The begining

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BÁRBARA, Point of view
Penn State - Pensilvânia

Eu segurava uma caixa de papelão enquanto tentava entrar no alojamento da faculdade. Infelizmente, Deus me fez só com duas mãos, o que deixa mais difícil o trabalho de abrir a porta enquanto uma caixa cheia de coisas está no meu braço.

Empurrei a porta com o pé direito e consegui abrir, dando de cara com corredores lotados e escadas cheias de caixas.

Engoli em seco. Era o meu primeiro ano da faculdade e eu não sabia o que esperar. Segui para dentro do prédio, e vi que a maioria das pessoas ali já se conheciam.

- Oi! Você é nova! - Uma garota gritou, do outro lado do corredor e começou a andar rapidamente até a minha direção.

- É, novata. - Respondi, e antes que eu pudesse contestas algo, ela pega a caixa da minha mão. Com as mãos livres agora, consigo pegar minha mala.

A garota começou a subir as escadas com a minha caixa em mãos, cumprimentando todos que passavam por ela. "Ela é popular", lembro de ter pensado isso.

- Deixa eu ver... - Ela diz, pegando uma ficha e olhando para o mesmo. - Uh, quinto andar. 507.

Por um momento, a vejo soltar um sorriso travesso, que desaparece segundos depois. Ela anda pelo corredor cumprido e esguio. Ele era tão pequeno que tínhamos que andar em fila indiana até chegar na parte maior, onde três portas - 505, 506, 507 - ficavam.

- Aqui está. - Ela diz, me entregando a caixa que estava até a pouco em suas mãos. - Espero que se ajeite e fique bem. Acho que já sabe da festa de Boas-Vindas. Te esperamos lá.

Me despedi da garota com um pequeno sorriso, e a vi se distanciar até o início da escada. Mas antes, ela se virou para mim e voltou sua atenção para o meu rosto.

- Ficando longe do quarto 505, você não se apaixona pelo guitarrista da banda. - Ela diz - Queria que todas as meninas daqui escutassem esse concelho.

E como um fantasma, ela desaparece na escada, como se nunca estivesse ali.

[...]

Meu relógio marcava oito e trinta e cinco da noite. Eu estava. neste exato momento, no meu apartamento do alojamento.

A verdade é que eu não sabia porque estava ali. Eu tinha planejado isso pra mim a anos, mas sabe quando o dia chega e você simplesmente sente que não quer mais aquilo? O problema, é que já era tarde demais para mudar alguma coisa.

Sai pela porta do apartamento de forma silenciosa. Olhei para frente, especificamente para a porta de número 505. Ela estava meio entreaberta, mas não me arrisquei em tentar ver o que tinha lá dentro.

Desci pelas escadas vazias, saindo pela porta do prédio e começando a caminhar até o campo de futebol, onde segundo o convite que eu recebi mais cedo, seria onde a festa começaria.

Dito e certo. Vários jovens amontoados estavam no gramado, bebendo ponche de vinho direto de uma banheira - o que eu achei meio nojento, mas temos que lembrar que são universitários, normalmente eles são assim.

Fui até a banheira e me servi com um pouco do ponche, dando um gole considerável no meu copo. Vodka, licor de frutas vermelhas e garotade vieram até a minha boca, todos de uma vez só.

Enquanto bebia, me sentei na arquibancada, começando a olhar em volta de Penn State. Ainda era outono, setembro para ser mais exata, e o clima de final de verão ainda continuava. Meu Deus, eu amava aquilo.

Em um determinado momento, senti falta de Gaby. Ela costumava ser minha melhor amiga, antes da minha crise existencial de final de ensino médio. Ela foi pra Stanford, de propósito. Isso explica o porque de eu ser bem sozinha.

- Ei! Você por aqui! - A garota de mais cedo exclamou para mim, caminhando até mim. - Não botava fé que você vinha.

- É, mas eu estou aqui. - Soltei um sorriso tímido. Ela me pega pelo braço, me levando até uma roda de jovens. Quase caí na arquibancada durante todo o percurso.

- Galera, essa aqui é a... - Ela diz, mas rapidamente se vira até a minha direção. - Desculpa, não sei o seu nome.

- Que ótima forma de fazer amigos, Tainá. - Um moreno alto diz sarcástico.

- Meu nome é Bárbara. - Respondo.

- Bom, galera, essa é a Bárbara, Bárbara, essa é a galera. - Ela diz - Arthur Ramos, Gabriel Lessa, Marcos Dias, Carolina Voltan, Larissa Albuquerque, Peter Moore e eu, Tainá Costa.

A garota sorri e me leva um pouco mais próximo da roda. Todos ali começam a conversar, e eu tento ao máximo me manter na conversa por mais de um minuto, mas sempre parece impossível.

- Você é a famosa vizinha. - Dias diz, cruzando os braços. - Não sei como só reconheci agora.

- Vizinha? - Franzo o cenho.

- O Spoted de Penn State é bem rápido. - diz - Você é a vizinha do Victor. Nosso guitarrista.

Quando a palavra guitarrista sai da garganta dela, me sinto arrepiar. Tainá me comentou sobre ele. Ficar longe para eu não me apaixonar, algo do tipo. Isso não irá acontecer. Nunca acontece.

- Que legal. Vocês tem uma banda? - Começo a me parecer entretida no assunto.

- Sim. O nome dela é Loud. Vamos fazer um show de abertura da temporada na segunda feira à noite. - Arthur diz - Você deveria aparecer por lá, dar uma moral.

- Quem deveria aparecer por lá?

Escuto uma voz grave atrás de mim. Tão perto que se eu virasse eu tenho certeza que bateria minha testa contra o peito da pessoa. Mas não fiz isso. Continuei no meu lugar, como se ele não estivesse ali.

- A Bárbara, Augusto. Ela é sua nova vizinha. - Tainá comentou.

O garoto apareceu na minha frente, do outro lado da roda. Ele tinha cabelos escuros lisos, e usava uma regata branca e por cima uma blusa de flanela preta. Calças jeans, all star. Tinha cara de guitarrista.

Agora eu entendi a fala de Tainá.

- Prazer, Victor Augusto. - Ele diz, soltando um leve sorriso pelos lábios avermelhados. - Espero te ver mais vezes por aí. Seja bem vinda.

E depois disso, ele se esvai na multidão. Comecei a achar que aquilo era uma coisa dele. Com aquela pinta de garoto problema e os olhos castanhos penetrantes.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora