I like you

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BÁRBARA, point of view
Penn State University — Pensilvânia.

— Aqui, Bárbara. — Larissa diz, me entregando um pacote de ervilha congelada. Coloco ele em cima da minha cabeça enfaixada. — Você tá bem?

— Só um pouco de dor de cabeça. — respondo. — Mas já era esperado, tive uma concussão.

Lara suspira. Estávamos todos sentados no sofá do meu apartamento. Larissa ajoelhada a minha frente, Tainá ao meu lado e Arthur do outro. Em um dado momento, as duas garotas se olharam, como se quisessem me dizer uma coisa.

— Babs, precisamos contar algo pra você. — Tainá diz.

— Meu deus, você tá grávida?

— Não. — ela ri. — Tem a ver com o que aconteceu hoje. Você lembra que o Arthur falou que a sua colega de quarto foi expulsa do colégio?

Merda, porque eu sinto que sei onde isso vai chegar?

— Ela é ex namorada do Victor, Bárbara. — Arthur diz, suspirando pesado e passando as mãos pelos fios negros dos cabelos. — E ela começou a sair com o Kyle assim que eles terminaram.

— Vocês estão tentando insinuar alguma coisa?

— Não estamos insinuando nada, Babs. — Tainá diz. — Só estamos tentando explicar porque eles se odeiam tanto. E com razão.

Merda. Porra. Caralho. Minha colega de quarto? "Meus" dois garotos? Será que isso é azar de local? Porra Bárbara, de novo não. Passar por isso que novamente não.

— Ela entrou na briga e bateu na garota com quem Victor começou a sair depois. — Tainá volta a explicar. — Kyle e Victor iniciaram a briga, mas assim que a nova ficante do Augusto entrou, a garota expulsa também entrou.

— E porque os outros dois não foram expulsos?

— Kyle já tinha sido escalado para o Draft desse ano. — Tainá suspira pesado. — E o pai do Victor é metade dono da faculdade.

Puta que me pariu.

— Razões plausíveis. — ironizo

[...]

Arthur estava dormindo no sofá da sala. Peguei ele no flagra, deitado em cima do próprio celular, no turno em que ele deveria ficar acordado.

Já faziam dois dias desde que ouve "A briga". Kyle, Arthur, Gabriel e Tainá estavam revezando horários para ficarem me observando, já que eu ainda não podia voltar para as aulas. Orientações médicas de um neurologista e de uma terapeuta.

Eu estava ao lado do fogão, esperando meu chá esquentar, quando Kyle aparece pela porta do apartamento. Ele ainda tinha um hematoma perto do olho, e o supercílio com um pequeno corte.

— Boa noite. — Ele diz, beijando meus lábios. Arthur se levanta e vai embora, logo depois de se despedir de nós. — Fazendo chá?

— Amora, hortelã e Hibisco. — Digo — Me ajudava a dormir de noite.

Agora, assim como Victor, Kyle já sabia de algumas coisas. Mas não tudo. Não tive coragem de me abrir para ele como me abri para Augusto naquela noite. O medo da mesma coisa acontecer (mesmo eu sabendo que possivelmente isso não aconteceria) de novo, é enorme.

— Você precisa dormir, Shorty.

— Eu não consigo, Kyle. — respondo, encostando minha testa em seu peito. Os braços longos dele me envolvem como se eu fosse uma boneca. — Eu juro que eu estou tentando.

— Eu gosto de você Bárbara. Gosto de verdade.

Kyle diz. Ele leva seus dedos até o meu queixo, o levantando. Começa a olhar nos meus olhos, e eu senti que meu mundo iria desabar ali mesmo. Ele gosta de mim. Porra, ele gosta de mim.

— Eu acho que estou amando você. E eu entendo se você não sentir o mesmo, ou não quiser nada sério. Foi o que você me disse. E eu irei respeitar a sua escolha qualquer que for.

Trago o pescoço de Kuzma para mim. Colo nossos lábios logo em seguida, em um beijo calmo, e apaixonado. Encosto minha testa no seu peito e escuto o coração dele bater. Rápido demais, como se estivesse esperando algo de mim.

— Eu também gosto de você, Kyle. — digo. — Mas ainda não sei como serão as coisas.

— Não tem problema, Shorty. — ele diz — Sabendo que você estará comigo, independentemente do rótulo, já está de bom tamanho.

Desligo a água do fogão e coloco-a no meu copo, vendo a mesma se tornar rosa gradualmente. Kyle ainda estava lá, ao meu lado, subindo e descendo as mãos nas minhas costas como se eu tivesse acabado de vomitar.

— Dorme comigo hoje?

— Claro. — ele diz. — Tudo que você quiser.

Caminhamos juntos até o quarto. Ele me segurava pelos ombros, enquanto eu andava devagar até meu cômodo da casa. Sentei na ponta da cama, bebericando minha xícara de chá, enquanto Kyle arrumava o colchão para que eu e ele pudéssemos dormir juntos.

Terminei o chá e deixei a xícara de lado. Escalei o colchão do meu quarto e me sentei perto da parede, Kyle estando do meu outro lado. Me deitei sob o peito dele, o abraçando com força, enquanto ele me envolvia com seus braços fortes e tatuados.

— Seu cabelo é cheiroso. — ele diz em uma pequena risadinha, começando a acariciar os meus fios claros. — É o que, coco?

— Coco e Leite de amêndoas. — respondo baixinho, e sinto os lábios de Kyle em contato com a minha cabeça. — Isso ajuda a hidratar. Deixar os fios mais fortes e tal.

Abraço Kyle mais forte e fecho meus olhos, com o intuito de começar a dormir. Mas na verdade, ainda estava atenta ao homem debaixo de mim. Queria ouvi-lo. Tinha certeza de que ele iria falar alguma coisa.

E quando eu já estava prestes a desistir, e ir navegar nas águas profundas do meu sono, escuto, baixinho e quase inaudível, Kyle falar:

— Eu te amo Bárbara. Amo de verdade. — ele suspira fortemente. — E eu sinto e espero que você me ame de volta. Mesmo que não seja na mesma intensidade.

Oh merda.

Eu queria chorar. Porém, fechei os meus olhos, e me deixei-me dormir gradualmente.

Sonhei que estava casando, um vestido longo e branco. Meus amigos todos nos bancos e até vi minha mãe. Sem David. Mas o único detalhe que realmente me chamou atenção era que eu não sabia quem era meu noivo. Não conseguia reconhecê-lo.

Não conseguia saber qual dos dois era.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora