Storm

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Bárbara, point of view
Penn State - Pensilvânia

E eu estava errada.

Era mais difícil do que eu imaginava. Correr na chuva gelada e torcer para não cair e quebrar algum osso. Felizmente, consegui chegar sã e salva no meu prédio.

Mas para piorar a situação, estávamos sem luz. O meu prédio e os três vizinhos, e as únicas coisas que os iluminavam eram as diversas luzes de emergência, que mesmo sendo muitas, ainda não era o suficiente.

Encharcada, subi as escadas devagar. Eu ouvia a água escorrer pelas janelas e atingir o chão. Quase caí três vezes tentando caminhar do pé da escada até a porta do meu apartamento.

- Merda. - Respondi, olhando para o chão e tentando achar minha chave que tinha caído. Impossível. Aquilo estava um breu. - Porque essas coisas só acontecem comigo.

Eu estava com frio, tremendo da cabeça aos pés. Merda, desse jeito eu ia pegar uma pneumonia daquelas.

- Você quer ajuda aí?

Me virei assustada em um pulo. No apartamento da frente, o 505, Victor estava em pé na porta. Dava pra ver seu apartamento coberto de velas e uma melodia doce sair do mesmo.

- Eu perdi minha chave. - Digo, para ele. - Usaria meu celular para tentar achar, se ele não estivesse descarregado.

- O meu também. - Ele ri. Que coincidência.

Ficamos parados onde estávamos, por três minutos inteiros. Essa situação seria engraçada se não fosse tão crítica.

Porra. Porque justo ele?

- Vem, melhor você entrar. - Ele disse, abrindo um pouco mais a porta para que eu pudesse passar.

Relutante, caminhei até a porta do apartamento de Victor. Mas que porra, o que eu estava fazendo? Minha vontade era de falar "Foi mal Victor, prefiro ficar aqui fora e pegar uma pneumonia do que sofrer os seus encantos, mas valeu."

E eu só falava isso porque sabia do que ele era capaz. Era visivelmente óbvio.
Só do jeito que ele anda, era fácil saber o que esse garoto fazia com uma garota com um simples toque.

Surpreendentemente, o apartamento do garoto era organizado. Nesse momento, mais organizado que o meu, pois o meu estava assim por causa da mudança.

- Lessa foi dormir com a Carol depois da festa. - Ele disse, atrás de mim. As velas me mantinham um pouco aquecida. - Você deve estar com frio. Vou te dar umas roupas e você aproveita e toda um banho quente.

Caminhei com Victor pelo corredor esguio, chegando até o seu quarto e parando na porta. Vi ele mexer nas suas roupas e pegar uma camiseta preta pra mim, que com certeza serviria como um vestido.

- Deixe suas roupas na frente da porta, eu vou colocá-las na secadora. - Victor diz, saindo do local. - Pode usar o banheiro do quarto.

- Obrigada. - Falei pela primeira vez, desde que eu entrei nesse apartamento.

Augusto sussurrou um "Por nada" e saiu. Enquanto eu, fui em direção ao banheiros.

Meu banho em si foi ótimo. Victor tinha um shampoo muito cheiroso que eu fiz questão de usar. A água quente relaxou totalmente a minha pele, e quando eu vi, já estava a 30 minutos lá dentro.

Sai do box e me sequei. Vesti a camisa, e abri a porta, vendo minha calcinha e meu sutiã estendidos lá na frente ainda. Peguei os dois e os vesti por debaixo da camiseta.

A camiseta em si era grande, então não teria nenhum problema em aparecer alguma coisa que não deveria. Sequei meu cabelo e penteei, saindo do banheiro de Victor e o vendo estendido na cama.

Quando eu sai do banheiro, o vejo tirar a atenção do livro que lia, e olhar para mim. Juro, que senti que meus pelos se arrepiaram e por segundos me senti a menina mais tímida do mundo.

- Minha camisa ficou legal em você. - Ele diz, ainda me olhando. - Deveria ficar com ela.

- Ela é sua. - Eu digo, me sentando na ponta da cama. - Eu trago depois.

- Não sei não. - Ele sussurra em forma de brincadeira e volta a atenção para o livro. - Você quer ver alguma coisa?

A minha proximidade com Victor foi cortada por ele mesmo. Se sentou na ponta da cama junto comigo, mas suficiente o bastante para não encostar nenhuma área da sua pele na minha.

Eu iria responder alguma coisa, mas escutei uma melodia extremamente conhecida por mim. Minha memória viajou, e eu olhei para Victor como se quisesse dizer "Meu Deus, você gosta mesmo deles, não é?"

- O que foi? - Ele pergunta.

- Essa música. - Respondo baixinho - É a minha música preferida deles.

- E o que estamos fazendo parados aqui? - Em um sussurro, ele fala também. - Vamos dançar.

Augusto me levanta da cama com uma força que não consigo controlar. Em um estante, a distância das nossas peles que tínhamos na cama se foi.

Ele levou ambas das mãos para a minha cintura e enterrou a cabeça na curvatura do meu ombro. Enquanto eu, envolvi seu pescoço com os meus braços e comecei a balançar devagar ao som da música.

- Você tem um cheiro muito bom, Novata. - Ele diz, enquanto eu sinto o hálito dele bater contra a pele do meu pescoço. - Muito bom, por sinal.

- Obrigada, Veterano. - Eu digo, encostado minha cabeça no seu peito e ouvindo os batimentos cardíacos dele ficarem rápidos de uma hora para a outra.

O maior erro que Victor poderia cometer era ter tirado a cabeça do meu pescoço. Ele era bem mais alto que eu, deveria ter uns 1.80 de altura, enquanto eu permanecia com meus 1.60.

Os olhos dele estavam cravados no meu, e eu escutei de longe o final da música se aproximando, enquanto "Stop Crying your heart out" saia da boca de Liam Gallagher.

Ele estava se aproximando demais, e quando estava a centímetros da minha boca, cada um já sentindo o hálito quente um do outro, ele perguntou:

- Posso?

Eu me derreti. E instantes depois de ter afirmado com a cabeça, senti seus lábios macios de encontro com os meus.

Meu Deus, ele tinha gosto de bebida de cereja, e era tão bom. Aquilo me fazia o querer cada vez mais e mais.

Meu Deus, Tainá iria me odiar.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora