Break up

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BÁRBARA, point of view
New York — EUA

De manhã, fui uma das primas a acordar na casa. Ela estava vazia e calma, e a brisa de inverno entrava por entre as aberturas das janelas mal fechadas. O sofá estava bagunçado, mas não sabia dizer se era por causa de mim e de Victor.

A mãe de Tainá serviu o  bolo de ontem a noite, e logo depois da mesa estar completamente pronta,  vi Victor saindo do pequeno quadrado abaixo da escada. Ele olhou para  mim de rabo de olho, e se sentou no lado oposto da mesa.

O café da manhã foi  tranquilo. Comemos o bolo (que estava ótimo), conversamos muito e  decidimos os planos para o dia de hoje. A noite, sei que iríamos em uma  boate, mas durante o dia, Tainá e a namorada de Arthur decidiram que nós daríamos uma volta por Nova York.

Fomos a pé até o parque, eu sempre acompanhada de Arthur, como se ele soubesse que eu estava mal. Tirei fotos dele e de Madison em um certo momento, tentando mostrar ao máximo possível que eu estava feliz.

Voltei a andar pela  calçada da rua, longe de todos. Era um dia bem ensolarado em Nova York,  mesmo sendo às vésperas do do dia de Ação de Graças. Sentia meu nariz  vermelho e as mãos congelando, mas tudo isso iria para o chinelo depois  de perceber que, meu Deus, eu estava em Nova York.

A touca na minha cabeça  era preta, assim como meu casaco grosso, de inverno. Por baixo, usava  uma jaqueta revestida por dentro, tudo para não passar frio. Minhas mãos  estavam nos bolsos da calça, se aquecendo no calor da daminhas pernas.

— Faz tempo que não vejo você assim. — Arthur brinca. — A última vez foi no dia que você chegou.  Toda tímida e com medo de fazer amigos.

Solto uma risada, e empurro o ombro de Ramos como forma de brincadeira. Volto a andar ao  lado dele, os dois calados. De repente, o mais velho se vira para mim e  volta a falar:

— Você está bem mesmo?

— De verdade? — digo —  Eu acho que já estou nas minhas últimas forças. Eu não aguento lutar mais.

— Eu poderia dizer "eu bem que te avisei", mas você não merece ouvir isso agora. — ele começa. — Então, está apaixonada por ele?

— Não, definitivamente não. — respondo, e volto a andar com Arthur pela calçada do parque. —  Sinto que se fosse amor eu não me sentiria tão cansada assim. Vou conversar com ele hoje.

— Vocês parecem que estão em um relacionamento. — Arthur diz de brincadeira, e eu dou um tapinha no ombro dele.

— Se eu não falar nada, ele vai continuar vindo atrás de mim. — suspiro, levando minha mão até a  testa, como se estivesse doente. Eu acho, na verdade, que toda esta  situação está me deixando doente. — E se eu não quero mais, não vê-lo  parece ser uma ótima situação.

— Ele está a sua turma de Ética e Introdução ao Direito, como vai fazer isso? E Kyle?

Ótimo, Arthur tocou no assunto que eu não queria. Mas não poderia fugir mais desse assunto. Não agora. 

— Vou ver como vai ficar  as coisas. — digo, um meio sorriso saindo dos meus lábios. — Os amigos  dele arrumaram um encontro pra ele ontem. Estava bem feliz, acho que se  divertiu. 

— Tome cuidado, ok? — Arthur diz — Ter o coração partido é ruim, mas partir um é pior ainda.

Arthur diz e volta a andar. Já eu, fiquei parada alí, só digerindo tudo o que ele falou.  Suspirei, e segundos depois, voltei a andar pela calçada.

𝟓𝟎𝟓 - 𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora