22- Os demônios de que somos feitos

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ANTHONY BAKER - P.O.V:

   Depois de dois dias tendo o meu pai, a minha mãe, e o Félix no meu pé. Cá estou eu, com a mão na maçaneta da porta do grupo de apoio a mais de cinco minutos. Talvez eu esteja com um pouco de medo de entrar, ainda não sei como me sinto.

Félix está ao meu lado, com uma das mãos em meu ombro, sussurrando que quando eu sair, ele vai estar me esperando aqui. Meus pais não puderam vir, o que foi até bom, eu não queria ouvir todo discurso da minha mãe antes de entrar, o que estava sendo um dos problemas do momento.

── Ei, gatinho...vai dar tudo certo, sabe que vai ── em um tom de voz mais firme, meu namorado me encorajou. ── É só entrar lá, dizer seu nome, e como se sente ──

Inicialmente eu optaria por terapia sozinho, mas de alguma forma, consegui me convencer de que seria bom estar em uma sala com pessoas que passam pelo mesmo que eu, e ouvir o que fazem para que consigam continuar.

── Eu queria que pudesse entrar comigo, e segurar minha mão durante todo esse tempo ── me virando pra ele, e abraçando-o no mesmo instante. ── Não vai embora, por favor ──

── Não tenho mais nada pra fazer, então vou estar aqui a cada segundo, mesmo que não ao seu lado ── me envolvendo com seus braços que agora eram o meu lar. ── Eu amo você ──

── Eu também amo você ── me afastei lentamente, selando nossos lábios mais uma vez, me fazendo perder a conta de quantas vezes foram desde que chegamos aqui, mas estava apenas procrastinando minha entrada. ── Agora eu vou ──

Parte de mim queria muito ir, mas a outra parte queria sair dali direto pra casa do Félix, onde ficaríamos o resto da tarde assistindo algum filme. 

  Adentrei finalmente a sala, chamando a atenção dos que já que estavam presente, e seriam eles, um homem mais velho, e três adolescentes, dois garotos mais ou menos da minha idade, e uma menina, que estava de cabeça baixa, deixando apenas uma mecha do seu cabelo preto a mostra, o resto estava escondido embaixo da sua touca.

**

     O homem já tinha começado a falar algum tempo, e ele contou sobre a sua história, como foi diagnosticado com depressão aos treze anos de idade, e como lutou contra ela durante todos esses anos, foi realmente linda a forma em que ele citou bastante a sua família, como eles o ajudaram em todo processo. Seus pais, seu filho, e sua esposa, foram todos citados com muitos detalhes, eu podia dizer que os conheço o bastante para um almoço de domingo. 

  As pessoas presentes se apresentaram, falando seus nomes, e pelo que estavam passando. Em parte acho que só fizeram isso por mim, todos alí já pareciam ter intimidade o bastante, enquanto eu me encontrava quieto, em silêncio, apenas ouvindo.

── Você aí, o menino de cabelos brancos ── levantei meu olhar ao ouvir o Max falar meu nome, o homem mais velho. ── Se apresenta pra gente ──

Paralisado. Eu me encontrava exatamente assim, talvez por não saber o que dizer, por não saber como agir, o que falar, mas ainda sim, eu me levantei, como todos os outros fizeram, e passei as mãos na calça que eu usava, na tentativa de fazer minhas mãos pararem de suar.

── O-oi, eu me chamo Anthony, tenho dezesseis anos, e fui diagnosticado com depressão quando tinha por volta dos treze ── com uma voz trêmula, eu evitei contato visual com qualquer um alí. 

── E como está lidando com isso Anthony? Tem pessoas te ajudando? ── perguntas. Eu só queria evitar respondê-las, mas faria um esforço pelo que me esperava lá fora.

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