P.O.V - ANTHONY BAKER:
Deveria ser por volta das oito da noite. Eu e o Félix estávamos deitados na grama do jardim, olhando para o céu estrelado, que por sinal estava maravilhoso. Ele conseguia ser legal quando queria, com os outros, apesar de que na maioria das vezes era grosseiro. Mas perto de mim, ele parecia se tornar completamente vulnerável, como se fosse um bebê muito sensível, como se fosse quebrar, e isso fazia com que eu me sentisse mais forte, para cuidar dele, que no fundo era apenas uma criancinha birrenta, que precisa de atenção, e seria eu a dar atenção necessária.
Eu estava com os braços apoiados em seu peito, encarando seu rosto angelical tão perto de mim, e vez ou outra eu depositava rápidos selares em seu maxilar, que era extremamente marcado, uma das curvas mais lindas que ele tinha. Estávamos em um momento nosso, dentro de uma bolha. Dentro do nosso mundo. Mas fomos interrompidos quando o celular dele tocou pela quarta vez, em menos de quinze minutos, então ele resolveu atender.
Ele colocou no viva voz, e a pessoa do outro lado da linha estava em silêncio, dava para ouvir somente o choramingo, e logo a voz tentando parecer firme. Era o seu pai.
Félix se sentou rapidamente, perguntando inúmeras vezes o que tinha acontecido, então a notícia veio. Com a voz trêmula e chorosa, seu pai disse a seguinte frase: "teve um acidente, a sua mãe não resistiu".
Naquele momento, o garoto em minha frente paralisou, seu pai disse para ir até o hospital, e depois de mais alguns segundos de silêncio, a chamada foi desligada, e eu permaneci como estava, encarando Félix congelado na minha frente, seus olhos estava transmitindo dor, e seus lábios entreabertos. Ele parecia ainda tentar digerir tudo o que tinha acabado de ouvir.
Quando vi seus olhos brilharem pelas lágrimas acumuladas, sabia do que precisava.
Me aproximei mais do seu corpo, e o envolvi em um abraço, e somente nesse momento, ele se permitiu chorar, a ficha tinha caído, e ele estava em prantos, molhando meu suéter cor de vinho, enquanto me apertava forte.
Depois desse acontecimento de hoje mais cedo, Félix disse queria ficar sozinho, e eu apenas concordei, sabendo que isso não aconteceria, já que tinha o seu pai, e também seus melhores amigos, que com certeza iriam falar com ele, mas eu sabia que ele precisava daquele tempo, por isso o deixei ir, pedindo para que dirigisse com cuidado, e que me ligasse para dizer que tinha chegado bem em casa.
Fiquei a noite inteira preocupado, não consegui sequer pregar o olho, queria saber como ele estava a cada cinco minutos, queria abraçá-lo e dizer que estou aqui para ele, eu só precisava dele aqui, agora, para que eu tenha a certeza de que ele está bem, ou que pelo menos está seguro.
Eu conheço o Félix, sei que pode fazer besteiras, e sei que eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, mas não suportaria viver em um mundo sem ele agora que o tenho. Eu ainda preciso dele, e com a pressão que o pai dele coloca, tenho certeza que preferiria morrer a morar só com aquele homem.
Agora deveria ser umas quatro da manhã, e eu estou sentado na cama, com as costas na cabeceira. Eu não sei o que fazer, eu não consigo dormir, o Félix não me atende, eu estou literalmente surtando. Tudo bem que ele poderia estar dormindo agora, mas já faz horas desde que nos falamos pela última vez.
Estava prestes a me deitar novamente, quando ouvi o barulho na minha janela, e o mesmo logo em seguida, então me levantei da cama, e caminhei até lá, olhando para baixo, e pelo vidro embaçado da janela, pude identificar Chris, completamente agasalhado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Just ten minutes [LGBTQIA+]
Lãng mạnOBRA CONCLUÍDA Anthony é um estudante do ensino médio, em uma nova escola e uma nova cidade. Tudo estava indo bem, até ele conhecer Félix, o garoto popular, jogador de basquete. E juntos então descobrem que nada é o que parece, e quem você acha que...