IV

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Esse capítulo ficaria dividido em duas partes, mas acabou ficando a parte 2 muito menor do que a um. Então ficou um cap só!

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A mansão do capo Santini no Complexo possuía três ambientes: o primeiro, central, tinha dois andares – o térreo, onde ficava a sala de estar, de jantar, o grande salão onde ocorriam as festas; além da cozinha e o escritório oficial, espaço em que Vittorio realizava reuniões com os parceiros da parte honesta de seu negócio.

O segundo andar compunha os quartos dos empregados, além de um elevador, que levava a um ambiente que não se conectava com os outros, e pertencia à outra pessoa que vivia na mansão.

À direita do hall de entrada, ficava o segundo ambiente, acessado ao subir um lance de escada, passando por um corredor largo onde havia os quartos do próprio Vittorio, da falecida Irene, e outros aposentos que seriam usados caso eles tivessem filhos.

O terceiro ambiente, à esquerda do hall, só poderia ser acessado também subindo as escadas, porém os degraus ficavam do lado inverso. Também não tinha conexão com o ambiente da direita: era praticamente um anexo, construído quando Vittorio finalmente se tornou o capo e desejava ficar mais isolado, longe dos familiares e principalmente da esposa. Era nesse ambiente que os membros da máfia mais circulavam – havia um escritório que funcionava mais como um bunker, onde Santini conversava com os seus parceiros mais fiéis e também se reunia com os outros capi.

Curiosamente, era o único lugar com algum tipo de ligação com o ambiente central – especificamente o mesmo corredor que terminava no elevador envidraçado. O motivo era porque o percurso, acessado de uma maneira secreta, sabida por apenas três pessoas, era de circulação de Régis Gonçalves e sua filha Mercedes, quando eles passaram a viver dentro da mansão. Quando ambos chegaram ao Complexo, eles moraram em uma casa nos fundos da residência central; mas por causa da relevância do contador dentro da máfia, ele foi convidado – à maneira de Vittorio Santini – para viver na casa principal.

Aquele segundo andar funcionava praticamente como um apartamento, com direito a uma varanda rodeada de flores e plantas e a vista para os fundos do Complexo, incluindo o jardim de inverno, a piscina olímpica e toda a vista da região de Praia do Forte.

Era um local distante de onde se concentraria a ação da noite: a festa planejada por Santini, que deixou toda a organização para Sabina Agnelli - o membro feminino da máfia de maior grau dentro do grupo. Santini gravou na mente as recomendações de Mercedes, e pensou em reconquistar a confiança de outros mafiosos que não gostaram de seu ato: matar Paolo Pastorelli.

- Tenho tanta raiva de ter que abrir meus vinhos e exigir que Marieta e os empregados cozinhassem pra essa gente. Vão comer de graça, esse bando.

- Entendo que não gosta da ideia, mas a proposta da signorina Gonçalves foi bem correta. Mantenha seus inimigos perto, especialmente agora em que você é o alvo.

- Porca miseria. Se eu pudesse, prendia a todos na nossa sala de torturas e arrancava cada fio de cabelo até me dizerem a verdade.

- Essa... Não é uma boa perspectiva.

- Infelizmente. Cazzo.

Um dos capi que aproveitariam a oportunidade para reconquistar a confiança de Vittorio era Marcello Bacchi. Ele não era tolo: precisava manter a tradição das famílias, colocando sua filha mais nova para casar com Vittorio. Carmela, ele sabia, nada tinha a ver com as traições de Irene. Na verdade, a caçula era tão alienada do que ocorria na máfia que muito provavelmente poderia ter ouvido algumas das maquinações da irmã mais velha e mal percebeu.

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