Boyfriend

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BÁRBARA, point of view
Penn State University — Pensilvânia

Um mês depois

Agora eu sou oficialmente namorada de Kyle Kuzma, capitão dos Nitani Lions, time de basquete de Penn State, nossa faculdade, que fica em State City, no estado da Pensilvânia.

O pedido não foi algo extravagante, ou cheio de pessoas. Era só eu e ele, comendo miojo de galinha na bancada do meu alojamento, as duas da manhã. Ele foi a uma semana, exatamente sete dias antes da véspera de Natal.

Agora eu estava descendo as escadas do meu alojamento, e Arthur estava atrás de mim, levando uma das minhas mochilas para o carro de Kyle. Eram duas da manhã do dia vinte e quatro de dezembro, e eu iria passar o Natal em Flint, junto com Kyle e a família dele.

— Tem certeza que não esqueceu nada? — meu melhor amigo pergunta atrás de mim. Faço que não com a cabeça, e o escuto assentir atrás de mim. — Quantas vezes por semana tenho que vir regar as plantas?

— Eu volto antes do Ano-Novo, Arthur. — digo, abrindo a porta do meu prédio e saindo com ele para o estacionamento. — Regue dia vinte e oito, até dia trinta e um eu já estou aqui.

Caminhamos juntos até o carro de Kyle, Arthur atrás de mim ajudando-me com as minhas coisas. Me despedi do moreno com um abraço apertado e um beijo na bochecha, e quando vi, já estava dentro do Jeep preto de Kuzma.

— Pronta? — ele pergunta. Entrelaço minha mão com a dele. Kyle sabia que da última vez que eu viajei de carro por tanto tempo, ao final deu merda. — Você pode dormir no caminho se quiser.

— Obrigada. — respondo, me esticando o suficiente para beijar os lábios dele. — Eu tentarei.

É assim Kyle deu a partida, iniciando uma viagem de seis horas e quarenta, até Flint, no Michigan.

Enquanto eu via as luzes passarem por de cima da minha cabeça, eu relembrava os acontecimentos do último mês, dos últimos dias de novembro e dos primeiros dias do último mês do ano.

Os dias se arrastaram inicialmente. Era estranho na verdade, porque minha rotina principal sempre tinha outra pessoa. E aos poucos, nós fomos nos distanciando. Ele foi embora, como eu pedi.

A gente não cruzava mais olhares, e quando eu vi, estávamos sentando em lados opostos da sala, comendo em mesas diferentes no refeitório e não frequentando os mesmos lugares. Eu ainda o via, porque ele era meu vizinho, mas é como se eu não existisse para ele, e vice e versa.

E aos poucos, eu parei de entrar no refeitório, parei de ir no bar e parei de ir nos shows. Minha rotinha, gradualmente, começou a ser ir para os treinos de Kyle aos finais de semana, e ir para o meu trabalho (na biblioteca) logo depois do final da aula.

Minha mente foi tomada por olhos castanhos escuros e braços tatuados. Quando vi, eu já estava perdidamente apaixonada por ele, mergulhando tão fundo que, quando ele me pediu em namoro na bancada da cozinha dele, foi basicamente impossível dizer não.

E aqui estava eu. Agora, eu era namorada de Kyle Kuzma. Oficialmente.

[...]

Eram sete da manhã quando eu e Kyle chegamos em Flint, cidade natal dele. Estava frio, e uma camada fina de neve cobria todas as ruas da cidade do Michigan.

A família dele foi calorosa quando nos recebeu. Karri, a mãe dele, ficou super animada quando me conheceu, alegando que a animação toda era porque finalmente conheceu a garota que o filho tanto falava pelo telefone.

Também conheci Larry, o padrasto de Kuz e pai dos meio irmãos dele. Virei amiga de Brianna (a meia irmã mais nova dele) de cara.

— Vocês podem subir para ajeitarem o quarto. — a minha sogra diz. — Eu e Larry estamos terminando de fazer a ceia, vocês podem vir ajudar se quiser.

Subimos as pequenas escadas e fomos em direção ao quarto antigo de Kyle, o que ele usava na época do ensino médio, antes de ir para a faculdade.

— Que bom que você tem uma cama de casal. — eu digo, colocando minha mochila no pé da cama. Sinto os braços de Kuzma me envolverem, e eu soltei uma risadinha.

— Porque? — ele pergunta, e eu sinto a respiração quente dele em contato com a pele do meu pescoço. — Pretende usar ela durante o feriado?

[...]

O dia em si foi calmo. Ajudei os pais dele a terminarem a ceia (diga-se de passagem para quase a família toda). Conheci os primos, os tios, e os avós, e graças a Deus, eles me amararam tanto quanto eu amei eles.

Tivemos noite de bingo, e amigo secreto (Brianna me pegou e eu peguei um primo de Kyle que eu ainda não conhecia). Dançamos na sala de estar da pequena casa, e mais ou menos as duas da manhã, eu e Kyle subimos para o quarto dele.

— Eu vou tomar um banho, tá bom? — ele disse, se abaixando e me dando um beijo nos lábios. Eu estava sentada na ponta da cama. — Me espera para dormir?

— Espero sim. — respondo para o moreno, mas Kyle já estava dentro do banheiro, escutando música no último volume.

Eu ainda estava sentada na ponta da cama quando meu celular tocou. Inicialmente não reconheci o número, porque ele não estava salvo, mas o DDD era da Filadélfia. Presumindo que era algum dos meus amigos.

— Oi, é a Bárbara. — eu digo assim que atendo.

— É, eu sei.

Porra.

Por segundos, tive medo do meu celular cair das minhas próprias mãos. Impedindo que isso acontecesse, o apertei mais forte entre meus dedos, esperando para que a pessoa do outro lado da linha falasse algo.

Já tinha se passado pelo menos dois minutos que eu e ele estávamos calados. Nervosa, me ajeitei no meu próprio lugar, ainda sentada no colchão da cama de casal de Kyle.

Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia o que falar. Fazia um mês que eu não tinha nenhuma notícia dele, que ninguém me falava dele, que eu não o via. Eu não fazia ideia de como prosseguir com essa situação, não dessa vez.

E bem quando eu iria falar algo, escuto Victor dizer do outro lado da linha:

Feliz Natal, Novata.

E desligou.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora