Backstage

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BÁRBARA, point of view
📍Penn State University - Pensilvânia.

- Segurem seus crachás! - gritou Tainá na nossa frente. Passamos pela multidão ao redor do palco, chegando até as mini escadas que levavam-nos até a parte de trás do palco.

Passamos também por um corredor, cheio de portas, cada um com o nome de alguém no meio de uma estrela. O de Victor era o último, do lado esquerdo.

- Quer ir falar com ele? - Arthur sussurra ao meu lado. O olho espantada. - Fica tranquila, te dou cobertura.

Solto um sorriso disfarçado para o meu amigo, me misturando no meio da equipe do show. Entrei no camarim de Victor sem ao mesmo fazer barulho na porta.

E ele estava lá, sentado em uma cadeira de teatro, olhando compulsivamente para o espelho. Quando me viu pelo reflexo do mesmo, soltou um sorriso, me chamando com os dedos pra que eu me aproximasse dele.

- Está nervoso? - eu pergunto, passando meus braços ao redor do dorso dele. Era o primeiro show que Victor era o vocalista principal. Arthur apareceu com uma inflamação na garganta - do nada, e de novo - ontem e Victor teve que substituí-lo.

- Não. - ele respondeu com um sorriso saindo dos lábios. - Você tá aqui comigo. Eu tô bem.

Abaixo minha cabeça e beijo seus lábios, deixando a marca do batom vermelho. Rio, levando o dedão até a minha boca e depois para a boca de Victor, afim de tirar a marca de lá. Não quero deixar nada transparecer.

Saio primeiro, correndo pelo corredor e indo para a lateral do palco. Era a primeira vez que Loud tocava em um lugar tão grande, tendo vendido os três mil ingressos em cinco horas.

- Você vai assistir o Show daqui? - Lyia questiona. Estávamos na lateral do palco, os meninos aquecendo a voz e o instrumentos antes de tocar. - Arthur me disse que iria ver o show com você no meio do povo.

- Ele disse?

- Tem uma área vip no meio da pista. - gritou a morena por cima das vozes escandalosas. - Deve ser lá que vocês irão assistir o show.

Concordo com ela. Todos os meninos passam por mim, um por um. Eles bebem água, Lara faz uma piada e todo mundo ri. Logo depois, eles entram no palco. Aí sim as vozes histéricas começam a se ressaltar no meio da multidão.

Arthur passa por mim, me avisando que iríamos para a tal da área Vip. As meninas gritavam ao meu lado, e eu gritava junto. Algumas prendiam seus olhares no crachá, e outras na minha mão entrelaçada no vocalista da banda preferida delas.

É, eu tenho esse privilégio.

Um grandalhão todo vestido de preto abriu um mini portão para nós. Ramos o cumprimentou, e o cara soltou um sorriso de orelha a orelha quando nos viu passar.

As luzes azuis e roxas tomaram conta do espaço, e o barulho de guitarra alto demais capitou meu ouvido. Soltei um sorriso quando vi Victor ali, em pé, tocando guitarra e cantando na frente de todos.

Sexy girl saiu dos acordes da guitarra de Larissa, e a plateia foi a loucura. Depois disso, Deni Califórnia, Everlong, Jeremy, e entre outras.

Eu já estava animada demais quando a banda fez uma pausa. Fui com Arthur ao bar, comemos batata frita e pedimos uma bebida para dividir. Depois, voltamos os dois juntos para a área Vip.

- Essa música agora...- escuto a voz de Augusto quando chegamos no local. Ele ajeitava a haste do microfone, para ficar na altura certa. -, foi uma das primeiras que eu escrevi depois de um tempo. Uncomfortable, pessoal. Espero que gostem.

Mais gritos histéricos, e o meu era um deles.

- Originalmente, eu canto só um trecho da música. - Arthur diz ao meu ouvido, segurando uma long neck de corona em mãos. - Eu que dei a ideia dele cantar toda.

Inicialmente uma melodia agitada saiu da guitarra de Lara. Augusto ainda estava lá, em pé, olhando para os dedos que dedilhavam pequenas notas no instrumento musical.

E foi aí que a musica começou.

- Man, I'm stressed out, I need a cigarette. She took a fall and nearly broke her neck. I'm burnt out, shit, I need some rest. But how can I escape you if you're in my head?

Minha boca ficou seca, e eu entrei em desespero total. Meu Deus do céu. Olhei para Arthur, e ele sorria, enquanto bebia da sua cerveja.

- I'm hearing noises, what the fuck's that sound? - A voz dele soou suave no microfone. A batida da bateria e da guitarra eram fortes. - Abusing my liver will keep emotions down
And things just get weirder when I leave out of Town.

O que?

Olhei para Arthur, e ele ria, primacialmente da minha reação diante a letra da música. Cara, tem alguma coisa aí, eu sei que tem.

- I'm not comfortable. No, I just can't seem to feel at all. I'm not comfortable. So, I'll take another pharmaceutical cause I want comfortable. I want comfortable. Girl, I want comfortable. I won't run from you, I want comfortable, Yeah, I want comfortable. No, no, no

Ah meu deus do céu. Não pode ser, eu duvido que seja isso. Impossível que seja isso.

- I'm coming down heavy from the adderall
Borderline drowning in these messy thoughts
I'll calm down once I get some more. This substance got a hold on me, I'm insecure.

Meu coração se partiu ao meio. Vi Victor cantando aquela música com todos os pulmões, gritando a letra da mesma diante de uma multidão de pessoas.

E eu sabia do que aquilo se tratava.

- I'm hearing voices, what the fuck's that sound?. I'm going through problems I shouldn't talk about. I'm thinking it's over but, shit, I'll ride it out.

Ah meu deus do céu. Não pode ser, eu duvido que seja isso. Impossível que seja isso.

E quando eu virei para Arthur, afim de confronta-lo sobre aquilo, o vi cantando. Cantando a música assim como Victor cantava, em plenos pulmões. Um solo de guitarra começou bem na hora.

- O que você pensa que está fazendo? - o repreendo. - Você não pode cantar assim. Você...você está...

Ele riu. E aí que a ficha caiu.

- Vocês armaram isso pra mim?

- Surpresa! - ele diz, abrindo os braços. - Victor escreveu essa música em NY. Ação de graças lembra? Ele me mostrou na mesma noite. Eu amei. Ele tinha que cantar essa música.

- Na noite de ação de graças? - eu digo, e a culpa me invade como qualquer coisa. - Eu estava xingando ele de todos os nomes possíveis enquanto ele escrevia uma música pra mim?

- Parece que sim. - Arthur ri.

Meus olhos voltam pra Victor, dedilhando a parte final da música na sua guitarra. E quando seus lábios vão em direção do microfone, seu olhar recai sobre mim. Que nem no ano novo.

- My head could be a vessel for your own mind, all you gotta do is talk. A flood is slowly building at your wrists now, and death is just a thought. - Ele deu um sorriso. As meninas gritaram, e ele continuou a letra. - I won't run from you. I want comfortable . Yeah, I want comfortable.

- E porque ele faria isso? - indago, eu ainda estava desacreditada total. - Nós nos odiávamos. Ele me tratava que nem lixo. Porque isso?

Arthur agarrou meus ombros, colou nossas testas, e em um sorriso, ele disse:

- Porque ele te ama Bárbara. Te ama pra caralho.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora