First class

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BÁRBARA, Point of view
Penn State - Pensilvânia

Andava apressadamente pelos gramados de Penn State. Eu estava consideravelmente atrasada para a minha primeira aula do primeiro dia de Faculdade.

Hilário, não é? E sabia que aquilo não era mais o ensino médio, mas mesmo assim, algo ainda era reconfortante para mim.

Entrei pelo prédio da aula, andando rápido e esbarrando em todos os ombros que passavam pela minha frente. Ao chegar na porta do auditório, respirei fundo e entrei naquela sala imensa.

Nos meus fones de ouvido tocava Stop crying your heart out, e se tudo já não parecesse tão dramático no meu ponto de vista, eu poderia derramar algumas lágrimas por ter chegado onde eu sempre quis.

Caminhei por entre aquelas cadeiras da sala de ética, e me sentei no fundo, bem no meio do auditório. Como eu era baixa, muito possivelmente ninguém me veria ali.

- Huh, Bárbara Passos por aqui? - Ouvi uma voz ao meu lado.

Mentalmente, anotei que eu deveria começar a falar com elas primeiro, não o contrário.

- É, eu mesma. - Respondi, e Gabriel se senta ao meu lado.

- Você cursa o que, Direito? - Ele pergunta - Estou cursando Filosofia. Parece que temos as mesmas aulas, não é?

Eu iria responder mas o professor começou a falar assim que entrou na aula. Puxei meu computador da mochila, e o mais rápido possível, comecei a anotar tudo o que ele falava.

Minutos depois de o Sr. Oscar terminar sua primeira parte da aula, a porta se abre devagar. Antes mesmo da pessoa entrar por aquela porta, eu já sentia que seria um impacto. E eu estava certa. Victor Augusto entrou por aquela porta e eu juro que pude sentir que fez um estrago com todos os corações daquela sala.

Engoli em seco enquanto eu via ele andar até a minha fileira de cadeiras. Ele entrou pelo outro lado, e se sentou bem ao meu lado, muito perto de mim.

- Bom dia, Novata. - Ele diz - Cursando direito também?

Eu o olhava enquanto sua boca se mexia. Balancei a cabeça de leve como uma afirmação. Ele sorri.

Victor Augusto sorri.

Não imaginei em nenhum momento que ele pudesse cursar direito. Acho que pelo fato de que ele largou o time e criou uma banda. Mas não estamos lidando com um clichê, não estamos?

- Você gosta de Oasis? - Perguntei de Victor, porque vi que ele usava uma camiseta preta com o logo da banda.

- Todos nós deveríamos gostar, não é mesmo? - Ele responde com outra pergunta.

- É uma das minhas bandas favoritas. - Eu respondo baixo.

- Você tem bom gosto, Novata. - Ele disse, virou pro lado, e começou a ler um livro.

Foi assim durante toda a aula. Ao final do primeiro período, Augusto foi o primeiro a sair da sala. Ele foi acompanhado por olhares do sexo feminino durante todo o seu percurso até a porta da sala.

- Não sabia que ele cursava direito. - Digo para Gabriel, enquanto eu e ele saímos da sala e começamos a andar pelos corredores do prédio.

- Acho que tem muitas coisas sobre ele que você não sabe ainda, Bárbara. - Ele diz, e antes de abrir a porta do refeitório, volta a sua atenção para mim. - Se eu fosse você, iria devagar.

Assim que Lessa termina seu discurso, entra no refeitório. Fiquei parada na frente daquela porta, diferindo tudo o que o louro disse para mim. Já é a segunda vez que me avisam sobre.

Entrei por aquela porta de madeira minutos depois de Gabriel entrar. De longe, ja via Tainá acenando para mim. Fui de encontro com a mesa dela.

- E como você está? - Ela pergunta, me abraçando de lado.

- Bem, eu acho. - Eu digo - A garota que divide apartamento comigo não apareceu até agora.

- E não vai aparecer. - Arthur disse, na minha frente. - Ela foi expulsa semanas atrás. Não conseguiram encontrar alguém para ficar no seu quarto.

- Ele trabalha no concelho daqui. - Tainá diz, em forma de explicação por ele saber informações como essa.

Todos ali começaram a comer, e eu fiz o mesmo. Conversamos sobre o Show, sobre algumas aulas, mas principiante sobre a festa que teria depois do concerto.

- Você deveria vir - Larissa disse pra mim. Respondi com um sorriso.

- Deveria ir mesmo.

Era assustadora a forma que Victor sempre chegava na conversa quando o assunto era eu, e nunca aparecia na minha frente, e sim sempre atrás de mim.

Ele deu a volta na mesa, e ao contrário da vez na sala, se sentou na minha frente.

- Nosso som é legal, deveria ir escutar. - Ele diz.

- Você pode tentar parar de levar toda e qualquer mulher pra sua cama? - Carol diz, em tom brincalhão. - Deixei pelo menos uma pros outros caras!

Eu rio assim como ela, mas ainda sinto o olhar do garoto sobre mim.

Como Tainá disse, ficar longe do quarto dele quer dizer não me apaixonar por Victor Augusto. E eu iria fazer isso, porque sinto que esse tipo garoto é a mesma coisa que ter problemas.

- Qual é!? Eu só estou tentando ser gentil. - Ele diz e Arthur ri do meu lado. - Você deveria me ajudar, cara.

- Esse é um assunto de vocês. - Arthur diz, se levanta e vai embora da mesa.

- Ele tem uma namorada no ensino médio ainda. - Tainá diz - Eles sempre conversam no intervalo.

- Isso é fofo. - Respondo e Victor solta uma risada baixa.

- Esteja na nossa festa hoje, não irá se arrepender. - Ele diz e sai também.

Qual é a desses garotos de saírem sempre no meio da conversa? Será que é alguma espécie de códigos como "meninos que fazem isso: manter distância.

- Ok, eu vou no show de vocês. - Respondo, e vejo as garotas pularem de alegria.

No final do dia, fui caminhando até o meu dormitório. 20 minutos de exercício diário. As vezes é ótimo não ter um carro.

As oito, comecei a me arrumar para o show. Vamos ver se Victor é tudo isso que as pessoas falam. Ou se ele é bem mais do que isso.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora