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BÁRBARA, point of view
Penn State — Pensilvânia

No chão da sala, algumas velas estavam acesas. Rastros do sol da tarde entravam pela janela da sala, em feixes amarelo queimado super preguiçosos.

Na minha mão esquerda, uma taça de vinho tinto barato. Eu estava de cócoras, vestindo uma das camisas sociais brancas de Victor enquanto começava a montar um quebra cabeça.

— Vem aqui. — Digo, e ele tira a atenção do celular. — Você acha que tá certo?

Por alguns segundos, eu e Augusto olhávamos para o quebra cabeça no chão. Ele usava apenas sua boxer preta, já que não fazia ideia de onde estavam as roupas dele.

— Começou pelas pontas, como eu falei? — Ele diz, se ajoelhando na frente do quebra cabeça, colocando algumas peças no lugar.

— Sim, senhor. — Respondo.

Ele olha pra cima, com um sorriso ladino se formando nos lábios. Se levanta, e me envolve com os braços pela cintura. Afasto um pouco a taça de vinho tinto para que não corra o risco de derramar na camiseta dele.

— Você fica uma gostosa do caralho vestida assim. — Ele diz, e começa a beijar o meu pescoço.

Meu sorriso era visível. Victor levantou a cabeça do local e eu dei vinho a ele, como naquela filmes da grécia antiga quando alguma realeza recebia vinho e uva direto na boca.

— Poderíamos ficar aqui... — Ele volta a falar, e eu sinto as mãos dele viajaram pela lateral do meu corpo.

— Nós dois temos aula, Victor. — Eu digo em uma risada. — Vai tirando o cavalinho da chuva.

— Eu posso pelo menos tomar banho com você? — Ele pergunta alto, me seguindo pelo corredor esguio do apartamento do faculdade.

Não precisei nem responder. Antes de entrar na banheira, terminei a taça de vinho e a deixei em cima da pia. Tirei a camiseta social de Augusto e entrei na mesma, mergulhando na água quente.

Victor sentou atrás de mim, se banhando junto comigo. Ficamos quinze minutos ali, até que vimos que se enrolássemos mais iríamos ficar mais atrasados do que já estávamos.

Vestimos as mesmas roupas de antes, para não causar nenhuma dúvida. Na verdade, quando digo "vestimos", estou dizendo só de mim. Victor estava cagando pra todo esse lance de "por favor não conte pra ninguém que estamos juntos."

Fui com ele até o prédio principal, e quase obriguei ele a estacionar a uma quadra do local e me deixar ir andando. Finalmente, ele deixou, e quando eu cheguei no prédio, Victor já estava vendo a aula tranquilamente.

Passei por diversos corredores até chegar a aula de ciências políticas. Graças a Deus, o professor também tinha se atrasado, e então, consegui chegar 20 minutos atrasada no horário normal e a aula ainda nem tinha começado.

A aula mais tranquila do meu dia foi aquela. Não tinha nenhum homem por perto, não conhecia ninguém naquela turma, e só fui ver Victor de novo na hora do almoço.

Mas ao contrário das outras vezes, dei meia volta no refeitório e me sentei na mesa dos atletas, ao lado de Kyle.

— Quer que eu busque você mais tarde? — Ele diz, me dando um pedaço do sanduíche que ele comia.

— Pode ser. — Respondo — Você sabe onde meu dormitório fica, não é?

— Na verdade não. — Ele ri.

— Ala sul. Bloco 5, é o prédio do meio. — Respondo, roubando mais um pedaço do sanduíche dele. — Apartamento 507 se quiser subir.

Ele sorri, e passa seu braço direito pela minha costa, me trazendo mais para perto dele. O resto do intervalo de almoço eu conversei com todos os amigos de Kyle e conheci um por um.

Perto de Kyle. Longe de Victor.

[...]

— Sério, ele disse que ia cozinhar pra mim. — Falei na ligação de vídeo com Tainá. — Juro pra você.

Como uma boa futura estudante de direito, queria criar um bom álibi. Então, por isso, liguei pra Tainá e fiz questão de parecer super entusiasmada com o fato de que eu iria para a casa de Kyle Kuzma, enfatizando que eu e Victor seríamos a pior ideia de casal que ela poderia ter. E eu esperava, que Tainá espalhasse essa ideia para todos.

— Então aproveita. — Ela diz feliz, no outro lado da linha. — E por favor, leve camisinha. Não estou pronta par ser tia tão cedo.

— Meu Deus Tainá! — Exclamei entre risadas. — Mas você está certa, vou levar sim.

Minutos depois, desliguei. Eram sete e vinte e cinco da noite, e daqui a algum tempo Kyle apareceria na minha porta para me levar até Chapel House (nome do alojamento só deles. Era basicamente um prédio todo pro time de basquete).

Tomei meu banho e vesti uma rouba confortável: legging, uma camiseta larga e um vans.

Ouvi três batidas na porta, quinze minutos depois. Corri para abrir, e lá estava Kyle. Quase morri do coração quando vi que ele tinha que se abaixar um pouco para passar pela porta.

— Hm, então... — Começo a falar. — Eu arrumei uma mochila de roupas mas não sei se deveria levar...

Meu Deus do céu, será que foi muito cedo?

— Sem problemas. — Ele sorri — Pode trazer.

Em um sorriso animado, corro até o meu quarto e pego a mochila em mãos. Saio pela porta de entrada, esperando para que Kyle saísse. Assim que ele o faz, fecho a porta atrás de mim.

Descemos as escadas correndo e chegamos até o estacionamento do Campus. Fiquei surpresa ao ver o grande número de pessoas por ali, todas dispersas, mas atentas no que estava acontecendo.

Kyle colocou minha mochila no banco de trás do seu carro, enquanto olhava para as pessoas que estavam na rua, na janela, na calçada, em todo lugar. Ótimo. Lá se vai eu ser odiada por todas as pessoas de novo.

Quando em determinado momento olhei para cima, dei de cara com a janela dele. E ele estava lá, me olhando de longe e analisando cada movimento que eu fazia. Em resposta ao meu olhar, Victor sorriu e em seguida saiu dali.

Entrei no banco do carona, pronta para passar uma noite com o astro do time de basquete.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora