Glacial

XXIV

Esse capítulo me deu sessão nostalgia... 

(enfim, Vittorio quer ver os inimigos sangrarem) 

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Havia uma guerra sem palavras entre a máfia Santini liderada por Saulo Pancetti e um grupo de colombianos que comandava a região entre Jauá e Arembepe.

De um lado, Saulo e seus parceiros tentavam capturar e cooptar homens associados a esses mesmos colombianos, para que eles se voltassem contra os antigos parceiros e começassem a vender as drogas sob a proteção dos italianos. Do outro, esses mesmos colombianos não estavam gostando nada do aliciamento que era realizado pelo grupo de Saulo, representado naquela negociação por Fabrizio Appia.

Appia e alguns de seus homens se encontravam em uma casa com muros altos em um condomínio fechado nos arredores de Jauá, na estrada pouco antes do pedágio, utilizada por muitas pessoas que passavam pela região a fim de veranear e não queriam pagar pedágio.

A residência estava em festa: muita bebida, drogas, e prostitutas - todas enviadas das boates comandadas por Saulo. O olhar nervoso e amedrontado das jovens que ali estavam sendo forçadas a "entreter" os homens a negociação passava despercebido por todos.

Um dos líderes do tráfico na região, mais conhecido como 38, não parecia muito convencido de que deveria trocar as alianças.

- Por que tu acha que eu vou deixar de ser protegido do gringo que habla e ter parceria com vocês, repassar meus pontos pra vocês cuidarem? Dou 10% dos lucros pro gringo, mas ele me protege, me dá umas armas, me esconde da polícia, e eu garanti até uma viagem pro Caribe com Dona Encrenca.

- Conosco você terá mais do que um pacote de viagens. Você vai pagar uma entrada, mas em troca vai receber uma sociedade. Você terá a liberdade com a porcentagem, pode dar o quanto quiser pra gente. Claro que antes, dando a entrada para o capo dei capi.

38 tomou um gole de whisky, e fitou Fabrizio como se estivesse interessado no que ele tinha a dizer. Fez um gesto com o dedo, lançando-o para frente,, indicando que ele prosseguisse.

- Além disso, você não vai se preocupar com a polícia, a justiça, nem com nada que seja problemático para o seu grupo. Nossa proteção vem de cima, porque quando você faz parte do nosso grupo, faz parte da nostra famiglia.

"Nunca esse brasiliano desdentado faria parte da famiglia!"

- Tô aqui matutando, pensando em teu caso, mas primeiro eu quero testar as gostosas que tu trouxe pra mim. - olhou para o lado, na direção do subordinado, chamado Jesiel.

- Mande todas as putas pro meu quarto lá em cima!

- Espero que fique satisfeito... Elas fazem parte do negócio também. Se quiser, pode levar uma das puttanas. É de graça.

- Pois é, Fabrício... - errou deliberadamente o nome do mafioso, fazendo Appia virar o rosto, sem entender nada. – Vou pegar mulher nenhuma, eu respeito ela, ela é uma santa!

- Mas então por que você está levando todas as puttanas para seu quarto?

- Porque elas não vão ver o que vai acontecer agora.

De repente, 38 encarou o outro subordinado que estava na porta da sala, e ele se deslocou um passo para o lado, mantendo-se em frente à porta quando Fabrizio se virou, estranhando o silêncio na sala. Foi recebido com um tiro na cabeça, morrendo instantaneamente.

Os homens de 38 não foram clementes com o grupo de mafiosos: eles atiraram, metralharam todos os soldados presentes da negociação sem fazer nenhum tipo de esforço ou deixando um deles para uma sessão de tortura a fim de buscar informações.