, só me ligar.

Eu: Ok. Muito obrigada por isso.

Lucas: Imagina, você é linda e é uma grande oportunidade para você – piscou pra mim.

Eu: É... É sim – sorri de leve e ele foi embora. Eu subi com o modelo do contrato que ele me deu, para ler tudo certinho. Quando a Liz chegou mostrei a ela.

Liz: Olha amiga, é uma grana muito boa para 3 dias de trabalho e gostando de você, podem surgir outros trabalhos como esses.

Eu: Eu acho que ela está fazendo isso, por eu ter perdido o meu emprego por causa dela.

Liz: E se for mesmo? E dai Natalie? Você precisa desse dinheiro, você tem causas importantes para precisar desse dinheiro e não é nem as despesas desse apartamento porque eu já deixei claro que não precisa se preocupar com isso. Precisa mandar dinheiro pra sua irmã. Ela está te ajudando muito lá em São Paulo.

Eu: Sim, por isso eu vou aceitar Liz, por isso aceitei aquele cheque.

Liz: E é uma oportunidade incrível de conhecer pessoas, de criar pontes no meio empresarial. Você está no Rio, pode conseguir voltar a atuar na arquitetura e no design de interiores. Você ama isso, olha o trabalho lindo que você fez na mini reforma desse apartamento pra mim Nat. Ficou incrível. Não pode se resumir a bares, há coisas que você não foi feita para estar. Você merece muito mais. Você não é apenas uma garota num bar – eu já estava chorando.

Eu: Eu sinto tanta falta da minha irmã e de tudo que eu deixei pra trás Liz.

Liz: Eu sei... Eu sei que sente, mas logo poderá ter de volta e pra isso precisa estabilizar sua vida Natalie. Não pode dar esse gostinho para os seus pais.

Eu:É... Eu não posso. –no dia seguinte eu liguei para o Lucas dizendo que eu topava e ele disse que naquarta feira as 13 horas um carro me buscaria em casa. Era para estar somentesem maquiagem e sem esmalte. Eu acordei cedo arrumei a casa, fiz almoço, logoalmocei tomei banho me troquei e as 13 horas em ponto o carro estava a minhaespera.