10- Apaixonado

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N/a: passando só pra dar a maravilhosa notícia de que os capítulos divididos em dois povs acabaram!!!
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P.O.V - FÉLIX SALAZAR:

    Segunda-feira, mas que inferno, eu só queria poder azarar os criadores das escolas, não tinha algo mais patético? Mas pela primeira vez em muito tempo, eu estava animado com o fato de ir a escola, não por causa das aulas, e sim por alguém específico que eu sei que vai estar lá. Eu não estou ansioso ou algo do tipo, só um pouquinho animado para ver a pessoa que vem dominando os meus pensamentos nessas últimas horas.

   Por citar ontem, o resto do meu dia desde que eu saí de lá, foi um saco, eu tive que ir no tal coquetel com uns investidores, sei lá, e não rolou nada mais que uma conversa normal, nada de trabalho. Meu pai falou para todos eles que eu iria seguir o mesmo rumo, quando aquilo era mentira, eu não queria ser empresário, todos que me conhecem sabem que eu quero ser jogador profissional de basquete.

  No final daquela reunião patética, ainda fui obrigado a posar pra uma foto ridícula, ao lado do meu pai idiota, e não, eu não estou exagerando, meu pai é a pior pessoa que existe no mundo, e eu estou bastante ansioso para sair, e poder finalmente ir embora daquela casa, para onde? Eu não sei, mas lá eu não ia ficar.

      Desci as escadas apressado, com a minha mochila no ombro, e eu nem ia falar com ninguém, só sair de casa logo, mas como sempre, meu pai me viu e me chamou, veio com todo aquele papinho de que café da manhã é uma refeição importante, e que é hora de ficar com a família.

Sinceramente.

── Bom dia, querido ── Ouvi minha mãe dizer, e apenas ignorei por um tempo, jogando minha mochila ao lado da cadeira que eu iria me sentar.

── Só se for pra você né ── Proferi sem empolgação alguma.

  No momento em que a Nancy -nossa empregada- veio me servir, eu apenas disse que não precisava, me servindo sozinho, o que chocou os dois presentes na mesa. Eu era sempre muito exigente e chato, queria que ela fizesse tudo, e do meu jeito, mas hoje não.

── O que deu em você? ── Agora foi a vez do meu pai, e com a expressão fechada, olhei pra ele.

── Eu tô tentando ser uma pessoa melhor, tá legal? ── Bradei. Eu tinha a capacidade de perder a cabeça tão facilmente, só de estar perto da minha família.

── Você? Por favor, Félix, nenhum Salazar se torna uma pessoa melhor, porque já somos perfeitos o bastante ── Sua risada era sarcástica, e diabólica, invadindo o cômodo.

── Fale por você, Ronan. Agora se me dá licença, eu tenho aula ── Eu sequer toquei no meu café da manhã.

  Peguei minha bolsa, e me levantei, caminhando para a parte de fora da casa, ignorando os chamados irritados do meu pai. Estava sem paciência pra ele agora.

   Eu odiava o fato de ter que parecer calmo perto dele, e por mais que eu nunca conseguisse, ainda sim tentava. Para quê? Eu não sei. Meu pai vive querendo que eu siga os passos dele, que eu seja uma cópia sua, mas se o meu futuro depende de mim, por que eu mesmo não posso escolher o que quero ser? Tem sempre alguém interferindo em tudo que eu faço, dizendo que tá errado, isso às vezes cansa, e chega um determinado momento em que desistimos de tentar.

   Dei a volta no carro, que já estava do lado de fora, e adentrei pela porta do motorista, não esperando mais nenhum segundo para ligar o automóvel, e dirigir para longe daquele lugar.

  O dia estava muito frio, mas por sorte estava de casaco. As ruas ainda estavam molhadas, ontem a noite teve uma tempestade e tanto, e até estava duvidando de que conseguiria chegar na escola, talvez algumas ruas tivessem bloqueadas, por conta dos buracos cobertos pela água, correndo o risco de alguém passar com o carro sem ao menos ver.

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