Capítulo 88

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Minha mãe chegou com meus irmãos, minha cunhada e meus sobrinhos lá em casa e a Liz também foi. A Pri tinha convidado todos para almoçar. Ela já tinha ligado num restaurante e pedido uma carne assada e uma lasanha e o resto ela faria. Meus irmãos estavam bem, estavam decepcionados e chateados com o que meu pai fez e com a morte dele também afinal, eles não desejavam nada disso. Nos sentamos todos a mesa para comer, eu não falava nada, mas todos conversavam moderadamente. Eu terminei de comer e pedi a Liz para me ajudar a subir.

Eu: Me ajuda a subir?

Liz: Claro...

Eu: Vou descansar um pouco gente, fiquem a vontade.

Pri: Eu te ajudo amor.

Eu: Não precisa a Liz vai me ajudar amor. – subi com a Liz escovei os dentes, fiz xixi e me sentei. Tomei meus remédios e me sentei na cama. – Queria te agradecer por cuidar da minha pequena e da Pri todo esse tempo. Você como sempre me ajudando em tudo, eu nunca vou conseguir te agradecer o suficiente por isso. – falei emocionada.

Liz: Amigas são pra essas coisas. Você sabe que eu estarei ao seu lado pra tudo sempre. – me abraçou. – Eu quero te ver bem, quero que você saia dessa e volte a ser aquela pessoa alegre que você sempre foi. Leve o tempo que você precisar e sempre que precisar de um ombro eu vou estar aqui. – conversamos um pouco e ela desceu. Eu tinha uma amiga incrível, eu tinha uma esposa perfeita, uma filha linda. Eu tinha que lutar, por eles. Foram dois meses de muita fisioterapia, fono, psicoterapia que agora faço duas vezes na semana. Eu já ando sem muletas, já não tenho mais gesso no braço, já voltei a dirigir. É dia das crianças e temos duas comemorações, o dia das crianças e a minha mãe curada do câncer. Resolvi fazer uma festinha lá em casa para a Lulu e os amiguinhos da escola, com recreadores, brinquedos infláveis, presentes, comidas. Os pais dos amiguinhos amaram a ideia e quiseram contribuir com a festinha e na festinha mesmo combinamos de fazer no ano seguinte, numa comunidade, ou numa quadra esportiva com crianças carentes, porque nossos filhos são tão abençoados por terem tudo que tem, e queríamos proporcionar pelo menos um pouco a outras crianças. A festa começou as 10 da manhã até as 16 horas e foi uma explosão de açúcar e gritaria entre aquelas crianças. A noite fizemos um jantar para comemorar a cura da minha mãe, ela estava muito feliz e nós estávamos muito felizes por ela. Eu e a Priscilla fizemos uma viagem no fim do ano após o natal com a Luísa, só nós três. Fomos para o Caribe. Queríamos aproveitar nossos momentos com ela, fizemos um bolinho pra ela lá, mas quando voltamos para o Brasil ela teve uma super festa de 3 anos. Eu e a Priscilla conversamos sobre ter outro filho, ela não queria engravidar e eu respeitei a decisão dela então procurei um especialista e segundo ele e mais outros três que procurei, eu precisaria esperar alguns anos porque o tiro que eu levei o tempo que eu fiquei em coma, tudo isso contribuiu para problemas internos. Priscilla e eu entramos na fila de adoção, preenchemos mil fichas, fizemos cursos e mais cursos e nunca tivemos uma resposta.

PRISCILLA NARRANDO...

Natalie queria outro filho, eu não queria engravidar. Ela procurou especialistas e todos eles deram o mesmo parecer. Ela precisava esperar o corpo dela se recuperar o máximo possível do trauma que sofreu. Decidimos entrar na fila da adoção e foi desgastante e no fundo eu sabia que não seriamos escolhidas para adotar um bebê de até dois anos como queríamos porque além de no Brasil ser tudo mais difícil, somos um casal homossexual então o preconceito era gigantesco. Depois de dois anos na fila de espera sem nenhuma resposta e um tratamento extremamente mal sucedido da Natalie que causou muita tristeza a ela eu decidi engravidar e aquilo acabou comigo. Eu queria dar esse presente a ela e eu ficaria feliz por ser mãe outra vez. Estava me adaptando ao fato de estar grávida após um ano de tratamento e uma filha de 06 anos que consome toda a nossa energia e com 22 semanas eu sofri uma ruptura uterina. É uma dor, insuportável. Meu médico fez uma intervenção de emergência e queria tentar manter o bebê pelo menos até 29 semanas e para isso eu precisava ficar no hospital. Eu fiquei duas semanas na UTI materna da melhor maternidade do Rio de Janeiro e sofrendo de todas as dores, intervenções e maneiras possíveis, mas meu corpo não resistiu. Com 24 semanas meu bebê nasceu, era um menino com 31 centímetros e 620 gramas. Ele viveu por 36 horas e 52 minutos. Demos a ele o nome de Matheus. Com a ruptura eu poderia ter morrido junto com o bebê e uma nova gestação seria extremamente arriscada para mim, então no começo foi bem difícil. Eu fiquei muito mal por alguns meses então decidimos não ter mais filhos, a menos que a adoção saísse. Apesar disso estávamos felizes no nosso casamento, com a nossa família, com a nossa filha que apesar de ser geniosa, como diz a Natalie, uma Mini Pri, estávamos realizadas no trabalho, a Natalie abriu sua própria empresa de arquitetura e faz muitas parcerias com a Marina ainda. A Liz se casou e tem uma garotinha linda chamada Beatriz de 02 anos. O Lucas também se casou e estou esperando gêmeos. Ele e o João marido dele, foram aos EUA e fizeram um esquema de barriga de aluguel por uma agência e serão pais de um casal que se chamará Anne e Lucca. Os dois estão explodindo de felicidade. Minha cunhada se casou também com um cara maravilhoso que trabalha com ela e ele é um pai incrível para o Gabriel e estão cogitando aumentar a família em breve. Meu irmão está noivo se casa em alguns meses e está tocando os negócios da família junto com a minha mãe. A Pousada segue sob administração da Diorio e cada vez melhor e mais difícil fazer reserva devido a procura. Muitos casamentos são realizados lá todos os meses. Minha sogra tem um novo companheiro, os dois não se casaram e fazem viagens e mais viagens pelo mundo afora.

NATIESE EM: NOSSAS VIDASOnde histórias criam vida. Descubra agora