You ain't my boyfriend

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BÁRBARA, point of view
Peen State — Pensilvânia

Kyle foi embora logo depois da terceira música que a Loud tocou. Mas eu entendia ele. Amanhã eles começavam os treinos as seis da manhã e só paravam às oito e meia quando o primeiro período começava. Tinham passe livre pra se atrasar no primeiro horário.

Já eu, estava sentada em uma das mesas de carvalho velho, tomando uma cerveja long neck. O show tinha acabado a uns 15 minutos e só os guerreiros da meia noite (gente doida o bastante pra ficar até três da manhã no bar) restavam ali.

Tainá e Peter foram embora depois da primeira música, no carro dela. Gabriel e Carol iriam junto com Arthur. Larissa estava ocupada demais agarrando a namorada atrás do balcão do Barman para perceber que Gilson e todo mundo já tinha ido embora também.

Então, basicamente, os guerreiros da meia noite eram eu e Victor. Mais as outras cinquenta pessoas daquele local, mas quando se tratava de nós dois juntos, a maioria das vezes grandes aglomerações se resumiam a nenhuma alma viva.

O único motivo que me fez levantar da mesa foi que, Boyfriend da Ariana Grande, começou a tocar no alto falante de lá. Uma versão mais lenta, muito possivelmente pedida por algum calouro que ainda não descobriu que aquilo era um bar, não uma balada.

Ainda com a minha garrafa de cerveja em mãos, comecei a mover minha cintura de um lado pro outro ao som da música. A luz piscante deixava o ambiente muito mais convidativo para se dançar.

Senti uma respiração no meu pescoço e nem precisei me virar para trás para saber que Augusto estava ali. Instantes depois, os braços dele agarraram a minha cintura e permaneceram ali, enquanto ele respirava na curvatura do meu pescoço

Assim que a parte de Mikey (um dos integrantes do Social House) começou a tocar, escutei a voz de Victor, em um sussurro, cantarolar a música nos meus ouvidos.

Even though you ain't mine, I promise the way we fight make me honestly feel like we just in love...

"Mesmo que você não seja minha, eu te juro que nossas brigas me fazem honestamente sentir que estamos apaixonados". Não Victor, nós dois definitivamente não estamos apaixonados um pelo outro.

Cause, baby, when push comes to shove, then, baby, I'm a train wreck, too.

Meu Deus, eu poderia escutar ele falando baby no meu ouvido a noite toda. Encostei mais nossos corpos e comecei a mover meu corpo novamente, no ritmo lento da música. "Porque, meu bem, quando a coisa complica, então meu bem, eu viro um desastre também." Sensato.

I lose my mind when it comes to you. I take time with the ones I choose and I don't want a smile if it ain't from you, yeah.

Nessa parte da música, sorri ao perceber que eu e Augusto cantamos na mesma hora. Ele fez o mesmo, porque eu senti seu sorriso se formando em cima da pele do meu pescoço.

I know we be so complicated, Lovin' you sometimes drive me crazy cause I can't have what I want and neither can you.

Não posso mentir dizendo que a última parte da qual ele cantou, me arrepiou dos pés a cabeça. Não seria tão fácil assim. Ele não me tem, e eu não tenho ele. Livres.

Ficamos mais alguns minutos dançando com o final da música, e eu ainda escutava Victor cantar a letra como se quisesse me falar alguma coisa. Mas, quando o relógio bateu três e quarenta e cinco da noite, sai daquele bar com companhia, e Victor também.

[...]

— Você me paga. — Eu digo entre risadas, deitada na cama de Victor. — Eu odeio você.

— Qual é gata, eu te fiz um favor! — Ele exclama, me puxando pelo quadril para que eu pudesse deitar em seus braços.

— Saindo praticamente pelado do banheiro na frente das meninas? — Digo — Victor, porra, nós tínhamos um trato.

— Você tinha um trato. — Ele diz — Não lembro de ter concordado com você.

Puta que pariu, ele estava certo. Também não lembro dele ter concordado em nada do que eu falei naquela noite na verdade. Suspirei pesado, traçando as linhas da tatuagem que Augusto tinha no peito. Uma borboleta, e um pouco mais acima, uma escritura. Nunca conseguia ler, porque toda vez que focava naquele lugar, a imagem sempre aparecia tremida. Se é que me entendem.

— Quer uma carona amanhã de manhã? — Ele pergunta.

— Então quer dizer que você tinha um carro esse tempo todo? — Digo, e em seguida deixo um tapa no ombro dele. — Não acredito que eu me atrasava esses dias todos e você não fez porra nenhuma.

— Eu achava engraçado. — Ele diz — Sabe, você fazendo de tudo pra fugir de mim, andando 30 minutos até o campus. Esse é o caminho mais longo Bárbara, você sabe disso.

— Ok, você tem um ponto. — Digo me sentando na cama. — Mas não quer dizer que eu parei de odiar você.

— Você não odeia não. — Ele solta uma risada nasalada. — Nem um pouquinho. Quer ver?

Victor chega perto de mim em um pulo. Me fazendo quase cair deitada na cama de novo. A boca dele estava a centímetros da minha, mas ele não avançava o sinal, só dividia o seu olhar para ela e meus olhos.

Ele me pegou pela cintura e me fez sentar no colo dele, descendo suas mãos até a minha bunda e lá deixando.

— Viu como você não odeia?

Merda.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora