Conversation

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BÁRBARA, point of view
Peen State — Pensilvânia

Desesperada, bati na porta de Arthur diversas vezes. Andei até aqui, em supreendentemente sete minutos, e meu Deus, eu sentia que meus pés iriam cair do meu corpo.

— Arthur, é a Bárbara! — Exclamei, voltando a bater na porta. Instantes depois, o moreno a abre. — Seus amigos estão aqui? — Perguntei, depois de entrar direto no apartamento dele.

— Hm, não. — Ele diz, ainda tentando entender o que estava acontecendo comigo. — Você tá bem?

— Eu preciso conversar com você.

O arrastei até o sofá do alojamento, sentando com ele logo em seguida. Falei de tudo, da minha primeira vez com Victor, de quando Kyle me chamou para sair no bar, das duzentas vezes que eu matei aula só para ficar com Augusto e mais mil e uma coisas.

Também falei de como eu odiava Victor com todas as forças do meu corpo, mas que esse ódio se esvaia só com um toque dele. Também falei de como Kyle me faz sentir bem como o Victor nunca fez.

— E onde você quer chegar com isso? — Ele perguntou, logo quando eu o deixei falar.

— Onde eu quero chegar com isso é que Victor não é o Kyle, e Kyle não é o Victor. — Respondo. — Que ódio, porque eles não poderiam ser completos?

— Porque ninguém na porra do mundo é perfeito Bárbara. — O moreno diz, duro. Fecho a cara, mas não por estar chateada com ele, mas pelo fato de que o que ele falou ela verdade. — Você tem que seguir o que o seu coração está dizendo, porra.

— E se eu não souber a resposta?

Vejo Arthur revirar os olhos. Eu até entendia ele. Ramos namora a mesma garota desde o primeiro ano do ensino médio, então pedir concelhos amorosos com ele é a mesma coisa que falar com uma parede.

E se vocês sabem: Paredes não respondem.

— Você tem que saber, Bárbara. — Ele
diz. — Em circunstâncias assim você não pode simplesmente não saber. O feriado de ação de graças está chegando, então tire esse tempo pra você pensar sobre esses dois.

Levo as mãos a testa, com o fato de que Arthur acabou de me lembrar de algo que eu não queria. Feriado de Ação de Graças significava voltar para casa, voltar para a cidade que eu jurei não voltar mais.

— Eu vou passar os feriados aqui, Arthur. — Eu respondi.

— Ótimo. — Ele diz, em um meio sorriso. Uma feição de interrogação se formou em mim. — Nós vamos passá-lo em Nova York, na casa dos pais de Tainá.

— E Victor?

— Ele não gosta de feriados. — Arthur diz simples. — Na maioria das vezes voa pro outro lado do país ou fica por aqui mesmo, olhando para as paredes.

Não confiei muito na palavra de Arthur, até porque Victor era um cara totalmente imprevisível. Então, depois da conversa, me despedi do mais velho e fui caminhando (agora lentamente) até o prédio do meu alojamento.

Era de tarde, cinco horas, e o sol já estava se pondo. Coloquei as mãos no bolso do casaco de inverno e apertei mais o cachecol em volta do meu pescoço, tentando andar mais rápido por conta do frio que tomava conta do meu corpo.

Minha atenção foi tirada da minha tentativa de esquentar o corpo por uma buzina. Uma Land Rover parou do meu lado. Minha primeira reação foi pegar algo pontudo na minha bolsa -minha chave- e me virar para o automóvel.

— Não vou te matar, Novata. — Victor diz. — Pelo menos não ainda.

O castanho escuro puxa o freio de mão e coloca o braço atrás do encosto de cabeça do banco do carona. Ando devagar até o carro do mesmo e entro. Não negaria uma carona tão longe do meu dormitório.

— Trocou de carro? — Eu pergunto, vendo que o painel era diferente.

— Gostou? — Victor diz, passando as mãos pelo volante. — Vendi aquele e comprei esse.

Respondo com um mísero sorriso, e Victor começa a dirigir. Mas antes que ele pudesse virar na direção dos dormitórios, resolvo me comunicar com ele.

— Pode me deixar na biblioteca? — Pergunto. — Preciso pegar mais uns livros.

Era mentira, não precisa pegar mais livro nenhum. Mas tenho certeza que se eu fosse pro dormitório. em direção ao meu quarto, ele me seguiria também. E não quero Victor perto de mim. Pelo menos não hoje.

— Claro.

Victor da meia volta e começa a dirigir em direção ao campus principal, passando pelas ruas sinuosas em direção ao grande prédio que era a biblioteca da faculdade. O mais velho para na frente do prédio e para o carro, puxando o freio de mão. Assim que vejo ele saindo do carro também, franzo o cenho, saindo também.

— O que você pensa que está fazendo? — Eu pergunto, e Augusto ri, rodando a chave do carro nos dedos.

— E quem vai me impedir de ir na biblioteca, Bárbara? — Ele diz, chegando bem perto de mim. Tão perto que eu tenho que levantar a cabeça para conseguir olhá-lo nos olhos. Aqueles olhos castanhos em um instante se tornaram escuros demais e por segundos eu tive medo de Victor.

Mas eu sabia que ele não tentaria nada para me ferir. Ele não tinha coragem de me ferir. Pelo menos não fisicamente, porque emocionalmente, ele era profissional em me fazer sentir sem poder de voz.

Frustrada, andei a passos largos até dentro do prédio. Tentei passar o mais rapidamente pela portaria, o que foi falho, porque Victor estava sendo tão rápido quanto eu no quesito "Entrar no prédio." A garota por detrás do balcão soltou um sorriso pra mim quando viu o garoto entrando junto comigo pela catraca interna.

A biblioteca fechava só as 10, e na minha cabeça eu ia conseguir estudar o bastante. Mas não contava com a presença de Victor Augusto junto comigo.

Peguei um livro qualquer e entrei em um dos milésimos corredores Abri o livro e me sentir entrar em um novo universo, onde as pessoas não poderiam me interromper.

Fiquei ali, lendo, até não saber mais que horas eram e não ver mais Victor por aí.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora