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Capítulo com tópicos sensíveis para alguns públicos

Capítulo com tópicos sensíveis para alguns públicos

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BÁRBARA, point of view
New York — EUA

O celular, que até segundos atrás se encontrava nas minhas mãos, agora repousava ao lado do meu pé, em cima do chão acinzentado da casa dos pais de Tainá.

Já meu choro, foi aumentando gradativamente.
Primeiro uma lágrima solitária, e quando vi, meu mundo inteiro já estava desabando bem no meu rosto.

Não, de novo não.

O barulho se fez tão grande, que a luz do quarto de Victor se acendeu. A luz da escada também se acendeu, e de repente, uma sombra preta se fez presente diante de mim. Foi tudo muito rápido. Eu não conseguia me mexer. Senti minhas pernas ficarem fracas, e quando eu vi, estava estirada no chão gelado.

— Bárbara! — ele diz, correndo até minha direção. Meu choro não cessava um segundo sequer. — Porra, Bárbara...

Os braços de Victor passaram por debaixo do meu corpo, mas ele não fez menção de se levantar. E em vez de falar algo, eu só continuei ali, deitada, chorando com todas as forças do meu corpo. Me agarrei a cintura dele, e dali, não soltei mais.

— Puta que pariu! — a voz de Tainá se fez presente nos meus ouvidos. Com a minha visão -limitada por conta das lágrimas- vi quando a morena se aproximou de todos nós. — O que aconteceu aqui?

— Eu não sei... — Victor volta a dizer. Confuso, com medo, morrendo de ansiedade. Ele estava assim. — Ela já tinha caído quando eu cheguei.

— Eu vou buscar gelo. — Lara diz aos fundos.

Finalmente, os braços de Victor me rodeiam e me levantam do chão gelado. Ele se senta comigo no sofá, e como um bebê coala, eu me agarrei a cintura dele, novamente, com toda a minha força possível. Voltei a manchar a camiseta branca dele de lágrimas.

— Eu acho que ela bateu a cabeça. — Escuto a voz dele, e de relance, sinto a mão de Victor se desencostar de mim. — Merda, ela está sangrando!

Me aninhei mais, e as lágrimas caiam e caiam. Meu peito subia e descia, e eu não estava com condições de falar nada. Eu não conseguia falar nada. Eu estava tendo uma crise de pânico. E eu torcia para que Victor não tivesse uma também, porque do jeito que o coração dele estava batendo, era capaz dele morrer.

Agora, como desde antes, eu chorava na camisa branca de Victor, suja de sangue. As pessoas estavam agitadas dentro de casa, trazendo toalhas e remédios, tentando ao máximo me deixar calma. Merda.

— E-eu não consigo...respirar...

Usei minha força toda para conseguir sussurrar isso. Victor me olhou assustado, com a boca sôfrega como se tivesse acabado de correr uma maratona com obstáculos. Ele estava nervoso, morrendo de medo.

— Merda! — ele grita, a expressão mudando de preocupação para medo. — Lessa, pega a chave do carro! Você que vai dirigir.

É escutado passos pela casa, e Victor levanta seu corpo do sofá. Ao abrir a porta, o vento gelado de Nova York me abraça, e eu me aconchego no colo do mais velho, procurando uma fonte de calor onde eu podia me aquecer.

Entramos no carro segundos depois, e Gabriel já cantava pneus em uma velocidade absurda. De repente, U2 começou a tocar no rádio, e eu lembrei, lembrei daquela vez.

Eu e ele juntos no carro dele, escutando All I want is you no maior volume, cantarolando a letra que sabíamos de có e salteado, de trás pra frente. E porra, tive mais vontade de chorar.

Tentei focar na música, e lembrar dos acordes que Larissa um dia me ensinou. Mas não consegui, porque senti as mãos de Victor me puxando pra realidade. Me trazendo para perto de si, para o calor do corpo dele. As mãos firmes de Augusto me rodeiam, enquanto eu levo meu olhar para os olhos dele.

Bárbara, eu prometo.... — ele começa a dizer, e uma pausa dramática é dada. — Não vou deixar nada acontecer com você. Você vai ficar bem, Minha Novata.

Victor coloca nossos lábios em um beijo rápido, para que Gabriel não veja. E ali eu apago, escutando minha música favorita do U2.

[...]

Acordo em uma sala branca, muito clara. Demorou para as minhas pupilas conseguirem se adaptar a claridade da luz daquele local, mas instantes depois, eu já conseguia ver as coisas bem.

— Bárbara? — olhei para o lado, e Tainá estava sentada na cadeira de visitas ao lado da minha maca. — Meu Deus, ainda bem que você acordou.

Os olhos de Tainá estavam inchados, como se ela tivesse passado a noite chorando. A morena segurou em minhas mãos gélidas, e agradeceu aos céus por finalmente ter me visto acordar.

— Não! Vocês não entenderam, eu preciso ver ela!

A voz de Victor. Aquela era a voz dele. Olhei para frente, e ele estava sendo barrado por médicos e seguranças. As veias do pescoço saltadas e o rosto vermelho, desesperado para entrar no quarto.

— Bárbara! — ele grita, assim que me vê. Mas tarde demais. As portas foram fechadas.

— Não.... — tendo dizer. — Pode deixar ele entrar.

Tainá me olhou confusa, mas instantes depois, me obedeceu. Victor apareceu no meu campo de visão mais calmo, mas mesmo assim ainda muito preocupado com o que havia acontecido.

— Você está bem? — ele diz, se ajoelhando ao meu lado e segurando minha mão com força. — Eu juro Bárbara, eu nunca vou me perdoar, você caiu e eu não consegui te segurar...

— Ei. — o corto. — Não foi culpa sua. Recebi uma ligação e eu tive uma crise de pânico.

— O médico falou que você está desnutrida Barbara. — ele fala baixinho, perto do meu ouvido. — Porra, é por causa de mim?

Um silêncio se fez naquela sala, e eu podia escutar os pensamentos de Victor daqui. Queria dizer que eu já tive esses problemas, mas infelizmente, parcela do meu surto de ontem também vem da minha discussão com ele.

— Eu vou ficar bem. — suspiro. — Mas não quero mais te ver por aqui Victor, sabe, não quero me dar esperanças...

— Eu te entendo. — ele conclui. — Eu vou embora daqui assim que puder. Só...não suma ok?

— Eu não vou sumir bobinho, — tento dar uma risada, mas a minha cabeça lateja de dor. — eu vou continuar sendo a sua vizinha.

Victor se despede de mim com um pequeno aceno, e se dirige para fora da sala. Depois, perco-o de vista, e os nosso amigos aparecem dentro do apartamento do hospital.

— Você vai receber alta hoje mesmo. — Tainá diz ao meu lado.

— Que horas são?

— Seis e vinte e cinco da manhã. — é a vez de Lessa responder, segurando o celular em mãos. — Passamos a noite aqui.

— Eu...eu ainda preciso ver meus pais hoje. — digo, sem pingo nenhum de felicidade. Se eu não fosse ver minha mãe, ela e David iriam atrás de mim na faculdade. E de longe, não quero isso.

As pessoas continuaram a conversar junto comigo, mas eu estava muito aérea. Não sei se por causa dos remédios, ou por causa da briga, ou por causa dele.

Mas eu tinha certeza: minha cabeça poderia estar em qualquer outro lugar, mas eu ainda pensava nele. Ainda pensava nele aqui comigo.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora