23- Eu estaria tão perdido se você me deixasse sozinho

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FÉLIX SALAZAR - P.O.V:

   Hoje era uma daquelas manhãs, onde tudo que eu queria era poder ficar em casa, rolando nos lençóis, mas era um dia importante para ir a escola, não estudar, já que entramos em um pequeno recesso até a soma das notas, que sairiam hoje, e confesso que estava nervoso para pegar meu boletim, pois se estivesse reprovado, não me perdoaria nunca, só queria ir logo para o último ano do ensino médio.

  Além da entrega de boletins, hoje também começamos a organizar o baile de fim ano, aquele mesmo baile que eu sempre sou rei porque as organizadoras burlam os votos, mas duvido muito que esse ano eu consiga vaga como rei, minha população caiu bastante, já que parte dela era somente por conta de todas as meninas desesperadas por mim, e desde que eu assumi publicamente meu relacionamento com o Anthony, várias delas se afastaram, mas eu não estava bravo por pensar que obviamente não seria coroado, acho que deveria dar a chance para outros caras.

  Essa semana será bem corrida, pois amanhã tem as malditas eliminatórias para o jogo do final de semana, e eu sequer havia comentado com o Anthony sobre isso, e falar no Anthony, seu aniversário é daqui uma semana e meia, em uma quarta-feira, e eu ainda não tenho noção do que dar de presente pra ele, ou como chegar nele e perguntar porque nunca falou sobre isso comigo.

    Aflito, nervoso, e com a cabeça totalmente nas nuvens, eu caminhava de um lado para o outro, dentro da quadra, que estava sendo enfeitada para o baile, contendo poucas pessoas no local. Anthony, Jason, e Christoffer, nenhum deles estava alí, ou atendiam o celular, e eu sequer tinha noção de onde procurar, nós havíamos combinado de saber nossas notas juntos, talvez por isso toda aflição.

Perdido em meus devaneios, fui tomado por uma voz que era, infelizmente, familiar, e eu me perguntei mentalmente o que ele estava fazendo aqui, se não estudava, e então, com ódio já exalando, eu encarei o maldito que vem sendo uma pedra no meu sapato, o diabo em pessoa, ou como muitos preferem chamar: Kenny Marshall.

── Olha só o que temos aqui, o mensageiro do diabo ── minha voz denunciava que a pessoa que eu menos queria ver agora, era ele. ── O que faz aqui afinal? Não deveria estar falando pra morte de quem é o dia de morrer? ── meus passos cessaram, e eu cruzei meus braços na frente do corpo.

── Você é tão mal educado, a sua mãe não te deu educação? ── sua voz sempre me enjoava, eu morreria só para não ter que ouvi-lá. ── Oh sim, e vejo aqui na minha agenda que o seu fim está próximo ── desgraçado.

── Já ouviu falar que vaso ruim não quebra? Veremos quem morre primeiro então ── estava sem paciência, prestes a me retirar do local quando ele segurou em meu braço, me fazendo dar dois passos para trás.

── Você deveria desistir, sabe...do Anthony ── e mais uma vez ele veio colocar o Anthony na conversa. ── É que você é tão bruto, e ele tão doce, são muito diferentes, e por favor não me diga que opostos se atraem, isso claramente não é verdade ──

Puxei meu braço, me soltando dele, e o encarei por alguns segundos, rindo por tamanha audácia dele vir falar essas coisas de novo. Eu estava a um triz de fazer alguma coisa que iria me deixar muito arrependido depois.

── Qual é a sua? Partir corações de meninos inocentes e depois fingir que nada aconteceu? ── em um tom firme, em nenhum momento deixando de olhar para ele. ── Ou você é do tipo que despreza, e quando ver que a pessoa tá feliz, se dando bem, vai lá e tenta tirar isso dela? ── eu tinha citado algo real, pela forma em que sua expressão mudou repentinamente. ── Quer um conselho? Segue a sua vida, o Anthony é MEU namorado, estamos juntos e felizes, nada do que fizer vai separar a gente ──

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