Fan girl

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BÁRBARA, point of view
Penn State —Pensilvânia

D

e manhã, como no outro dia, sai do apartamento de Victor e fugi para o meu tentando passar despercebida. Graças a Deus o corredor estava vazio, porque eu passei só com a camiseta de Victor no corpo. Só com ela.

Me arrumei bem rápido, porque queria chegar mais cedo e pegar uma mesa que não fosse no fundo. Mas quando eu estava prestes a terminar de arrumar a bolsa, alguém tocou na minha porta.

— Ah, oi Tainá. — Digo para a garota. — Quer entrar?

— Não precisa. — Ela sorri — Eu ia perguntar se você queria uma carona.

— Meu Deus, sim. — Digo pra ela, trancando meu apartamento e começando a descer as escadas com. No pé da escada, dou de encontro com Victor, mas é Tainá que fala algo pra ele.

— Bom dia, Victoria. — Tainá diz, ele sorri. — Quer uma carona?

Victor divide seu olhar entre eu e Tainá. Olhando para mim, fala para ela:

— Não, eu tô bem. — Ele diz isso e sobe as escadas.

— Ele deve estar de TPM hoje.

Rio com a fala de minha amiga e começo a caminhar com ela até o seu carro. Entrei no banco do carona, colocando minha mão para fora e sentindo um pouco da brisa de verão que ainda tinha no ar.

Ela colocou uma música animada que nos fez cantar, e uns 7 minutos antes de chegarmos no campus, ela pigarreou do meu lado.

— O que foi? — Perguntei.

— Tem alguma coisa rolando entre você e o Victor? — Ela pergunta, e eu engasgo com a saliva. Merda.

— Não, não temos nada. — Minto. — Ele é o tipo de cara que só trás problema.

— Fico feliz que pense assim. — Ela coloca uma mão em cima da minha. — Vocês podem ser amigos, mas só tente não ficar nua na frente dele.

Bom, no início eu tentei.

— Pode deixar. — Eu respondo, com um meio sorriso no rosto.

Ela estaciona em uma vaga na frente do prédio principal. Nos despedimos, porque ela foi para outra extremidade do Campus. Comecei a andar pelo gramado esverdeado e logo em seguida senti o peso de um braço em cima dos meus ombros.

— Bom dia, Fan Girl. — Kyle diz. — Você está cursando o que?

— Hm...daqui a três anos irei pra faculdade de direito. — Respondi em um meio sorriso. — Qual aula você tem agora?

— As vezes eu esqueço que você é mais nova. Literatura. — Ele diz. — E você?

— Ética. — Digo — É a matéria mais fácil que eu tenho. Até que é legal.

Ele ri, e começamos a caminhar juntos até o centro da universidade. Durante todo esse percurso, pessoas nos olhavam da cabeça as pés. Quando eu digo pessoas, entendam que eu estou falando de mulheres.

Comecei a imaginar que eu deveria me acostumar a ser olhada assim. Porque vejamos, não era só com Kyle Kuzma, o galã do time de basquete da universidade, que eu estava andando. Também era com um músico charmoso que deixa todo mundo sem fôlego quando simplesmente passava pelo corredor.

— Então, sua sala é aqui. — Ele diz, quando paramos na porta do auditório. Ele para baixo (para mim) e sorri, passando a língua pelos lábios. — Eu vou indo.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Kuzma cela nossos lábios em um beijo rápido, com língua. Ele sorri, e sai andando no sentido contrário que vimos.

Entrei extasiada dentro da sala. E quando eu me virei para ir na direção do local onde eu sempre sento nessa aula, tomei um susto.

Merda, ele estava na minha turma também.

[...]

Sentada ao lado de Augusto, eu tentava ao máximo possível não levar minha atenção para ele. O que era quase impossível, porque além do fato dele ser lindo pra caralho, estava usando um perfume maravilhoso.

— Tentando se concentrar, Novata? — Ele pergunta. Odeio ele.

— Sim. — Digo — Sabe, quero ser advogada um dia.

— Que legal, eu também. — Ele diz, e eu fervi de raiva por dentro.

— O que você quer, Victor? — Perguntei para ele, ainda com os olhos na direção do meu computador.

Mesmo não o olhando, sabia que ele tinha um sorriso vitorioso no rosto. Ele era um filho da puta metido e pretensioso, mas eu também não poderia esquecer que com certeza ele era o cara mais charmoso que eu já vi na face da terra.

E meu Deus, eu odiava isso. Com toda as forças do meu corpo. Eu odiava que em tanto pouco tempo ele já soubesse a fundo como me manusear. Eu.Odiava.Isso. Odiava mesmo.

— Eu gostei da sua calça jeans. — Ele diz. — Fica bonita no seu corpo. Deveria usar mais.

— Obrigada cara. — Respondo e reviro os olhos. Não o olhava ainda. — Talvez eu jogue ela no lixo quando chegar em casa.

— A Loud vai fazer um show hoje. — Ele diz, passando a mão pelo queixo. Mudou de assunto completamente. — No bar.

— Você está me convidando? — Agora sim eu viro pra ele. — Você sabe que eu vou, Augusto.

— Eu sei, Novata. — Fazia tempos que ele não me chamava assim. Assumo que já estava me acostumando com a falta desse apelido. — Só queria deixar claro que quero ver você por lá.

Respiro pesado, e me concentro no resto da aula de Ética. Eu realmente queria aproveitar tudo o que eu poderia desse trimestre, mas também queria passar de ano. Acho que esse era o problema de ser amiga de músicos.

— Te vejo lá.

Victor se joga por cima da cadeira ao meu lado e beija a minha bochecha. Confusa, me viro para ele. Mas tarde demais. Quando vejo, ele já estava caminhando para fora da sala, com um sorriso gigante no rosto.

E pior: o olhar de todos naquele lugar estava bem em cima de mim. Como se eu literalmente fosse um pedaço de bife na cova dos leões, ou pólen para as abelhas.

Meu Deus. Eu odeio esse garoto.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora