July 14th

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BÁRBARA, point of view
📍Penn State University.

Quatro meses de pois

— Vem, levanta! — disse Tainá, me puxando pelos pés para que eu pudesse sair da cama. Resmunguei para ela em reprovação.

A morena solta um "vamos logo Bárbara!" tão alto que me faz pular na cama. Com o cabelo todo bagunçado, me sento no colchão branco enquanto minha amiga sentava na cama a minha frente.

— Que horas são? — eu perguntei.

— Cinco e quarenta e cinco da tarde. Sábado. — ela diz. — Dia 14 de julho. Aniversário do Victor.

— E porque me acordou? Vai me dar de presente?

Ela riu, e levantou da cama. Se abaixou ao lado do móvel e pegou uma sacola, a jogando para mim. Peguei o pacote no ar. Ao abri-lo, lá dentro encontrei um conjunto vermelho. Uma saia e um cropped. Curta, muito provavelmente bateria no meio das minhas pernas. E eu não poderia mentir dizendo que ele era lindo.

— A festa começa às sete. — ela diz. — Ele te convidou. Só passei aqui para dar o recado.

Tainá sorri, e pega na maçaneta. Mas antes de abrir a porta e sair por completo, a garota se vira para mim em uma rapidez imensa.

— Você não transou com ele né?

— O que? — minha resposta veio tão rápido que até eu fiquei surpresa. — Eu odeio ele Tainá!

— Sei que odeia. — ela solta um risinho, e sai por completo do quarto.

Merda.

Eu não sabia como iria sobreviver. Kyle está fora da cidade por conta de um jogo. Não consegui acompanha-lo, porque bem, falta menos de um mês para eu terminar meu primeiro ano de faculdade. E ele tem o Draft.

Ah, o Draft. Nunca o vi tão animado. Kyle se incrível antes de me conhecer, e segundo ele, esse sempre foi o seu sonho, ser jogador profissional de basquete, na NBA. E eu estou aqui pra prestar todo o meu apoio emocional e afetivo. Estou muito orgulhosa dele.

Levantei da cama, me arrastando até o banheiro.

Que seja o que Deus quiser.

[...]

A casa onde a festa acontecia estava muito lotada. Quando eu digo muito, não estou exagerando. Eu tive que empurrar uns três caras, não porque eles chegaram em mim, e sim porque estava com tanta gente dentro daquele lugar que era quase impossível passar por ali.

He only can hold her tocava no último volume. A voz estourada da Amy Winehouse me acompanhou até a sala de TV, onde poucas pessoas estavam concentradas. Eu estava quase duas horas atrasada, e isso explicava o porque da quantidade de gente quando eu cheguei aqui.

— Você veio! — exclamou Carolina, muito alto. Entendi porque ela estava assim quando a vi segurando uma garrafa de Rum metade vazia em sua mão direita. — Achava que você não vinha mais.

— Pois é, estou aqui. — eu digo, e a abraço.

Meus amigos todos estavam altos. Até Arthur, que foi encontrado por mim se agarrando com a namorada em um canto escuro daquela sala. Soltei um risinho e me sentei no sofá.

— Ei, nada de sentar! — ele grita pra mim, e me puxa pela mão para que eu pudesse levantar. Eu já estava com um copo vermelho em mãos, sem fazer ideia de como ele foi parar ali. — Victor está te esperando lá em cima. Segundo quarto a esquerda. Por favor, não faça nenhuma merda.

— Ok. Vou lá.

— Babs... — ele começa a falar, e suspira. — Não faça nenhuma burrice.

Um pequeno sorriso sai por meus lábios. Desvencilho minha mão de Arthur e volto a entrar no formigueiro que era aquela sala. Graças a Deus consigo chegar até a escada em sã consciência, com todas as partes do meu corpo no lugar certo.

Caminhei pelo corredor esguio. O único barulho ali em cima era do meu salto batendo contra o chão amadeirado daquela casa de fraternidade. Não mentiria, eu estava com medo.

Bati na segunda porta à esquerda instantes depois. Ouvi Victor dizendo para eu entrar, e assim o fiz. Passei pela porta de carvalho, escondendo o presente dele atrás do meu corpo.

— Oi. — é o que ele diz, junto com um sorriso.

— Oi. — eu respondo, e encosto a porta atrás de mim. Começo a caminhar até a sua direção, e Victor se levanta da cama.

— Como você tá? — ele pergunta. — Soube que Kyle viajou.

— Eu tô bem. — eu respondo. — Ele também tá.

Um silêncio cai sobre nós. E para quebrá-lo, entrego o pacote para ele. Victor sorri, e o pega em mãos, começando a abri-lo.

— Eu não sabia o que trazer... então trouxe isso.

Vejo quando ele tira o CD do pacote. Também vejo quando ele fica chocado ao vê-lo, virando-o para trás para poder ler todas as informações do disco.

— Ten, do Pearl Jam. — começo a falar. — Primeiro disco da banda, de Seattle, coincidentemente de onde você é. Lançado em mil novecentos e noventa e dois.

— Uau. — ele responde. — Sério Babs, foi o melhor presente de vinte e um anos que eu já recebi até agora. Obrigada mesmo.

O olho, e não acho nenhum resquício daquela noite. Apagada na memória e guardada no fundo da minha mente.

Victor estava próximo de mim, eu não posso negar. Eu estava próxima dele, e quando vi, estávamos próximos demais. Conseguia ver seus cabelos caindo sobre o rosto, os olhos, a barba rala nascendo no queixo. Todos os detalhes.

A mão quente dele foi em direção ao meu rosto, apenas o segurando em mãos. Eu o olhei, e dentro dos olhos dele, achei mil e uma sensações que nunca senti na vida.

Estávamos próximos demais, tão próximos que eu podia sentir a respiração de menta dele bater bem no meu nariz. E quando ele se aproximou, quase encostando nos meus lábios, eu disse:

— Não. — e ele parou. — Não posso fazer isso. Tenho o Kyle. Você tem a Mackenzie.

— Eu não namoro com ela, Bárbara.

— É, mas eu tenho namorado. — eu digo. — Não vamos estragar tudo Victor. Nossa relação tá melhor do que em qualquer outro período. Vamos ficar assim.

— Eu quero você. — ele diz, ainda bem perto de mim. — Eu quero você só pra mim. E o que eu faço pra ter isso?

— Você vai me encontrar em outro alguém V, eu prometo.

Dito isso, saio pelo quarto o mais rápido possível. Desço as escadas correndo e quase caio. Me misturo no meio da multidão, e enquanto eu bebia o que quer que seja que estava no meu copo, eu torcia para que tudo não passasse de um grande sonho.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora