Capítulo 30

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NATALIE NARRANDO...

Uma pancada muito forte e tudo fico preto. Eu senti uma dor imensa na minha cabeça e na minha barriga. A última coisa que ouvi foi o grito da minha filha. Céus... Minha neném estava no carro. Quando acordei eu tinha um tubo na minha garganta, eu o sentia levemente, eu estava anestesiada. Um médico alto e mais velho chegou falando comigo. Ele tentou desligar a ventilação, mas ficou difícil respirar, minha cabeça doía. Ele achou melhor deixar mais um tempo. Eu comecei a chorar e ele me pediu calma disse que eu tinha sofrido um acidente de carro com a minha filha e que ela estava bem e havia recebido alta no dia seguinte com algumas escoriações apenas. Senti o alivio em saber que ela estava bem e em casa. Mas quem estaria com ela? A Liz talvez, porque no aeroporto minha irmã viu que havia esquecido o celular em casa. Eu passei por alguns exames e logo depois a Priscilla entrou no quarto. Eu me apavorei com a presença dela, pensei na Lulu e ela me surpreendeu. Ela estava cuidando da minha filha. Minha filha a chamava de maminha e estava andando. Eu perdi tudo isso. Ela disse o quanto me amava e estava esperando por mim. Meu coração ficou tão mais leve depois disso. Minha irmã chorou ao me ver, falou que a Luísa estava bem, que a Pri estava sendo uma maminha como a Lulu a chama excepcional que ela estava evoluindo muito bem esses dias em interação e agora andando também e que talvez descartaria o autismo que estávamos investigando. Que a Pri e o Lucas compraram uma cozinha completa pra ela e os três passavam horas brincando de casinha. Ela ficou falando um tempo comigo me tranquilizando e saiu. Eu acabei dormindo me sentia exausta. Quando acordei eu não estava mais com o tubo na garganta e sentia sede. Uma enfermeira veio me ver, checou meus batimentos, minha pressão.

Eu: Eu... Eu estou com sede. – falei baixo.

XX: Eu vou trazer água pra você tá? Está com fome?

Eu: Não... – ela saiu e voltou com água e um canudo. Eu bebi devagar a garganta doía um pouco. Logo o doutor Alex veio falar comigo. Fez uns testes antes.

Alex: Está sentindo alguma dor?

Eu: Minha garganta dói um pouco, e minha cabeça também dói um pouco.

Alex: É assim mesmo, você está a 6 dias assim, ficou com o crânio aberto para desinchar, a recuperação é um pouco demorada, não poderá se esforçar, mas você vai ficar bem. Você está sem febre, está com a pressão boa, seu exames estão limpos então vamos descer você para um quarto assim poderá ter acompanhante. Você ficará aqui ainda por uns 8 dias dependendo da sua evolução tá?

Eu: Eu posso ver minha filha?

Alex: Sim, pode. Mas nada de exagerar, de ficar muito tempo com ela no colo, lembre-se, você está operada. – fui levada para um quarto, a Liz esteve lá levou algumas coisas pra mim. E foi embora, ela tinha um compromisso do trabalho dela, e logo a minha irmã chegou para ficar comigo. Ela me ajudou a jantar depois que a enfermeira me ajudou com o banho, ela também jantou e ficamos conversando.

Eu: Como a minha filha está?

Emy: Provavelmente você vai sair daqui e nem filha vai ter mais – riu – Tudo é a maminha. É "Babanho" com a maminha, é tetê com a maminha, é colinho.

Eu: Eu estou tão surpresa com isso.

Emy: Ela ficou muito surpresa também quando soube dela assim no susto.

Eu: E como ela soube?

Emy: Quando aconteceu o acidente, não conseguiram falar comigo e nem a Liz então como tinham diversas chamadas dela para você, ligaram para ela. Ela veio correndo para cá e depois que falaram do seu estado que precisaria de cirurgia, disseram que a sua filha estava bem e ficaria 24 horas em observação e ela poderia ficar com ela. Ela ficou sem entender nada. Depois ela falou com a Liz, e a Liz falou mais ou menos algumas coisas pra ela e ela entendeu tudo. Ela está rendida pela Lulu, mana. Ela trabalha de casa, ela está morando no seu apartamento, a cadeirinha do carro está no carro dela, a Liz comprou outra, ela me emprestou um dos carros dela pra minha locomoção até eu comprar o meu que por sinal vou resolver essa semana, ela fez marmitinhas pra Luísa e congelou, pra ela comer bem, pra evitar comida de restaurante. – eu estava muito chocada. – Ela precisa ir na empresa dela, ela leva a Luísa junto, a mãe dela está apaixonada também a Lulu já chama de vovó. Ela está rendida Nat. Essa mulher te ama demais e ama sua filha como se fosse dela. Eu a vejo brincar com a Luísa o sorriso no rosto, os olhos brilhando a cada vez que a Luísa faz algo novo. – eu sorri.

Eu:Eu tive tanto medo de falar da minha filha pra ela. De tudo isso criar umterror entre nós que eu preferi virar as costas e não me envolver, não mepermitir. –conversamos longamente. Eu dormi estava exausta. Na manhã seguinte tomei banhocom a ajuda da enfermeira, tomei meu café da manhã e fui caminhar pelo corredorcom a ajuda dela. Eu precisava me movimentar. Eu sentia um pouco de dor decabeça, mas era normal por causa da cirurgia. Voltei para o quarto dormi umpouco depois almocei. Minha irmã tinha ido pra casa. Logo alguém bateu na porta eu pedi para entrar e quando quem era, meu coração quase explodiu. A minha pequena vinha andando.

Lulu: Nanay... – sorriu mostrando seus dentinhos. Ela estava uma mini adulta. Usava uma calça jeans, um tênis branco com brilhos rosa e uma camisa polo rosa. Seus cabelinhos enroladinhos nas pontas com um laço rosa. Ela tinha alguns esfolados no braço e no rosto deveria ser do acidente.

Eu: Meu amor, você já está andando filha? – a Pri apareceu na porta com a bolsa dela do lado e um buquê de rosas.

Lulu: Maminha, ati Nanay...

Pri: Vou te colocar na cama. – ela a colocou na cama. – Oi pequena. – me deu um beijo na testa.

Eu: Oi... – sorri. – Que surpresa linda.

Pri: Eu prometi que voltaria logo. – sorriu.

Lulu: Nanay?

Eu: Oi filhinha? A mamãe está tão feliz em te ver – a abracei e a enchi de beijo. Elas ficaram ali o dia todo comigo. Quando a Luísa dormiu ela foi embora, pra ela não chorar na hora de ir. E a minha pequena ficou o tempo todo falando maminha e nanay. Ela estava tão apegada a Priscilla que eu fiquei um pouco preocupada. Todos os dias elas foram me ver durante a tarde e quando ia receber alta a Pri foi dormir lá.

Pri: Está precisando de alguma coisa?

Eu: Sim.

Pri: De que?

Eu: Um beijo decente da maminha... – ri e ela riu e veio me beijar. Senti meu corpo todo arrepiar. Que saudade eu estava dela. A beijei calmamente e foi um beijo de amor, de saudade. – Sinto sua falta...

Pri: Eu também sinto. – sussurrou.

Eu: Mas a gente precisa conversar antes.

Pri: Eu sei... Você tem que me contar o que houve com você em São Paulo e eu preciso te contar o que houve comigo por eu sempre ter dito que não queria filhos e agora sou a mãe postiça mais apaixonada do mundo – riu.

Eu: Ela está apaixonada por você.

Pri: E eu por ela e pela mãe dela.

Eu: Deita aqui comigo um pouco... – dei espaço a ela e ela deitou. – Como estão as obras?

Pri: Estão indo bem. Tudo nos conformes. A Marina está cuidando das pendências por você.

Eu: Ela esteve aqui essa semana.

Pri: Vamos inaugurar antes do previsto.

Eu: Isso é bom. E o que a sua mãe está achando de ser vovó? – ri.

Pri: Minha mãe está no céu amor... Eu nunca vi a dona Patrícia assim. Na casa dela já tem um cantinho cheio de brinquedos pra ela. Passam horas brincando, e ela aprendeu a comer... Como que ela fala mesmo – pensou – "Bóculis e cuve fô" da vovó.

Eu: Ai socorro eu vou esmagar minha cria – ria.

Pri: Tem outra palavrinha é... – pensou – "celoulinha". A mamãe compra aquelas cenouras pequenas e cozinha com carne ai adora a "celoulinha".

Eu: Oh meu Deus... Ela tá falando muito, ela não falava nada além de Nanay.

Pri: Ela está evoluindo muito amor. Ela está interagindo bastante com as pessoas, sem receio sabe. Acho que o autismo que o medico de São Paulo estava investigando pode ser descartado. Ela brinca com as crianças do prédio quando a gente desce no play. Eu encontrei uma médica e uma psicopedagoga sensacional aqui se quiser leva-la, ela pode falar mais sobre ela, fazer uma análise.

Eu: Claro vamos ver isso. Eu estava muito preocupada com isso, por causa da mudança de estado, pessoas novas, a convivência comigo 24 horas, logo vem a escolinha. E eu tenho tanto medo que ela sofra de alguma maneira.

Pri:Entendo... Mas vamos leva-la a especialistas e vai ficar tudo bem... – ficamos ali nos curtindo em silêncio até queeu dormi.

NATIESE EM: NOSSAS VIDASOnde histórias criam vida. Descubra agora