XII

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Estamos chegando ao final do primeiro terço do livro e as coisas ficarão um pouco mais complicadas...

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Os contatos de Bruno Bertinelli trouxeram notícias que surpreenderam Vittorio, apenas uma semana após a última conversa do núcleo duro.

- Saulo Pancetti é um nome... Curioso, eu não conheço ninguém dentro da nossa organização aqui no Brasil que tenha esse sobrenome, então... – Bertinelli coçou a barba por fazer e prosseguiu: - Decidi ir atrás dos dados relacionados à imigração italiana no Brasil, que é bem fácil de encontrar.

"O nome Pancetti não tem relação alguma com membros da organização ou pessoas ligadas à máfia Santini. Na verdade. o primeiro deles apareceu no Brasil na década de 30, vindo da Itália antes da Segunda Guerra Mundial, em busca de dinheiro e recursos. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de biscoitos no interior do Rio de Janeiro, cresceu na carreira, até se tornar diretor executivo desta empresa.

Por volta dos anos 50, o tal Pancetti já tinha seus 50 e poucos anos e se casou com uma mulher chamada Adelaide, que era brasileira. Sete meses depois, eles tiveram um filho chamado Cassiano."

- Se a gente fizer as contas... Sete meses? – especulou Ivan. – Ela casou grávida.

- Essato, Ivan. Não há confirmação, mas o tal Cassiano foi filho prematuro. Eles tiveram outros filhos, todos mulheres – ou seja, somente Cassiano ficou com o sobrenome.

- Um belo dia ele casa e nasceu Saulo Pancetti, mas o que isso tem a ver com a máfia?

- Vittorio... – Giancarlo tentou acalmar a pressa do capo. – Deixe Bruno completar.

O capo dei capi bufou, mas eles prosseguiram:

- Todas as irmãs ficaram no Brasil, mas consegui rastrear a todas, menos uma – Arlinda, creio que ela tenha falecido, mas não encontrei nada sobre onde ela está enterrada. Pois bem, Cassiano casou com uma tal Estela e eles tiveram um filho chamado Saulo. Depois disso?

"Depois disso, meus amigos, a coisa fica confusa, porque aí sim entre o nome Santini. Parece que esse tal de Saulo, quando era criança, sumiu, desapareceu, após alguém tentar comprar a empresa de biscoitos que agora pertencia a Cassiano Pancetti. Só que tentou comprar a empresa era Patricio Santini."

- Mio babbo?

- Patricio Santini? – foi a vez de Giancarlo se surpreender. - Como assim?


A informação foi recebida com surpresa também por Carmela Bacchi, que não disfarçou o choque, exposto pelos lábios entreabertos, ao ouvir a trama pelo pai, que parecia mais empolgado em revelar tudo do que contar uma história chocante.

- Digamos que Patricio Santini sabia exatamente quem eram os Pancetti, especialmente o filho. Ele tinha investigado um boato sobre um Santini que se envolveu com alguém de fora da máfia, e quem faz isso, caso gere herdeiros, deve ser eliminado. Imagina a surpresa dele ao saber que quem fez isso foi seu querido pai, Mauro?

- O quê??? Mauro Santini se envolveu com alguém de fora da máfia?

- Esatto, figlia. Mauro se envolveu com uma brasileira antes de se casar com uma Bacchi. Ele engravidou essa criatura, e tentou matá-la. Não há bastardos entre os Santini.

"Aparentemente a tal mulher, a brasileira Adelaide, percebeu que seria alvo das balas do Santini e fugiu para o interior do Rio de Janeiro, onde conheceu o tal Pancetti e casou com ele. Eu não sei exatamente se Pancetti sabia que ele era corno, mas a história é que ela casou com esse homem e pouco tempo depois nasceu Cassiano, o primeiro filho do poderoso empresário. E que na verdade era filho de mafioso.

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