Capítulo 56

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Eu: Mãe, a gente pode conversar?

Mãe: Claro filha. Eu coloquei a roupa que estava lavando na secadora já, e as louças na lava louça, juntei os brinquedos que a Lulu espalhou pela casa toda. Onde ela está?

Eu: Dormindo. A Natalie foi trabalhar depois de me levar no hospital pra tirar o colete e fazer exame.

Mãe: E então o que quer dizer?

Eu: Dói... Dói muito reabrir essa pousada e se eu não disser isso pra você, isso vai doer toda vez que eu entrar lá.

Mãe: Do que está falando?

Eu: Eu não queria reabrir essa pousada agora. Eu sou nova, e eu ainda sofro muito com a perda do papai e é claro que você não sabe, porque você seguiu em frente e eu não estou reclamando, mas eu não segui em frente, eu senti e ainda sinto dor e falta do papai. Eu vivia naquela pousada com ele e voltar lá, é esperar meu pai aparecer me gritando pelos corredores a qualquer momento e você quase me fuzilou para abrir aquele lugar.

Mãe: Priscilla, era o desejo do seu pai – falou indignada e um pouco nervosa.

Eu: Mas eu não estava pronta e você não respeitou isso mãe.

Mãe: E eu não sabia que você não estava pronta.

Eu: Por que você nunca perguntou. Você nunca se interessou. – comecei a chorar. – Eu não quero brigar mãe, mas se eu não falasse como eu me sinto, eu não conseguiria seguir em frente. Você não me respeitou, não respeitou meus limites, e os meus sentimentos.

Mãe: Ah Priscilla pelo amor de Deus, tem tanto tempo que eu não sabia que isso te magoava.

Eu: Você nunca quis saber e você me obrigou a fazer o que o papai queria. E eu ia cumprir, mas no meu momento e não no seu, não para o seu desencargo de consciência.

Mãe: Então faz o seguinte, cancela tudo e abra quando você quiser. Eu não falo mais nada com você – pegou a bolsa dela e foi saindo.

Eu: Mãe...

Mãe: Tchau Priscilla. Dá um beijo na minha neta. – saiu irritada e batendo porta. Eu suspirei. Ela nunca vai entender. Eu fiquei trabalhando pela internet aprovando algumas fotos e alguns comerciais, a Luísa acordou e pediu Danoninho, dei a ela e depois tomei um banho junto com ela.

Eu: Vamos buscar a mamãe? – o carro da Natalie estava em casa, era rodizio da placa dela então fui no meu outro carro. Cheguei em frente a construtora e mandei mensagem pra ela. Passados cinco minutos ela veio.

Nat: Oi amor – me deu um beijo.

Eu: Oi...

Nat: Oi filhinha...

Lulu: Oi mamãe – sorriu. Fomos pra casa dela e ela falando do dia dela que foi muito produtivo. A Marina está querendo separar a construtora da arquitetura e quer deixar a arquitetura nas mãos dela e ela está muito animada. Era incrível vê-la feliz assim. Quando chegamos no prédio dela e entramos no elevador, ele parou no andar da irmã dela e quando a porta se abriu a irmã dela estava com o filho no colo e uma mulher com um lenço na cabeça falava com ela procurando algo na bolsa.

XX: Pegou a lista do supermercado Emily?

Emy: Peguei sim, vamos... – elas nos olharam. – Oi...

Eu: Oi...

XX: Natalie.

Nat: Deborah. – falou sem humor.

Emy: Estão descendo?

Eu: Subindo.

Emy: A gente chama de novo o elevador. – Natalie apertou o botão rapidamente.

Eu: É a sua mãe? – ela não respondeu e uma lágrima silenciosa caiu. Saímos do elevador, ela abriu rapidamente a porta e entrou.

Nat: Vamos tomar banho filha?

Eu: Já dei banho nela.

Nat: Ok. Eu vou tomar um banho, lavar meu cabelo. – falou indo para o quarto dela e fechando a porta. Eu estava com a Lulu no colo.

Eu: A mamãe está mal pequena. – dei um beijo no rosto da Luísa e a coloquei no chão. Meu celular vibrou era mensagem da Emily.

Pri como ela está?

Eu respondi...

Ela não falou nada, mas não está bem. Foi para o banho fechou a porta, não quis falar nada.

Ela não mandou mais mensagem. Fui até a cozinha a geladeira dela não tinha muita coisa então acho que era melhor pedir o jantar, ia esperar que ela saísse do banho para perguntar o que ela queria jantar. Depois de uma hora eu resolvi ir até lá. O chuveiro ainda estava ligado e ela estava sentada no box do banheiro chorando muito. Eu abri o box e fechei o chuveiro. Peguei uma toalha e enrolei no cabelo dela e a outra no corpo dela a ajudei a se levantar e a levei para o quarto. Sequei o cabelo dela aos poucos, sequei o corpo dela coloquei um pijama.

Eu: Quer conversar?

Nat: Não... Agora não. – falou baixo.

Eu: Eu vou pedir o jantar, quer algo em especial?

Nat: Pede qualquer coisa. Algo legal pra Luísa.

Eu: Tá.

Nat: Vou secar meu cabelo com o secador.

Eu: Tudo bem – dei um selinho nela. Fui até a sala peguei meu celular pedi nosso jantar, chegaria em 40 minutos. Coloquei um desenho pra Luísa e logo a comida chegou, dei comida pra Lulu escovei os dentinhos dela e não demorou muito e ela dormiu. Eu fui chamar a Natalie pra comer. – Amor, a comida chegou, eu coloquei no forno enquanto a Lulu comia, ela já comeu, escovou os dentes e já dormiu.

Nat: Eu já vou... – colocou o celular na mesa de cabeceira. Eu sentei na mesa e nos servi, coloquei vinho nas taças. – Está bem gostoso.

Eu: Sim, a comida de lá é ótima.

Nat: O que a Lulu comeu?

Eu: Arroz, lasanha de molho branco e queijo, carne cozida e salada de palmito. Comeu tudo.

Nat:Que bom –sorriu de leve. Terminamos o jantar em silêncio. 

NATIESE EM: NOSSAS VIDASOnde histórias criam vida. Descubra agora